domingo, 1 de julho de 2012

SCIENTIA X RATIO


       Por Roberto Coutinho Pires 




      Com suas origens no Renascimento, a ciência ganhou mais notoriedade. O empirismo, movimento inspirado nos métodos do filósofo Francis Bacon que vê na observância e experiência os únicos meios credíveis de estudo, tomou o lugar do silogismo aristotélico que até então vigorava como método para construção de conhecimento. Os avanços materiais que a nova ciência moderna concebeu e as novas descobertas que surgiram fizeram o homem entrar em uma espécie de auto-proclamação. A ciência proporcionou o desnudamento matemático dos fenômenos da natureza e fez o homem entender que tenha assumido o centro do palco, inspirando filósofos como Nietzsche a dizer a famosa frase “Deus está morto”.


            Hoje, a ciência ganhou um rótulo divino onde fora dela, segundo a ala desonesta de cientistas, não é mais possível alcançar o entendimento da realidade do universo fora dela. Travestida paradoxalmente de verdade, a ciência tornou-se aquela que dita as regras de uma discussão e dá cartão vermelho a outras formas de obtenção de conhecimento. Não quero aqui refutar o empirismo, pois ele em si mesmo é contraditório, mas deixar uma questão: se uma proposição para ter valor precisa ser verificável, como verificar se esta mesma proposição é digna de crédito? Se o empirismo não retroage para verificar a sua própria credibilidade então se trata de uma verdade. Ademais, o empirismo é uma doutrina fracassada, há muito tempo refutada por limitar a realidade apenas ao que é sensível.


            A arbitrariedade empirista em resumir a realidade ao sensível tornou o próprio método científico incapaz de sequer deduzir a existência ou não de Deus, pois faz parte do próprio método de observância o cientista pôr-se fora do fenômeno e observá-lo aquém do objeto. Deste modo, jamais os métodos do empirismo poderiam estudar Deus, uma vez que Ele não é uma entidade estranha que está fora do universo nos observando. Não é possível reduzir Deus a um objeto onde o cientista estaria o estudado de fora, pois, afirmava o Apóstolo Paulo e concordava o filosofo Schelling, “n’Ele somos, nos movemos e existimos”. Sendo Deus a eternidade, o universo deve estar contido nesta realidade ou nada seria possível existir no passado, no presente ou no futuro. Em suma, não se pode desvincular Deus da realidade, pois Ele é o motor gerador de todas as coisas, logo, a realidade sequer poderia existir sem a sua existência.



            A matéria é a primeira coisa sensível, resumindo a realidade a ela logo tudo não passa deste mundo, importando apenas o progresso material como fim último da humanidade. O Papa Bento XVI, em sua Carta Encíclica Spe Salvi, lembra-nos que podemos perceber como o homem tem tantas esperanças e parece que nenhuma delas o satisfaz completamente, ele argumenta sobre a necessidade de uma esperança que vá mais além da vida material, pois só algo de infinito pode bastar ao homem. O conhecimento apenas do mundo sensível, do mundo material é algo supérfluo, visto que “Sapientis huius saaeculi inimica est Dei” (a sabedoria deste mundo é inimiga de Deus).


            É importante esclarecer que a maior das desonestidades de um cientista é a falta de Prudência Epistemológica. O cientista verdadeiro amigo da razão deve saber que o seu posto não o torna capacitado para debater ou se posicionar diante de assuntos como a existência ou não de Deus.


            É igualmente importante lembrar que a religião, mais especificamente a doutrina católica, não é inimiga da razão, uma vez que isto que vem se desenvolvendo recentemente no mundo é uma pseudociência, como profetizou o Professor Doutor Ricardo Felício ao afirmar que a ciência atual está a serviço de interesses econômicos de engenharia comportamental criada pelo Estado. Ademais, advertiu que em um futuro muito breve o mundo estará pautado em uma norma de conduta completamente autenticada por panoramas pseudocientíficos.
            O Professor Ricardo Felício é um importante climatologista do departamento de geografia da USP. Ele estuda o clima antártico há mais de vinte anos e vem se dedicando a provar que o Aquecimento Global é a maior falácia já criada pela ciência moderna para atender a interesses capitalistas e legitimar produtos que são, hipoteticamente, contra o aquecimento. Além disso, as teorias de mudanças climáticas estão a serviço da ONU que pretende legitimar métodos de controle de natalidade dos mais desumanos possíveis a fim de garantir o chamado “Desenvolvimento Sustentável”.


