Queridos leitores,
Agradeço a atenção de vocês!
Seminarista Everson Fontes Fonseca
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Estes dias, estamos com muitas atividades em nosso seminário. O tempo está muito reduzido: é o final do semestre. Por isso, para não perder o contato com vocês, ainda sob a influência do mês de Maria, publico a seguinte postagem.
Agradeço a atenção de vocês!
Seminarista Everson Fontes Fonseca
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A Virgem Maria era profundamente
conhecedora da Palavra de Deus. Não somente porque o Verbo, na plenitude dos
tempos, se fez carne em seu ventre benditíssimo quando da anunciação de Gabriel
e da sua concepção como obra do Espírito Santo; antes mesmo do evento da
embaixada do Anjo e consequente encarnação de Deus, Maria já refletia em seu
coração as Escrituras ensinadas em seu lar pelo seu venerável pai, São Joaquim,
já que às mulheres não era permitida a inserção na sinagoga, e lhes eram privados
os acessos diretos às Leis e a Profecias, bem como ao lugar reservado do
Templo. Assim, somente os homens tinham tais benesses e tinham por religiosa
obrigação a transmissão da Palavra e dos Mandamentos de Deus à sua casa,
fazendo jus à ordem dada por Moisés: “Tu os inculcarás a teus filhos, e deles
falarás, seja sentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te deitares e
ao te levantares” (Dt 6,7). Neste sentido, porque Maria, já desde a tenra idade,
ter sempre meditado a Palavra de Deus, Santo Agostinho afirma: Maria fez plenamente a vontade do Pai e
por isso é mais para Maria ter sido discípula de Cristo do que Mãe de Cristo (Sermões, 5, 7). A observância de Maria às Escrituras e aos
sinais de Deus não para aí, pois toda a sua vida será regrada pela constante
aludida por São Lucas: “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no
seu coração” (Lc 2,19). Com estas linhas, queremos, através do Magnificat, o
Cântico de Maria, ponderar a solicitude da Virgem para com a Palavra de Deus,
transparecendo-a com a sua vida em estreita com o que ela cria e rezava.
Ao visitar a sua prima
Isabel, grávida de João, o precursor, Maria, a “Plena de Graça”, prenhe no
coração e no ventre do Verbo, prorrompe em um louvor eminente, quiçá o maior
dentre as criaturas já apresentado pela Bíblia. Poderíamos considerar o
Magnificat como um compêndio de toda a esperança teológica de Israel. O Cântico
de Maria reflete a missão do Messias diante da expectativa dos povos, inclusive
dos judeus. Inspirada pelo Espírito Santo, de quem é cheia e de quem gera
virginalmente, Maria percorre intencionalmente a toda Lei e as Profecias
(inclusive o saltério), sintetizado-as em seu bradar. E com propriedade, já que
fisicamente porta em seu interior a Palavra de Deus, por meio da qual tudo foi
feito (cf. Jo 1,3). Em linhas gerais, poderíamos afirmar que o Cântico de Maria
é a litania brotada de tantos, marcados pela pequenez e pelo espírito de
expectativa pela vinda do Messias, em especial dos pobres (anawin). Assim, Maria profetiza que Deus, ao fazer homem, assume o
partido dos pequenos, e realiza uma transformação histórica, invertendo a ordem
social: os ricos e poderosos são depostos e despojados; os pobres e oprimidos
são libertos e assumem a direção dessa nova história. Logo, este hino canta a
gratidão pessoal da Mãe de Jesus, depois a de todo o povo de Deus, pelo
cumprimento das promessas da Aliança.
Estruturalmente, os
exegetas veem no Magnificat uma semelhança com o Cântico de Ana (cf. 1Sm
2,11-10), porém com uma originalidade peculiar, pois ela não para aí, mas
testifica profecias e o saltério, tal como anteriormente aludíamos.
