sábado, 12 de outubro de 2013

SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA, RAINHA E PADROEIRA DO BRASIL

“Gaudens gaudébo in Dómino, et exsultábit ánima mea in Deo meo: quia índuit me vestiméntis salútis: et indumento iustítix circúmdedit me, quase sponsam ornátam monílibus suis.’’



  
   Caros irmãos,
           
            Hoje a Igreja, aqui no Brasil, celebra a Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira dessas terras de Santa Cruz. Em todo o país erguem-se louvores à Mãe de Deus sob tal advocação. Entoam-se os versos: “Viva a Mãe de Deus e nossa sem pecado concebida, viva a Virgem Imaculada a Senhora Aparecida”. A celebração da hodierna solenidade é uma epifania viva e singular da fé do Povo de Deus. Neste aspecto, vale-nos: “A luz de Deus brilha para Israel, através da comemoração dos fatos realizados pelo Senhor, recordados e confessados no culto, transmitidos pelos pais aos filhos. Desse modo, aprendemos que a luz trazida pela fé está ligada com a narração concreta da vida, com a grata lembrança dos benefícios de Deus e com o progressivo cumprimento de suas promessas” (cf. Lumen Fidei, 12).
           
      Desde aquele dia em que os pescadores encontraram em as profundezas do Rio Paraíba uma esfinge da Imaculada Conceição, muitas são as narrações dos crentes pelos benefícios recebidos por adjutório da Mãe de Deus. Neste sentido, sempre vislumbramos a presença maternal de Maria Santíssima junto àqueles que o Unigênito, na ara da obediência, o madeiro da cruz, concedeu como filhos na pessoa de João, dito o discípulo amado: “Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua Mãe!” E sublinha com solenidade o evangelista: “Daquela hora em diante o discípulo a acolheu consigo!” Que significados podemos concluir desta palavra? Eis: a presença da Senhora Maria na vida de tantos! Neste solo brasileiro, quantos testemunhos! Quantas experiências por mediação da Virgem Santíssima. Caras são as palavras de São Bernardo quando diz: “À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem Gloriosa e Bendita”. É a mesmíssima Virgem Maria de Nazaré que hoje é louvacionada e reverenciada como a Mãe da Conceição Aparecida.
             As leituras da Missa de hoje são compendiadas num único período: Maria é a medianeira da Nova e Eterna Aliança. À Primeira Leitura, ouvimos a solicitude da rainha Ester que, achando os favores do rei, olha para a vida de Israel. Diz-lhe: “Concede-me a vida. Eis o meu pedido! E a vida do meu povo. Eis o meu desejo!’’ Um paralelo há entre Ester e Maria: ambas são dispostas para estar à disposição de outrem e, neste, de Deus. Recordemos o quadro da visitação de Maria à Isabel. Daquela que às pressas fora encontrar a parenta para comunicar-lhe o autor da vida encerrado em suas puríssimas entranhas. À Segunda Leitura, ouvimos a narração apocalíptica de São João. “Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro”.  Esta alegoria faz-nos pensar em Maria como aquela que engendrou, como diz a Epístola aos Hebreus, “o Consumador da nossa fé”. Desta maneira, Maria, tal como o Concílio Vaticano II, ratificou “é o Tipo Perfeito da Igreja”. Esta que, como ela, a Toda Santa, milita na existência, para que no Dia do Senhor, seja desposada pelo Esposo Divinal. Como Maria deu à luz ao Menino, hoje, a Igreja, dá-nos a Jesus Cristo: na Palavra, nos Sacramentos, no ensinamento dos pastores de almas. Nas vicissitudes dos acontecimentos, há a incompreensão de muitos, porquanto seus projetos dissociam da vontade de Deus. No Evangelho, é-nos proposto, no princípio do chamado ‘’Livros dos Sinais’’ de São João, o capítulo segundo. Trata-se das Bodas em Caná da Galileia. A Escritura menciona: “Houve Bodas no terceiro dia em Caná da Galileia e Jesus, sua Mãe e seus discípulos tinham sido convidados às Núpcias”. De repente perguntamo-nos: Quem são os nubentes? Por que o casamento aconteceu no terceiro dia? Como é peculiar ao evangelista São João, ele é riquíssimo nos detalhes. Possuídos de relevantes significados aos seus leitores. João, desde o Hino ao Verbo de Deus, deseja deixar clarividente: aquele Jesus que fez prodígios e portentos ao decurso do seu ministério messiânico é Deus Sempiterno. O ‘Kadosch’, o Santo de Israel. Jesus é o Ícone perfeito do ‘Eu Sou’!
           

         A presença do terceiro dia é um dado presente no Livro dos Sinais como o sinal da recriação da humanidade executada pelo Mistério Pascal. É justamente no terceiro dia que o Novo Adão reintegra toda a Humanidade, Nele! No mistério da sua Páscoa, Nosso Senhor, faz, por antonomásia, a aliança, desposa o que estava decaído. Nesta perspectiva, averigua-se a seis talhas vazias e a ausência de vinho. Nesta certeza, vemos a presença de Maria, corredentora, e Daquele, o Redentor. “Eles não tem mais vinho!” e Jesus declara: “Mulher, minha hora ainda não chegou!” Eis a ordem da Senhora Imaculada: “Fazei o que ele vos disser”. As seis talhas é a presença do Antigo Povo da Aliança. Um povo que ainda não havia conhecido uma aliança perfeita e eterna e por este motivo estavam vazios, uma vez que o Emanuel-Deus veio suplementá-la. “A Lei nos veio por Moisés, mas a graça e a verdade no-lo chegaram por Jesus Cristo!” Por que falta o vinho? Por que a palavra misteriosa dentre os versículos: “Todo mundo serve o vinho melhor e quando os convidados já estão embriagados serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!”? Este vinho é a presença de Cristo-Esposo. Nele todas as coisas são renovadas. Com Ele o vinho é melhor.

Caná também é prefiguração do Banquete Sacrifical da Eucaristia. Vê-se no relato deste primeiro ‘sinal’ de Jesus a atuação de Nossa Senhora como aquela que ‘apressa’ a Nova Criação. Vê-se Maria em Caná que intercede, contempla-se Maria na soledade da cruz do seu Filho. Eis a Hora! Celebrando a Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira da Terra de Santa Cruz, peçamos a sua maternal mediação, para, não obstante os acontecimentos transitórios, fincarmos uma fé inquebrantável como ela que é a primeira dentre os crentes. A Bem-Aventurada porque creu. Salve Maria da Conceição Aparecida!

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