            O Catecismo da Igreja Católica afirma que Deus pode ser conhecido apenas com o uso da razão, mas adverte que existe uma “ordem de conhecimento que o homem de modo algum pode atingir por suas próprias forças, a da Revelação Divina” (Concílio Vaticano I). Deferente do conhecimento racional, a Revelação Divina é um ato livre em que Deus se revela ao homem tornando-o capaz de conhecê-lo e realizar a sua vontade, por consequência disto. A Revelação Divina é a revelação de Deus consequência da resposta do homem, com a fé, ao chamado de Deus: Deus chama o homem a conhecê-lo e segui-lo, o homem responde com a fé e Deus revela-se.


            O filósofo e teólogo Santo Agostinho de Hipona argumenta que a natureza trina de Deus é uma Revelação Divina. É por isso que os apóstolos confessam Jesus como “o Verbo” que “no início estava junto de Deus” e que “é Deus” (CIC 241). As Pessoas da Santíssima Trindade não são “três deuses, mas um só Deus em três Pessoas: a Trindade Consubstancial” (Concílio de Constantinopla II). O Catecismo da Igreja ainda afirma que o Espírito está no Filho como também está no Pai e as três Pessoas são o mesmo Deus, mas a missão do Pai de Criador de todas as coisas, A missão do Filho de Salvador da humanidade e Verbo do Pai, e a missão do Espírito Santo de santificar o homem é que determinam as propriedades das Pessoas da Trindade.


            Todos os conhecimentos sobre a natureza de Deus que foram citados do Catecismo da Igreja Católica nos parágrafos antecedentes não são alcançáveis apenas pela razão humana o que evidencia a insuficiência da razão pura em entender Deus e a impossibilidade diante de paradigmas arbitrários como o empirismo. Terminando esse artigo com um apelo, eu diria: fujam de patentes científicas para explicar Deus, pois, como visto, isto é impossível sob os moldes da ciência e seus métodos experimentais. Enquanto termino esse texto existe uma multidão de cientistas falando do alto de suas cátedras acadêmicas, posado de intelectuais possantes a tecer ponderações científicas para tornar Deus um mito. Esses, por sua vez, estão adquirindo uma horda implacável de seguidores a espalhar falácias descabidas com tom de razão, porque como bem pontuou Otto Maria Carpeaux, em seu magnum opus “História da Literatura Ocidental”, “na vida, os malandros, os hipócritas e os astutos têm razão”.

O CÉU EXULTA E A TERRA ACLAMA AO IMPONENTE APASCENTADOR DAS OVELHAS DE CRISTO

Por Thiago Menezes


         

        Caríssimos irmãos hoje a Igreja peregrina faz memória litúrgica a Pedro, Apóstolo de Cristo. Para honrá-lo, preparei esse modesto artigo com base nas Sagradas Escrituras e os ensinamentos da Santa Igreja, o chamado e o Primado de Pedro.


            Na Galiléia, num povoado chamado Betsaida, localizado às margens do Mar de Tiberíades, morava Pedro, cujo nome primariamente era Simão, um simples pescador, que tinha uma pequena frota de barcos junto com seu irmão André. Ali mesmo, no Mar de Tiberíades, exercia sua profissão para manter o sustento de sua família. Simão apresentava um temperamento forte, impulsivo, porém era um homem dadivoso, generoso e afável.  No entanto, não foi essa a designação da vontade de Deus para a vida de Pedro, pois, com eloqüência, Jesus diz a Pedro: “Não Tenhas medo! De Hoje em diante tu serás pescador de homens” (Lucas 5,10).


            Deixar tudo, casa, família, mulher, filhos é uma resposta imensurável de amor à nobre missão designada por Deus; é mergulhar nas profundezas imperscrutáveis do Amor de Deus, no infinito de sua Misericórdia. E foi exatamente isso o que Pedro fez ao receber o chamado de Jesus: ele abraçou essa causa sem entendê-la por completo, pois, assim como nós em muitas vezes, Pedro também não sabia o porquê do seu chamado, apenas confiou e seguiu o seu Mestre.  “Então levaram as barcas para as margens, deixaram tudo e seguiram a Jesus” (Lucas 5,11).  Eis que Nosso Senhor o chama para lançar as redes nas águas mais profundas (cf. Lucas 5,4), começando aí a missão de Pedro, aquele que é o pilar mais perceptível da Fé Cristã.


            Nas Sagradas Escrituras, Pedro é o Apostolo mais citado, já que lhe faz referências 114 passagens dos Evangelhos e 57 dos Atos dos Apóstolos.  Ele é o primeiro dos Apóstolos a ser nomeado dentre os Doze.  (cf. Mt 10, 12; Mc 3, 16; Lc 6, 14; At 1,13) . É necessário entender que Pedro era a pessoa chave no grupo dos Doze, por isso, em diversas ocasiões, Jesus o diferencia com alguns favores específicos, os quais tentarei detalhá-los a seguir.