Estabelecemos a seguir
uma ponte entre o Magnificat e as passagens inspiradoras, de cujas referências,
a Virgem parece ter recorrido:
“E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor,
meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador” (Lc 1,46-47); “Ana pronunciou esta prece: Exulta o meu
coração no Senhor, nele se eleva a minha força; a minha boca desafia os meus
adversários, porque me alegro na vossa salvação” (1Sm 2,1); “Então a minha alma
exultará no Senhor, e se alegrará pelo seu auxílio” (Sl 34,9).
“Porque olhou para sua pobre serva. Por isto,
desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lc 1,48); “E fez um voto, dizendo: Senhor dos
exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição de vossa serva, e vos
lembrardes de mim; se não vos esquecerdes de vossa escrava e lhe derdes um
filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida, e a
navalha não passará pela sua cabeça” (1Sm 1,11); “Sim, excelso é o Senhor, mas
olha os pequeninos, enquanto seu olhar perscruta os soberbos” (Sl 137,6).
“Porque realizou em mim maravilhas aquele que é
poderoso e cujo nome é Santo” (Lc 1,49); “Enviou a seu povo a redenção, concluiu com ele uma aliança eterna.
Santo e venerável é o seu nome” (Sl 110,9); “Sim, o Senhor fez por nós grandes
coisas; ficamos exultantes de alegria!” (Sl 125,3).
“Sua misericórdia se estende, de geração em
geração, sobre os que o temem” (Lc 1,50); “Faço aliança contigo e com tua posteridade, uma aliança eterna, de
geração em geração, para que eu seja o teu Deus e o Deus de tua posteridade”
(Gn 17,7); “Mas uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me
amam e guardam os meus mandamentos” (Ex 20,6).
“Manifestou o poder do seu braço: desconcertou
os corações dos soberbos” (Lc 1,51); “O Senhor descobre seu braço santo aos olhares das nações, e todos os
confins da terra verão o triunfo de nosso Deus” (Is 52,10).
“Derrubou do trono os poderosos e exaltou os
humildes” (Lc 1,52); “Quebra-se
o arco dos fortes, enquanto os fracos se revestem de vigor […]Levanta do pó o
mendigo, do esterco retira o indigente, para fazê-los sentar-se entre os nobres
e outorgar-lhes um trono de honra, porque do Senhor são as colunas da terra.
Sobre elas estabeleceu o mundo” (1Sm 2,4.8); “Exalta os humildes, e dá nova alegria
aos que estão de luto” (Jó 5,11).
“Saciou de bens os indigentes e despediu de
mãos vazias os ricos” (Lc 1,53);
“Os abastados se assalariam para ganharem o que comer, enquanto os famintos são
saciados. Sete vezes dá à luz a estéril, enquanto a mãe de numerosos filhos
enlanguesce. O Senhor dá a morte e a vida, faz descer à habitação dos mortos e
de lá voltar” (1Sm 2,5-6).
“Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua
misericórdia” (Lc 1,54); “Naquele
tempo - oráculo do Senhor - serei o Deus de todas as tribos de Israel, e elas
constituirão o meu povo […] De longe me aparecia o Senhor: amo-te com eterno
amor, e por isso a ti estendi o meu favor” (Jr 31,1.3); “Lembrou-se de sua
bondade e de sua fidelidade em favor da casa de Israel. Os confins da terra
puderam ver a salvação de nosso Deus” (Sl 97,3).
“Conforme prometera a nossos pais, em favor de
Abraão e sua posteridade, para sempre” (Lc 1,55); “O Senhor fez a Davi um juramento, de que não
há de se retratar: Colocarei em teu trono um descendente de tua raça” (Sl
131,11).
Ao contemplarmos este
brado profético de louvor emanado dos lábios e do interior da Virgem Santa,
Mulher atenta à Palavra do Senhor, somos invitados, a partir do seu exemplo, a
um olhar de esperança, na certeza de que a providência de Deus age, inclusive
quando estamos no charco de nossa miséria, muito embora Maria Santíssima fosse
imaculada e, “ab aeterno”, fosse
grande aos olhos do Criador que a cumulou de tantas graças em previsão dos
méritos de Cristo. Que a intercessão materna da Senhora de Nazaré sempre nos
auxilie.
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