sexta-feira, 14 de junho de 2013

A GLÓRIA DE CRISTO E O SEU JULGAMENTO


Queridos irmãos,

Na caminhada do Ano da Fé, refletindo sobre o Credo da Santa Igreja Católica, destrinchado ultimamente em nossos artigos, pretendemos tratar nesta ocasião das realidades escatológicas, dos Novíssimos, ou seja, do nosso fim último, iniciado pela morte. Para isto, abordaremos o sexto e o sétimo artigos da Profissão de Fé Católica: “Está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso; donde há de vir julgar os vivos e os mortos” (Símbolo dos Apóstolos); ou como igualmente explicita o símbolo Niceno-constantinopolitano: “Onde está sentado à direita do Pai; e de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim”. Iniciaremos a nosso tirocínio, tomando como ponto de partida a Ascensão de Jesus, a sua subida ao céu. É deste evento igualmente pascal que começa para o homem um olhar de esperança: o Senhor Jesus Cristo subiu; mas ele retornará para julgar-nos e levar-nos, se merecermos, a Si.
O sexto artigo do Credo – “Está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso” – ensina-nos que Jesus, quarenta dias depois da sua ressurreição, na presença dos seus discípulos, subiu por Si mesmo ao Céu e que sendo, enquanto Deus, igual ao Pai Eterno na Glória, enquanto homem, foi elevado acima de todos os Anjos e de todos os Santos, e constituído Senhor de todas as coisas. No entanto, é sabido por nós que Jesus Cristo, depois da sua ressurreição, esteve quarenta dias na terra, antes de subir ao Céu, para provar, com várias aparições, que ressuscitara verdadeiramente, ao mesmo tempo em que instruía melhor os Apóstolos, confirmando-os nas verdades da fé.
Mas, por que Jesus Cristo subiu ao Céu? Primeiramente, para tomar posse do seu Reino, que havia merecido com sua morte. Depois, para preparar o nosso lugar na glória, e para ser nosso Mediador e Advogado junto do Pai Eterno. Por fim, para enviar o Espírito Santo aos seus Apóstolos.
O Senhor subiu aos céus; ascendeu. Este verbo ‘ascender’ é proveniente do latim, ascendere, subir com as suas próprias forças, sem intermediários. Jesus assim o faz porque é Deus e Homem. Por virtude própria, ele vai se elevando e assume o seu lugar de Senhor, retomando o seu trono de glória, existente desde toda a eternidade, mas deixado pelo evento de sua encarnação. Ascensão difere de assunção. O Cristo ascendeu aos céus; Maria não. Ela, como criatura, foi assunta, foi elevada pelos anjos, embora sendo a mais digna de todas as obras de Deus. Ela nunca teve este poder pertencente unicamente a Deus, o de adentrar por si só na glória celestial.
O Senhor subiu aos céus e assumiu o seu trono de glória, sentando-se à direita de Deus Pai. Estas palavras significam a posse pacífica que Jesus Cristo tem da sua Glória. Está à direita de Deus Pai todo-poderoso exprime que Ele tem o lugar de honra sobre todas as criaturas. A esperança de sua volta anima os cristãos. Jesus não voltará para causar-nos terror. O dito popular diz que ‘quem não deve não teme’, se nós estamos quites com Deus, por que temer a sua volta? Não dizemos em todas as missas: “Anunciamos, Senhor, a vossa Morte e proclamamos a vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”? Subentende-se com isto que desejamos ardentemente que ele volte. Mas, se lhe devemos algo por estarmos em situação de pecado...