            Pedro foi o primeiro dos Apóstolos a confessar a Divindade de Cristo (cf. Mt 16, 16), sendo o único dos Doze que recebeu o nome Pedra, solenemente conferido  (cf. Jo 1, 42; Mt 16, 18). Pela fé, Simão é transformado em rochedo, pedra e aqui está o fundamento da sua vocação: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16, 18), e Tu por tua vez confirmará teus irmãos  (Lucas 22, 32).  Jesus edifica sobre a confissão de Fé Petrina a sua Igreja, confirmando-o no múnus de Chefe e de Autoridade Suprema: “Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na Terra será ligado no Céu, e o que vocês desligar na Terra será desligado no Céu” (Mt 16 19).  Cristo ensinou-lhe o seu papel: o de servir e confirmar os seus irmãos na fé, apascentando as ovelhas de Deus no “Reino de Cristo já presente em mistério”: a Igreja  (Cf. Lumen Gentium 3).


            “Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: ‘Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros?’ Pedro respondeu: ‘Sim, Senhor tu sabes que eu te amo’. Jesus disse: ‘Cuide dos meus cordeiros’. Jesus perguntou de novo a Pedro: ‘Simão, filho de João, você me ama?’. Pedro respondeu: ‘Sim, Senhor tu sabes que te eu amo’. Jesus disse: ‘Tome conta das minhas ovelhas’. Pela terceira vez, Jesus perguntou a Pedro: ‘Simão, filho de João você me ama?’. Então, Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou pela terceira vez se ele o amava. Disse a Jesus: ‘Senhor, tu conheces tudo, e sabes que eu te amo’. Disse Jesus: ‘Cuide das minhas ovelhas’” (Jo 21,15-17). Somente a Pedro e a mais ninguém é confiado o pastoreio das ovelhas e dos cordeiros, sendo que três vezes Pedro confirma a Nosso Senhor o seu pedido, dizendo que o ama.


            O primado de Pedro é perceptível também após a Ascensão de Cristo, como no dia de Pentecostes: ele é o primeiro a pregar (cf. At 2, 14-36). Pedro é aquele também que realiza o primeiro milagre da Igreja Apostólica, curando um aleijado (cf. At 3, 6-12); a ressuscitar alguém depois de Cristo (cf. At 9, 40). É Pedro ainda quem escolhe e preside a escolha de Matias para o lugar de Judas (cf. At 1, 15-25) e dignamente exerce sua liderança no Concílio de Jerusalém:  “Depois de uma longa discussão: Pedro levantou-se e falou: ‘Irmãos, vocês sabem que, desde os primeiros dias, Deus me escolheu no meio de vocês, para que os pagãos ouvissem de minha boca a Palavra de Deus’” (At 15, 7).


            É inegável que Jesus fundou apenas uma Igreja, sendo esta edificada sobre o Apóstolo Pedro, ao qual Ele confiou o pastoreio. Essa comunidade – Igreja – é formada sob a configuração visível da Salvação humana, cujo seu Pastor é Pedro, sendo que este mesmo exerceu o seu primado em Roma, cidade chamada de Babilônia na época. Foi ali que Pedro escreveu a sua primeira epístola aos cristãos. (cf. 1 Pedro 5,13), Debaixo de perseguição cruenta causada pelo Império Romano, Pedro foi morto numa Cruz de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer como o seu Senhor, como nos mostra os relatos dos primeiros padres da Igreja: Orígenes (185-253): “Pedro, ao ser martirizado em Roma, pediu que fosse crucificado de cabeça para baixo”; Tertuliano de Cartago (202): “A Igreja foi construída sobre Pedro”; Santo Ambrósio (340-397): "Onde há Pedro, aí há a Igreja de Jesus Cristo".


            São Pedro entendeu que a verdadeira felicidade não está nas coisas secundárias e passageiras dessa vida, e que, mesmo na ausência de tudo, na renúncia, Jesus caminha conosco, e isso basta! E quando o plano Divino é realizado em nossa vida, somos realizados com a Verdadeira Felicidade, a mesma que ninguém nos pode tirar! Entendamos, irmãos, que, a exemplo de São Pedro, toda vocação tem como base e rocha o amor e a doação por completo ao Senhor, só dessa maneira é que mergulharemos nesse tão grande mistério, confiantes e esperançados que um dia após esta peregrinação, como o Príncipe dos Apóstolos, alcançaremos o Reino dos Céus.


            São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, Rogai por Nós!