sábado, 25 de julho de 2015

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM



                                        (Ano B-São Marcos-2015)

  I leitura- (2 Rs 4, 42-44) 

Salmo Responsorial- Sl 144 

II Leitura- Ef 4, 1-6 

Evangelho- Jo 6, 1-15 - A Multiplicação dos Pães

                                                                          
                                                           Por André Fernandes Oliveira

Irmãos caríssimos,

     
    A página da Sagrada Liturgia para este Domingo nos imerge à presença de Deus em nossas vidas e assim a importância capital, “sem O Qual” já estaríamos necrosados! Contemplamos, pois, esta realidade, ao conjunto da primeira leitura, seguido do Responsório e do Evangelho. Neste se encontra, com a multiplicação dos cinco pães e dois peixes, o discurso caudaloso e solene de Jesus em Cafarnaum que será seguido pelos domingos sequentes. No tripé dessas leituras desenvolveremos a nossa reflexão.
     
   À primeira leitura encontramos a presença do profeta Eliseu, cujo nome é “Deus é salvação”, cognominado o “homem de Deus”, o que em si já evoca para esse personagem um oportuno diferencial, porque é a ele quem serão dados os “primeiros frutos da terra”, trazidos pelo seu servo. Ora, que são tais primícias? O que significam? Por que as sendo, o servo replica ao profeta que a “quantidade” não era mister ao número de comensais? Por que, uma vez pertencidos ao “homem de Deus” é distribuído ao povo? Quais as relações no punhado dos versículos trazidos pelo lecionário da primeira leitura desse Domingo?

        Como é sabido era costume em Israel que após ao descanso da terra, as primeiras semeaduras, na festa da colheita, fossem consagradas e oferecidas ao Senhor. Gesto este que autentica não somente uma pertença ao Outro, mas também que O Reconhece como Aquele, a quem, como diz São Paulo num dos seus hinos cristocêntricos, “pertencem todas as coisas” e ademais ajunta o Credo Niceno-Constantinopolitano: “por quem todas as coisas foram feitas”. Deus, “que É”, não necessita do nosso reconhecimento! Na sintonia e distinção das Pessoas Divinas, coeternas, Deus é Princípio e Fim. Tal profissão do homem em fazê-lo Seu Senhor é, aí, necessidade para aquele; porque doutra forma cairá na gravíssima idolatria e logo irá fenecer.
    No aspecto do Senhorio podemos trazer à lembrança a palavra de Jesus no décimo sexto comum quando comoveu-se da multidão porque eram como ovelhas sem pastor. E eis é aqui que haure o gesto de Deus em permanecendo inacessível e eterno sair de si e voltar-se para o seu povo, como lá também, nos dias de Faraó, cujo texto do Êxodo faz-nos ouvir: “Eu vi, eu vi, a aflição do meu povo e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos.” Sendo assim, Deus, quem recebe, representado pelo profeta Eliseu distribui ao seu povo. “Dá ao povo para que coma. ” Que pertinente este ponto: O melhor que estava separado para o Senhor, é, agora, por Ele ofertado! Gesto beneplácito e atento porque Ele conhece. De forma poética a Igreja, maravilhosamente, canta em sua liturgia: “Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam e vós lhe dais no tempo certo o alimento; vós abris a vossa mão prodigamente e saciais todo ser vivo com fartura. ”

    Mas, olhemos, neste ínterim para os pães oferecidos: Além de serem preparados com o trigo, também os são de cevada. Este último era um grão inferior. Era com ele que se fazia pão que o pobre judeu manducava. Com este dado é-nos trazida à tona o diálogo do servo com Eliseu: “Como vou distribuir tão pouco para cem pessoas? ” Eliseu disse outra vez: “Dá ao povo para que coma (...) O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor.”  Para Deus, portanto, o que pode significar quantidades? Para o Senhor o que significa o olho fracionado, muitas vezes, do Homem, enquanto Ele “vê” a plenitude? Logo é clarividente o que se encontra à boca de nossa gente: “o pouco com Deus é muito!” Ora, este adágio faz-nos suplantar ao perceptível e apalpável: nos lança assim em nossa obediência pela âncora da fé e confiar  Naquele que guiou seu povo, Israel!
     No Evangelho, como já nos referimos, é iniciado o longo discurso- assim chamado- de Jesus sobre o “Pão da Vida” que é principiado e antevisto pelos que criam, através de um sinal conhecido como a Multiplicação dos Pães, fato, discorrido, a saber, também pelos evangelistas sinópticos. Quando nos próximos domingos nos deleitarmos nos versículos que o seguem entenderemos a mensagem de São João, uma vez, que é somente nesse capítulo que o “discípulo amado” narra de maneira solene acerca do Sacramento do Altar, mas sem delongas, a antífona  com a qual a Liturgia “aclama” ao Evangelho nos faz muito pensar à perícope da primeira leitura e, sobretudo, à cena do milagre. Diz a Igreja pela boca do solista: “Um grande profeta surgiu, surgiu e entre nós se nos mostrou; é Deus que seu povo visita, seu povo, meu Deus visitou!’’ É com estes verdadeiros sentimentos que poderemos refletir sobre o quê, admirados, ouvimos no Evangelho. Tanto à primeira leitura quanto no Evangelho, sobressaltam muitos vocábulos em comum: comeu, distribuiu, pães de cevada, sobraram, pedaços...
      O que é Eliseu, o homem de Deus, eis agora, “quem é maior” do que Eliseu: Jesus Cristo- mais que um profeta ou “Aquele que dá o verdadeiro alimento”! O servo do profeta, é, portanto, os dois apóstolos Filipe e André. Dado essencial para a ocorrência do milagre: “Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.” Jesus, o Novo Moisés, passa para o outro lado do Tiberíades e a multidão o segue. Nosso Senhor é quem dará o êxodo verdadeiro ao seu povo que será encerrado concomitantemente na Eucaristia e na Cruz.
      
    Irmãos, com o considerável paralelismo indica pois o quê a superabundância do milagre quer esclarecer primeiro: a presença de Deus que em Seu Filho “faz” por meios dos sinais anunciar a chegada do Reino, ao passo que estes levam à profissão de fé: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo.” O Filho de Deus penetra às vicissitudes humanas não para anestesiá-las e tampouco para, apenas, lhes garantir um sustento material que é falível, em relação ao “alimento que dura para a vida eterna” e essa realidade imanente, apenas, pode ser vista pela colocação do apóstolo, frente à imperativa de Jesus quando lho apresentam cinco pães e dois peixes: “Está aqui cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?”  Eis: Grave pergunta! Hoje o mundo é muito mais esquecido de Deus, onde se inventa, se formula, refaz-se, todavia não se recorda Daquele que detém-nos! Daquele, que, como diz o salmista: “alimenta com a fina flor do trigo.” A tendência perversa e ante evangélica dos nossos dias é “engenhar” o Filho de Deus numa espécie de sociólogo que enxerga “para baixo” e é capaz de fazê-lo a um parecer de discursos partidários, colocando-o de entre os gurus de uma pátria. Não, absolutamente! O Evangelho acerta: “(...) quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.”

      
     A multiplicação dos pães nos doutrina que cá na terra, nos céus ou nos infernos, Jesus é Deus que veio ao nosso encontro, para assim não nos espantarmos, mas crermos Nele que nos “dá o pão que contém todo sabor!” 

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