Por Thiago Menezes Santos
Caríssimos
e estimados irmãos em Cristo Jesus,
No
dia de hoje, a Igreja peregrina, através da piedade popular, sempre unida à
liturgia Celeste com a coroação da Virgem Maria, nossa Mãe e Mestra. Por isso,
nosso coração se rejubila de alegria no Senhor neste dia, pois Deus a elevou ao
mais alto dos Céus e a coroou Rainha, como figura-nos o livro do Apocalipse, no
capítulo 12. Amemo-la e sirvamo-la com a consciência, dignidade e merecimento
que a Mãe de Deus merece, tirando como belo e piedoso exemplo o do Papa São Pio
X que, fazendo referência à Coroação de Maria por meio da sua encíclica Ad Diem illum Latissinum, com eloquência
nos diz: “Todos sabem que a Mulher representava a Virgem Maria... Portanto João
viu a Santíssima Mãe de Deus já na eterna felicidade, mas em trabalho de parto
misterioso. Que parto era esse? Com certeza, era o nascimento de nós que, no
exílio, ainda devemos ser gerados para a perfeita caridade de Deus e para a
felicidade eterna”.
“Apareceu no Céu um grande sinal:
uma Mulher revestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma
coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava em dores, sentindo angústias
de dar à luz. Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as
nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu filho foi arrebatado para junto de
Deus e do seu trono” (Ap 12, 1-2, 5). São João fez questão de
colocar esta palavra “Mulher”. Esta palavra não é meramente usada por ele para
mencionar esta. João, ao chama-la Mulher, faz referência ao livro do Genesis
3,15 e a hora da crucificação de Jesus Cristo, onde o mesmo apóstolo, uma vez
mais, utiliza a mesma palavra “Mulher”.
Interessante observarmos que o Genesis 3,15 é a
profecia de uma Mulher que pisaria na cabeça da serpente, e Eva foi incapaz de
realizar esse feito, pois ela desobedeceu a Deus, sendo assim, quem seria esta
Mulher? Jesus retoma esta passagem quando o Evangelho diz: “Mulher, eis aí teu filho”; filho, “eis ai tua mãe”... (João 19,
26-27). Portanto, Maria, Mãe do Filho de Deus, é a Mulher do Gênesis ao
Apocalipse.
No
capítulo 12 do Apocalipse de São João, Nossa Senhora aparece prefigurada no Céu
de forma magnífica, revestida da Glória resplandecente da eternidade, que
brilhava como sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, mostrando a sua grandeza
diante da humanidade e sua pequenez diante de Deus. Porém uma coisa nos chama
atenção: Ela usava uma coroa de doze estrelas. Intrigante, pois nos fica um
questionamento, quem usa uma coroa se não uma Rainha? Notemos então, que em sua
coroa existem doze estrelas, o mesmo número dos apóstolos de Jesus, e das doze
tribos de Israel, representando os cristãos que ela acolheu como filhos na
Terra.
Pio
XII cita ainda uma belíssima passagem da bula "Ineffabilis Deus" da proclamação do dogma da Imaculada
Conceição: "Deus fez a maravilha de enriquecê-la, acima de todos os anjos
e santos, de tal abundância de todas as graças celestiais hauridas dos tesouros
da divindade, que ela - imune de toda a mancha do pecado e toda bela -
apresenta tal plenitude de inocência e santidade, que não se pode conceber
maior abaixo de Deus, nem ninguém a pode compreender plenamente senão
Deus". Foi a humildade de Maria que a elevou ao mais alto dos Céus. Ela
não só escutou, ela acolheu e viveu com santidade a Palavra de Deus. Antes de
tudo, Maria é Serva e Humilde. “Ele
realiza proezas com seu braço: e eleva os humildes” (Lc 1,51-22).
Porém,
Maria tem um inimigo que vem desde a Criação, a serpente que ainda continua com
sua inimizade no Apocalipse: “Depois
apareceu no Céu outro sinal no Céu: um grande Dragão Vermelho, com sete cabeças
e dez chifres, e nas cabeças sete coroas. Varria com sua cauda uma terça parte
das estrelas do Céu, e as atirou a terra. Esse dragão deteve-se diante da
Mulher que estava para dar a luz, a fim de que, quando ela desse a luz, lhe
devorasse o filho” (Ap 12, 3-4). O dragão, o qual João tem a visão, é
Lúcifer que também é chamado de serpente, ele enganou a terça parte dos anjos
que estavam com ele nos Céu e esses anjos caíram com ele sobre a terra. O
dragão queria devorar o filho da Mulher, mas o filho foi levado para junto de
Deus. Interessante observamos que João faz referência à perseguição que Herodes
fez a Jesus quando Ele era criança.
