sexta-feira, 9 de março de 2012

III DOMINGO DA QUARESMA


(Ano B – 11 de março de 2012)



I Leitura: Ex 20, 1-17
Salmo Responsorial: Sl 18 (19b), 8.9.10.11 (R/. Jo 6, 68c)
II Leitura: 1Cor 1, 22-25
Evangelho: Jo 2, 13-25 (Mercadores do Templo)


Queridos irmãos

Trazemos hoje para os nossos estimados leitores uma belíssima reflexão acerca da Liturgia da Palavra deste III Domingo da Quaresma. Esta reflexão foi proferida em 19 de março de 2006. São palavras breves, mas de profundidade imensa: típicas do Santo Padre.

Caro amigo, fazemos votos de que esta caminhada quaresmal prepare-nos devidamente para as Celebrações Litúrgicas da Páscoa do Senhor. Que a oração, a esmola e a penitência nos sejam úteis para a nossa purificação, a fim de sermos menos indignos de aproximar-nos do mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Um Santo Domingo!

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Amados irmãos e irmãs,


Juntos ouvimos uma famosa e bonita página do Livro do Êxodo, em que o autor sagrado narra a entrega a Israel do Decálogo por parte de Deus. Um pormenor chama imediatamente a nossa atenção: a enunciação dos dez mandamentos é introduzida por uma significativa referência à libertação do povo de Israel. O texto diz: "Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa da servidão" (Êx 20, 2). Por conseguinte, o Decálogo deseja ser uma confirmação da liberdade conquistada. Com efeito, se considerarmos profundamente, os mandamentos são o instrumento que o Senhor nos concede para defender a nossa liberdade, tanto dos interiores condicionamentos das paixões, como dos abusos exteriores dos mal-intencionados. Os "não" dos mandamentos são outros tantos "sim" ao crescimento de uma liberdade autêntica. Há uma segunda dimensão do Decálogo, que deve ser também ressaltada: mediante a Lei dada através de Moisés, o Senhor revela que deseja estabelecer um pacto de aliança com Israel. Portanto, mais do que uma imposição, a Lei é uma dádiva. Mais do que determinar o que o homem deve fazer, ela quer manifestar a todos a opção de Deus: Ele está da parte do povo eleito; libertou-o da escravidão e circunda-o com a sua bondade misericordiosa. O Decálogo é testemunho de um amor de predileção.


A Liturgia de hoje oferece-nos uma segunda mensagem: a Lei mosaica encontrou o seu pleno cumprimento em Jesus, que revelou a sabedoria e o amor de Deus mediante o mistério da Cruz, "escândalo para os judeus e loucura para os gentios – como nos disse São Paulo na segunda leitura – mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos... é poder e sabedoria de Deus" (1 Cor1, 23-24). É precisamente a este mistério que faz referência a página evangélica que acaba de ser proclamada: Jesus expulsa do templo os vendilhões e os cambistas. O Evangelista oferece a chave de leitura deste episódio significativo, através do versículo de um Salmo: "O zelo da tua casa me consome" (Sl 69 [68], 10). E Jesus é "consumido" por este "zelo" pela "casa de Deus", utilizada para finalidades diferentes daquelas para as quais seria destinada. Diante do pedido dos responsáveis religiosos, que pretendem um sinal da sua autoridade, no meio da admiração dos presentes, Ele afirma: "Destruí este templo, e em três dias Eu o levantarei!" (Jo 2, 19). Palavras misteriosas, incompreensíveis naquele momento, mas que João volta a formular para os seus leitores cristãos, observando: "Ele, porém, falava do templo que é o seu corpo" (Jo 2, 21). Os seus adversários teriam destruído aquele "templo", mas depois de três dias Ele tê-lo-ia reconstruído mediante a ressurreição. A dolorosa e "escandalosa" morte de Cristo seria coroada pelo triunfo da sua gloriosa ressurreição. Enquanto neste período quaresmal nos preparamos para reviver no Tríduo pascal este acontecimento central da nossa salvação, já fixamos o nosso olhar no Crucificado, vislumbrando nele o esplendor do Ressuscitado.

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