domingo, 27 de outubro de 2013

NA IGREJA CATÓLICA SUBSISTE A IGREJA DE CRISTO QUE, ALIMENTADA PELOS SACRAMENTOS, É ENVIADA


Caríssimos,
           

No quase crepuscular do ‘Annus Fidei’, convocado pelo Papa Emérito Bento XVI em outubro passado e que se concluirá em novembro próximo dentro da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, na Cidade Eterna e em todo o ‘orbe católico’, é mister refletirmos acerca desta magna verdade: na Igreja Católica subsiste a Igreja de Cristo. Decerto, poucos foram os crentes regenerados do lavacro batismal que pensaram acerca. Nesta perspectiva, somos também, no mês em curso, além de ser consagrado ao Rosário de Maria Virgem, a Conferência Episcopal do Brasil, a CNBB, convidados a pensar acerca da missionariedade da Igreja de Cristo.
            Por que os documentos da Igreja são incisivos em ratificar que ‘a Igreja é essencialmente missionária’? Com muita clarividência, logo em seu limiar, a Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, pontua: “Sendo Cristo a Luz dos Povos, este Sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura e iluminar todos os homens com a claridade de Cristo que resplandece na face da Igreja. E porque a Igreja é em Cristo como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo gênero humano, ela deseja oferecer a seus fiéis e a todo mundo um ensinamento mais preciso sobre sua natureza e sua missão universal, insistindo no tema dos Concílios anteriores” (cf. LG 1).
            Essas palavras da cinquentenária constituição evidenciam quão presente é o apostolado da Igreja de Cristo presente na Senhora Católica. Neste ínterim, podemos pensar acerca da missão da Igreja. Por que quis o Senhor, na consumação da sua peregrinação terrestre, posteriormente ao mistério da sua Páscoa, permitir que a Sua Missão continuasse? Eis: porque Ele deseja a salvação de todos. Lembremo-nos de quando Lho indagam: “‘Senhor é verdade que são poucos os que se salvam?’ Responde-lhe: ‘Fazei todo o esforço possível de passar pela porta estreita’” (Lc 13,23-24). Por esta verdade, a missão redentora de Nosso Senhor Jesus Cristo, haurida do Mistério da sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição, foi legada à Esposa-Igreja. “Fazei Isto em memória de Mim!” (Lc 22,19). Antes da imperativa exclamação do Filho de Deus no Monte das Oliveiras, quando da sua Ascensão, ordenou naquela ceia sacrificial a atualização da sua Páscoa no Sacramento da Sagrada Eucaristia para quem, segundo São Tomás, “todos os outros sacramentos estão ordenados.”.
            Desta feita, entendemos a primordial missão da Igreja: perpetuar nos sacramentos o evento salvífico de Nosso Senhor. Assevera: “A missão universal da Igreja nasce do mandato de Jesus Cristo e realiza-se, ao longo dos séculos, com a proclamação do mistério de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, e do mistério da encarnação do Filho, como acontecimento de salvação para toda a humanidade” (cf. Dominus Iesus, 1).  A missão da Igreja outra não é senão a de atualizar a presença de Cristo, o que acontece de maneira solene pela Celebração da Sagrada Liturgia, nos demais sacramentos e por meio da pregação da Palavra de Deus. Assim quis o Senhor para a sua Igreja, “sacramento universal da salvação”, visivelmente presente, ininterruptamente, na Igreja Católica. Há uma mentalidade o quanto pragmática e dissociada do Evangelho, ao se conceber a missão, como a execução de ‘fazer coisas’. Não! A missionariedade acontece quando nos encontramos essencialmente com a pessoa de Jesus Cristo e o descobrimos na comunidade de fé, isto é, na Igreja. Nela se encontra, genuinamente, ‘o Jesus’, crido e transmitido pela fé Católica e Apostólica, guardado pela sã Tradição. É por essa razão que o então purpurado Joseph Ratiznger, com maestria,  no-lo exorta na Declaração Dominus Iesus, quando tece acerca do ’Ide’. Assim o escreve: “A missão universal da Igreja nasce do mandato de Jesus Cristo e realiza-se, ao longo dos séculos, com a proclamação do mistério de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, e do mistério da encarnação do Filho, como acontecimento de salvação para toda a humanidade” (Dominus Iesus, 1).
            Neste sentido, a Igreja, Esposa de Cristo, é a fidedigna depositária da missão  e, Nela, através dos seus ministros ordenados, por primeiro, o ministério de Cristo Cabeça é continuado. “Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste [subsistit in] na Igreja Católica (grifo meu), governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele. Com a expressão substit in, o Concílio Vaticano II quis harmonizar duas afirmações doutrinais: por um lado, a de que a Igreja de Cristo, não obstante as divisões dos cristãos, continua a existir plenamente só na Igreja Católica e, por outro, a de que existem numerosos elementos de santificação e de verdade fora da sua organização, isto é, nas Igrejas e Comunidades eclesiais qua ainda não vivem em plena comunhão com a Igreja Católica” (Dominus Iesus, 16)

            Ao contemplarmos estupenda declaração, vemos a Igreja de Cristo presente na Igreja Católica. De que maneira? Pela Tradição Apostólica, pela transmissão sólida e íntegra da fé, dada por Jesus aos Doze e estes aos seus sucessores, a Celebração dos Sacramentos, o culto à Virgem Maria e aos santos. Quando periodízamos tais caracteres chegamos ao Mistério de Cristo que, com a Igreja, forma o ‘Cristo Total’. Cônscios desta certeza, a Igreja, desde o dia de Pentecostes, apregoa a centralidade da pessoa de Cristo e faz com que a fé seja transmitida a todos os povos, para que os mesmos, conforme diz o Apóstolo, “cheguem à estatura do Homem Perfeito” (Ef 4,13).

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