Quando
Cristo foi morto na Cruz, aconteceu a Redenção da humanidade. Foi a entrega de
Jesus como Cordeiro sacrifical perfeito que redimiu e libertou a humanidade das
mãos da serpente. Ali, aconteceu a derrota de Satanás na terra. Lembremos-nos
de um dito que traduz esta realidade: “o diabo foge da cruz”, pois as trevas
estremeceram quando Cristo foi crucificado e morto. Logo, o dragão é derrotado
na terra pela entrega de Jesus e pela obediência de Maria.
O
Papa Pio XII vai nos dizer ainda: “ela se ofereceu no Calvário ao Eterno Pai,
sacrificando seu amor de mãe em benefício de toda a humanidade manchada pelo
pecado”. Por isso, assim como Jesus é Rei, não só por ser o Filho de Deus, mas
também por ser o nosso Redentor, assim, pode-se afirmar que Maria é Rainha, não
só por ser a Mãe de Deus, mas também porque associou-se a Cristo na redenção do
gênero humano.
“Houve uma batalha no
Céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O dragão e seus anjos
travaram combate. Mas não prevaleceram. E já não houve lugar no Céu para eles.
Foi então precipitado o grande dragão, que é a primitiva serpente, chamado de
Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado a terra, e com
ele os seus anjos” (Ap. 12, 7-9). Satanás foi derrotado
nos Céus por São Miguel e a milícia celeste, em seguida ele é expulso e cai
sobre a terra, onde este também é derrotado por Jesus e Maria, logo ele se
enche de raiva contra a “Mulher” que deu a luz ao Redentor e começa a
persegui-la. A Rainha dos Céus aparece nos versículos 13 e 14 sendo perseguida
pelo autor do Mal, porém Deus a protegeu. Hoje, a fúria de Satanás contra Maria
é anunciada através das calúnias contra Ela, e contra a sua realeza celeste.
Cheio
de raiva por causa da Mulher, o dragão começou a fazer então a atacar o resto
dos filhos dela, os que obedecem aos mandamentos de Deus e mantêm o testemunho
de Jesus (cf. Ap 12, 17). “Satanás sabe que foi derrotado, que ele não tem
chance de vitória, pois Jesus já o venceu e lhe resta pouco tempo. A derrota de
Satanás aconteceu na Cruz de Cristo. E por que continuamos lutando se já
vencemos? Satanás quer nos colocar no lugar dele de derrota. O problema é que
ele é mentiroso, faz propaganda enganosa, nos promete o paraíso, mas o que vemos
é o inferno, ele nos seduz e caímos na dele, vamos atrás do paraíso e já
começamos a viver o inferno na terra. Precisamos decidir se somos descendentes
da Mulher do Gênesis ao Apocalipse, Maria Santíssima, ou de Satanás, a
serpente. Aqui, está a decisão e é por isso que existe uma luta, pois somos
livres para escolher” (Pe. Paulo Ricardo).
Por
isso, estimados irmãos, devemos acolhê-la em nossa casa como o discípulo amado
a acolheu, pois, se nos olvidamos de seu amparo, poderemos nos perder. Não
tenhamos medo de recebê-la em nossas vidas, pois Maria foi desejada por Deus
com um amor eterno, para nos trazer a Salvação, Nosso Senhor Jesus Cristo, confiemos
então em nossa Mãe, Mestra e Rainha que do alto dos Céus intercede por nós, e
pela Graça de Deus nos protege contra as ciladas do inimigo derrotado. Concluindo
esta nossa meditação, reportamo-nos ao Papa Pio XII com uma belíssima oração sua
dedicada ao dia da Coroação de Maria: “Reinai,
ó Mãe e Senhora, mostrando-nos o caminho da santidade, dirigindo-nos e
assistindo-nos para que dele nunca nos afastemos. Reinai sobre as
inteligências, para que não procurem senão a verdade; sobre as vontades para
que sigam somente o bem; sobre os corações para que amem unicamente o que vós
mesma amais”. Amém!
Domina Regina, ora pro nobis!
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