O Senhor subiu aos céus, assumiu o seu trono de glória, mas virá novamente, não como da primeira vez, quando da encarnação, no silêncio, na docilidade e singeleza de uma criança, mas envolvido em sua glória, em seu esplendor. Esta é a verdade de fé que o sétimo artigo do Credo professa. Virá esplendorosamente em um dia tremendo e glorioso para julgar os vivos e os mortos. Ressuscitar-nos-á e julgar-nos-á: “Os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados” (Jo 5,29). Os Novíssimos ensinados pela Igreja são morte, juízo, Inferno e Paraíso. O juízo está aí; integra-se aos Novíssimos pregados pela Esposa de Cristo, a Mãe e Mestra Católica como um meio para se alcançar o Céu ou não. Imediatamente quando morrermos, caríssimos irmãos, adentraremos no juízo particular, ou seja, prestaremos contas a Deus de tudo quanto fizemos nesta terra. Será uma espécie de ‘acerto’ de nossa parte. Deus não nos julgará arbitrariamente, mas serão as nossas ações os nossos acusadores ou defensores. Mediante este julgamento, seremos encaminhados para o Céu, o Purgatório ou para o Inferno. Entendamos por Céu a vida em comunhão definitiva com Jesus; a bem-aventurança e a felicidade eterna de ver a Deus e estar junto dele. O Purgatório, por sua vez, significa que há pessoas que, no dia de sua morte, ainda não estão preparadas para um encontro com Deus e uma plena comunhão com ele. Nós acreditamos que Deus, em sua misericórdia, os purifica e lhes dá o perdão para que entrem, posteriormente, no Paraíso, no Céu. Ele prepara-os para esse encontro. Daí a importância de rezarmos pelos mortos, principalmente intercedendo pelas almas do Purgatório. Por Inferno, entendamos a exclusão definitiva da comunhão com Jesus, a infelicidade e a miséria dos que se separaram voluntariamente de Deus. Por isso, o Inferno ser tido como um estado de alma de tormentos e de sofrimentos. Um estado irreversível.
O sétimo artigo do Credo ensina-nos que no fim do mundo Jesus Cristo, cheio de glória e de majestade, há de vir do Céu para julgar todos os homens, bons e maus, e para dar a cada um o prêmio ou o castigo que tiver merecido. Podemos questionar-nos: Se cada um, logo depois da morte, há de ser julgado por Jesus Cristo no juízo particular, por que havemos de ser julgados todos no Juízo universal? Isso acontecerá por várias razões: primeiramente, para glória de Deus; depois, para glória dos Santos, que alcançaram o Céu por uma vida de amizade com Deus; para confusão dos maus, que conquistaram a sua própria condenação; finalmente, para que o corpo, depois da ressurreição universal, tenha juntamente com a alma a sua sentença de prêmio ou de castigo.
No Juízo universal, há de manifestar-se a glória de Deus, porque todos hão de reconhecer, transparentemente, a justiça com que ele governa o mundo, embora se vejam às vezes na presente realidade que os bons estão a sofrer e os maus em prosperidade. Sendo um único Deus com o Pai e o Espírito Santo, no Juízo universal também há de manifestar-se a glória de Jesus Cristo, porque, tendo Ele sido injustamente condenado pelos homens, aparecerá à face do mundo inteiro como Juiz supremo de todos. Dissemos, amparados pela sã doutrina da Mãe e Mestra ‘Senhora’ Católica, que no Juízo universal há de manifestar-se a glória dos Santos, porque, tendo sido muitos deles desprezados e mortos pelos maus, hão de ser glorificados em presença de todos os homens. No Juízo universal, a confusão dos maus será enorme, especialmente aqueles que oprimiram os justos, e aqueles que, durante a vida, procuraram ser tidos, falsamente, por homens virtuosos e bons, pois verão manifestados, à vista de todos, os pecados que cometeram, ainda que ocultamente.
Queridos irmãos, peçamos, a Cristo Jesus Nosso Senhor, o Justo Juiz, que possamos, mergulhados e comprometido na fé e com a fé da Igreja, instruídos por ela, esperar ansiosamente a sua vinda gloriosa e benditíssima, a fim de que ele nos encontre atentos e preparados para, juntos com ele, reinarmos no Céu, onde habitaremos no coração de Deus.  Que nos afastemos das tentações, com a força do Espírito de Deus e assim não seremos arrastados para a perdição eterna, o temido e indesejado Inferno. Que os Santos, nossos percussores na Pátria Celeste, intercedam por nós e nos ajudem com os seus exemplos!