sexta-feira, 1 de junho de 2012

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE


(Ano B – 03 de junho de 2012)



I Leitura: Dt 4,32-34.39-40
Salmo Responsorial: Sl 32(33),4-5.6.9.18-19.20.22 (R/. 12b)
II Leitura: Rm 8,14-17
Evangelho: Mt 28,16-20 (Despedida na Galileia)



Queridos irmãos,



Hoje celebramos, após o Domingo de Pentecostes, a Solenidade da Santíssima Trindade. Muito embora a Páscoa já tenha sido encerrada no domingo passado com o hoje teológico do Pentecostes, a solenidade da Santíssima Trindade, quanto a sua data, depende de todo o caminhar temporal da Páscoa. Hoje a Igreja reflete acerca da essência trinitária de Deus: uma Única e Suprema divindade em Três Pessoas. Esta é a primeira de três solenidades conseguintes, já que, na próxima quinta-feira, toda a Igreja celebra a Solenidade de Corpus Christi; e, na sexta-feira da semana seguinte, a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Cada uma destas três datas litúrgicas possui uma evidência peculiar, já que elas pretendem abarcar todo mistério da vida cristã da salvação, sintetizando, de certa maneira, a revelação de Jesus Cristo, da sua encarnação à morte, ressurreição, ascensão, bem como à doação do Espírito Santo. A solenidade de hoje nos convida à contemplação de um “céu aberto”, depois de uma revelação paulatina, mas profunda, de cada uma das Pessoas Trinitárias, inserindo-nos, com o olhar da fé, no mistério de um Deus, Uno na substância e Trino nas Pessoas.


A Oração de Coleta inicia apresentando-nos o Pai como o remetente da missão do Filho e do Espírito Santo: "Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que, professando a verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade onipotente". O Pai envia em missão o Filho e o Espírito com a finalidade de revelar ao mundo o seu “inefável mistério”. Mas, por que o Pai tem esta atitude? O Evangelho segundo São João é uma chave de resposta: “Deus tanto amou o mundo, que deu seu Filho Unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). É porque nos ama. É para que nos salvemos que Deus se revela. Porém, ao revelar sua glória Trinitária e Unidade onipotente, Deus nos vocaciona para o seio desta “Comunidade de Amor”, onde o Pai ama eternamente o Filho, o Amante Divino ao Eterno Amado (cf. Mt 3, 17; 17, 4; Mc 1, 11; 9, 7; Lc 9, 35; Jo 5, 20; Cl 1, 13; 2Pd 1, 17), ao tempo em que o Eterno Amado corresponde ao sentimento do Pai amando-o, fazendo inteiramente a sua vontade. Deste inesgotável intercâmbio, eis o Espírito Santo, o Amor, promotor desta relação misteriosa, porque é divina. É ainda vontade do Pai que a criatura humana seja inserida pelo Filho nesta “Comunidade”, embora pelo que, por nós mesmos, não tenhamos nada a acrescentar nesta sublime relação intratrinitária. Somos filhos pelo Filho, a salvação nada mais é do que este habitar eternamente no seio de Deus, Uno e Trino. Aí se encontra a plenitude da vida.


Na economia das Pessoas Trinitárias, Deus se revela. E, na plenitude dos tempos, encarna-se. Pela encarnação do Verbo não somos mais prejudicados pela visão da glória da divindade: Ele se abaixa à nossa condição, faz-se um de nós: Kénosis. Somente assim, contemplamos o seu rosto. Jesus é o rosto humano de Deus, como bem afirmara o Beato João Paulo II. É pelo conjunto kenótico (Encarnação, Vida, Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão) de Jesus, Deus Encarnado, que o homem é divinizado. Logo, o ser humano passa a ver Deus, herda a sua glória, co-habitando na Trindade. Mais do que Moisés, que vê o Senhor apenas pelas costas, pela vinda do Filho, vemos Deus por inteiro, tornamo-nos herdeiros de Deus.


Que o Amor trinitário (o Espírito Divino) nos invada e nos conduza à comunhão com a Trindade Santíssima, para que, desde já, nesta terra de exílio rumo à Pátria Definitiva nos irmanemos na comunidade cristã, imitando, com afinco, a doçura e harmonia das Pessoas Trinitárias.

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