(Ano B – 11 de março de 2012)
I Leitura: Ex 20, 1-17
Salmo Responsorial: Sl 18 (19b), 8.9.10.11 (R/. Jo 6, 68c)
II Leitura: 1Cor 1, 22-25
Evangelho: Jo 2, 13-25 (Mercadores do Templo)
Queridos
irmãos
Trazemos hoje para os nossos
estimados leitores uma belíssima reflexão acerca da Liturgia da Palavra deste
III Domingo da Quaresma. Esta reflexão foi proferida em 19 de março de 2006.
São palavras breves, mas de profundidade imensa: típicas do Santo Padre.
Caro amigo, fazemos votos de que
esta caminhada quaresmal prepare-nos devidamente para as Celebrações Litúrgicas
da Páscoa do Senhor. Que a oração, a esmola e a penitência nos sejam úteis para
a nossa purificação, a fim de sermos menos indignos de aproximar-nos do
mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Um Santo Domingo!
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Amados
irmãos e irmãs,
Juntos
ouvimos uma famosa e bonita página do Livro do Êxodo, em que o autor sagrado
narra a entrega a Israel do Decálogo por parte de Deus. Um pormenor chama
imediatamente a nossa atenção: a enunciação dos dez mandamentos é introduzida
por uma significativa referência à libertação do povo de Israel. O texto diz:
"Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa da
servidão" (Êx 20, 2).
Por conseguinte, o Decálogo deseja ser uma confirmação da liberdade
conquistada. Com efeito, se considerarmos profundamente, os mandamentos são o
instrumento que o Senhor nos concede para defender a nossa liberdade, tanto dos
interiores condicionamentos das paixões, como dos abusos exteriores dos
mal-intencionados. Os "não" dos mandamentos são outros tantos
"sim" ao crescimento de uma liberdade autêntica. Há uma segunda
dimensão do Decálogo, que deve ser também ressaltada: mediante a Lei dada
através de Moisés, o Senhor revela que deseja estabelecer um pacto de aliança
com Israel. Portanto, mais do que uma imposição, a Lei é uma dádiva. Mais do
que determinar o que o homem deve fazer, ela quer manifestar a todos a opção de
Deus: Ele está da parte do povo eleito; libertou-o da escravidão e circunda-o
com a sua bondade misericordiosa. O Decálogo é testemunho de um amor de predileção.
A
Liturgia de hoje oferece-nos uma segunda mensagem: a Lei mosaica encontrou o
seu pleno cumprimento em Jesus, que revelou a sabedoria e o amor de Deus
mediante o mistério da Cruz, "escândalo para os judeus e loucura para os
gentios – como nos disse São Paulo na segunda leitura – mas para os que são
chamados, tanto judeus como gregos... é poder e sabedoria de Deus" (1
Cor1, 23-24). É precisamente a este mistério que faz referência a página
evangélica que acaba de ser proclamada: Jesus expulsa do templo os vendilhões e
os cambistas. O Evangelista oferece a chave de leitura deste episódio
significativo, através do versículo de um Salmo: "O zelo da tua casa me
consome" (Sl 69 [68],
10). E Jesus é "consumido" por este "zelo" pela "casa
de Deus", utilizada para finalidades diferentes daquelas para as quais
seria destinada. Diante do pedido dos responsáveis religiosos, que pretendem um
sinal da sua autoridade, no meio da admiração dos presentes, Ele afirma:
"Destruí este templo, e em três dias Eu o levantarei!" (Jo 2, 19). Palavras misteriosas, incompreensíveis
naquele momento, mas que João volta a formular para os seus leitores cristãos,
observando: "Ele, porém, falava do templo que é o seu corpo" (Jo 2, 21). Os seus adversários teriam
destruído aquele "templo", mas depois de três dias Ele tê-lo-ia
reconstruído mediante a ressurreição. A dolorosa e "escandalosa"
morte de Cristo seria coroada pelo triunfo da sua gloriosa ressurreição.
Enquanto neste período quaresmal nos preparamos para reviver no Tríduo pascal
este acontecimento central da nossa salvação, já fixamos o nosso olhar no
Crucificado, vislumbrando nele o esplendor do Ressuscitado.
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