Caríssimos,
No quase crepuscular do ‘Annus Fidei’,
convocado pelo Papa Emérito Bento XVI em outubro passado e que se concluirá em
novembro próximo dentro da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do
Universo, na Cidade Eterna e em todo o ‘orbe católico’, é mister refletirmos
acerca desta magna verdade: na Igreja Católica subsiste a Igreja de Cristo.
Decerto, poucos foram os crentes regenerados do lavacro batismal que pensaram
acerca. Nesta perspectiva, somos também, no mês em curso, além de ser
consagrado ao Rosário de Maria Virgem, a Conferência Episcopal do Brasil, a
CNBB, convidados a pensar acerca da missionariedade da Igreja de Cristo.
Por
que os documentos da Igreja são incisivos em ratificar que ‘a Igreja é
essencialmente missionária’? Com muita clarividência, logo em seu limiar, a
Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, pontua: “Sendo
Cristo a Luz dos Povos, este Sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo,
deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura e iluminar todos os
homens com a claridade de Cristo que resplandece na face da Igreja. E porque a
Igreja é em Cristo como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima
união com Deus e da unidade de todo gênero humano, ela deseja oferecer a seus
fiéis e a todo mundo um ensinamento mais preciso sobre sua natureza e sua
missão universal, insistindo no tema dos Concílios anteriores” (cf. LG 1).
Essas
palavras da cinquentenária constituição evidenciam quão presente é o apostolado
da Igreja de Cristo presente na Senhora Católica. Neste ínterim, podemos pensar
acerca da missão da Igreja. Por que quis o Senhor, na consumação da sua
peregrinação terrestre, posteriormente ao mistério da sua Páscoa, permitir que
a Sua Missão continuasse? Eis: porque Ele deseja a salvação de todos. Lembremo-nos
de quando Lho indagam: “‘Senhor é verdade que são poucos os que se salvam?’
Responde-lhe: ‘Fazei todo o esforço possível de passar pela porta estreita’”
(Lc 13,23-24). Por esta verdade, a missão redentora de Nosso Senhor Jesus
Cristo, haurida do Mistério da sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição,
foi legada à Esposa-Igreja. “Fazei Isto em memória de Mim!” (Lc 22,19). Antes
da imperativa exclamação do Filho de Deus no Monte das Oliveiras, quando da sua
Ascensão, ordenou naquela ceia sacrificial a atualização da sua Páscoa no Sacramento
da Sagrada Eucaristia para quem, segundo São Tomás, “todos os outros
sacramentos estão ordenados.”.
Desta
feita, entendemos a primordial missão da Igreja: perpetuar nos sacramentos o
evento salvífico de Nosso Senhor. Assevera: “A missão universal da Igreja nasce do mandato de Jesus
Cristo e realiza-se, ao longo dos séculos, com a proclamação do mistério de
Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, e do mistério da encarnação do Filho, como
acontecimento de salvação para toda a humanidade” (cf. Dominus Iesus, 1). A missão
da Igreja outra não é senão a de atualizar a presença de Cristo, o que acontece
de maneira solene pela Celebração da Sagrada Liturgia, nos demais sacramentos e
por meio da pregação da Palavra de Deus. Assim quis o Senhor para a sua Igreja,
“sacramento universal da salvação”, visivelmente presente, ininterruptamente,
na Igreja Católica. Há uma mentalidade o quanto pragmática e dissociada do Evangelho,
ao se conceber a missão, como a execução de ‘fazer coisas’. Não! A
missionariedade acontece quando nos encontramos essencialmente com a pessoa de
Jesus Cristo e o descobrimos na comunidade de fé, isto é, na Igreja. Nela se
encontra, genuinamente, ‘o Jesus’, crido e transmitido pela fé Católica e Apostólica,
guardado pela sã Tradição. É por essa razão que o então purpurado Joseph Ratiznger,
com maestria, no-lo exorta na Declaração
Dominus Iesus, quando tece acerca do ’Ide’.
Assim o escreve: “A missão universal da Igreja nasce do
mandato de Jesus Cristo e realiza-se, ao longo dos séculos, com a proclamação
do mistério de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, e do mistério da encarnação
do Filho, como acontecimento de salvação para toda a humanidade” (Dominus Iesus, 1).
Neste
sentido, a Igreja, Esposa de Cristo, é a fidedigna depositária da missão e, Nela, através dos seus ministros ordenados,
por primeiro, o ministério de Cristo Cabeça é continuado. “Esta Igreja,
constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste [subsistit in] na Igreja Católica
(grifo meu), governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com
ele. Com a expressão substit in, o
Concílio Vaticano II quis harmonizar duas afirmações doutrinais: por um lado, a
de que a Igreja de Cristo, não obstante as divisões dos cristãos, continua a
existir plenamente só na Igreja Católica e, por outro, a de que existem
numerosos elementos de santificação e de verdade fora da sua organização, isto
é, nas Igrejas e Comunidades eclesiais qua ainda não vivem em plena comunhão
com a Igreja Católica” (Dominus Iesus,
16)
Ao
contemplarmos estupenda declaração, vemos a Igreja de Cristo presente na Igreja
Católica. De que maneira? Pela Tradição Apostólica, pela transmissão sólida e
íntegra da fé, dada por Jesus aos Doze e estes aos seus sucessores, a
Celebração dos Sacramentos, o culto à Virgem Maria e aos santos. Quando
periodízamos tais caracteres chegamos ao Mistério de Cristo que, com a Igreja,
forma o ‘Cristo Total’. Cônscios desta certeza, a Igreja, desde o dia de
Pentecostes, apregoa a centralidade da pessoa de Cristo e faz com que a fé seja
transmitida a todos os povos, para que os mesmos, conforme diz o Apóstolo, “cheguem
à estatura do Homem Perfeito” (Ef 4,13).
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