sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O caminho sinodal é a catolicidade

    Desde à segunda-feira me vem a necessidade em escrever sobre. Num primeiro momento, indubitavelmente, pelos argumentos d'alguns dos Padres Sinodais que ''ad limina'' ao sucessor de Pedro ''devem'' ser com o cabeça do Colégio dos Doze, sã guardiães da piíssima Doutrina, que, atenção, não são códigos indecifráveis e mais: não são ''fardos pesados'' para serem colocados às costas. Neste sentido, portanto, vale a profissão de fé dos nossos ''irmãos mais velhos'', como diz o Papa Bento XVI ao se referir ao crente judeu. Toda a fé de Israel angula-se ao seu "Shemà'', ao ouve a ''Adonai''. Ao dia, por dezoito vezes, o judeu piedoso canta com o coração este que é o arrimo recebido da paterna .
       A primeiríssima observação e, nesta reflexão, a que me interessa e partilho convoco, irmãos, é que depois do vocativo (Ouve), diz o Livro do Deuteronômio: ''Ouve, ó Israel, o Senhor o nosso Deus, o Senhor é UM!'' (cf. Dt VI, 4-9). Não obstante, a este ''Um'', que deveria o povo de Deus, quando saiu do Egito, da servidão ao faraó, muitas vezes ''voltara-se'' contra o Único Deus e, abandonando-O, ''prestaram homenagem'' aos seus ídolos e, assim, aquela ''Unidade'', para Israel já estava prostituída por uma miríade de ''uns'' e este transviar-se, ''de um povo de cabeça dura'',nos evidencia na história sagrada os infortúnios pelos quais nossos irmãos na fé abraâmica foram submetidos. A partir desta colocação, portanto, vale-nos a diligência para o preciosa acepção encontrada ao vocábulo ''Sínodo''. O dicionário é preciso: "Sýnodos'', do grego, significa 'caminhar juntos'. 
       
 Os sínodos podem ser convocados pelo Papa como Bispo de Roma e Príncipe dos Doze, mas também, pelo Bispo local em sua Diocese quando convoca seu presbitério e os fieis para que à lâmpada da Tradição que dá o ''sensus fidei'' e o ''sensus ratio'' , cheguem, pelo Espírito Santo de Deus, atenção, não ao que ''uma maioria decidiu'', todavia, sempre a uma reflexão, a uma conclusão, que, ''atento(s)'' aos desafios duma vivência árdua da fé, sejam sempre capazes, com todas as aflições que o mundo moderno impõe, ''dá os motivos da sua esperança''.
         Ainda sobre este ''caminhar juntos'' preocupa-se as arbitrariedades colocadas como ''reflexão'' por parte dalguns padres sinodais, que se encaminha não mais para um ''caminhar juntos''- que é a lógica do Dia de Pentecostes- mas uma disputa como aqueles que estavam dispostos a ''construir'' a Torre de Babel e, separados, foram responsáveis pela confusão das línguas. Ademais, irmãos, o ''caminhar juntos'', é com razão uma das notas da Igreja: ela é Católica, porque, à inteireza da fé, é ''dispersa'' por todo o mundo para anunciá-LA de modo a ecoar aquele: ''que o vosso sim seja sim e o vosso não seja não''. Se este não é o ''caminhar juntos'' da Esposa de Cristo, cuja ''praxe''-pastoral é esta proposta, parafraseio o que disse por esses dias o Cardeal Burke, ''já não será mais católica.''

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O enérgico ''Abrir-se'' de São João Paulo II

Neste dia da memória de São João Paulo II, uma, duas, três palavras...
O Papa polonês quando iniciou o seu pontificado àquela Missa solene do seu longínquo e frutuoso papado, podemos lê e hoje os meios avançaram e há em vídeo a homilia. O então novo Papa, à altura, já, dos seus mais de cinquenta anos, pode pontuar com voz forte como ele "seria Papa''. São palavras presentes. Elas ecoam e, aqui, uma feliz memória da beatificação quando Sua Santidade Bento XVI o elencara ao nome dos bem-aventurados, pode reCORdá-las, aquele que também estava à Praça de São Pedro e já era de anos seu amigo. Dissera no distante de um mil novecentos e setenta e oito: ''Abrir as portas a Cristo. Não tenhais medo! Abrir-escancarai-os vossos corações ao Amor de Deus." Esta conclamação neste período sinodal, cai como que uma espécie de ''lema''.
'' Abrir-se a Cristo''-significa- Sou e estou livre para fazê-lo o Meu Deus. Estou certo de que abrido-me a Ele, terei, e como, de ''considerar tudo como esterco'' e, além disto, pagar com a minha vida as consequências deste acesso.
''Abrir-se'' ao amor de Deus não se explica com uma concepção vaga de ''misericórdia''. As palavras citadas pela boca do Senhor "quero misericórdia e não sacrifício'' devem ser desveladas pelo o que a Misericórdia é capaz de fazer: ''em seu amor é capaz de queimar os nossos pecados.'', escreve Ratzinger em algum lugar. 
''Abrir-se'' ao Cristo das Escrituras e da fé católica, vivo em Seus Sacramentos, vivo na Igreja ''dinâmica'' e sempre a-feita é não mudá-Lo porque, certa vez, sabemos respondeu a Beata Teresa de Calcutá: ''Sou eu quem devo mudar!''
''Abrir-se'' é um contínuo processo de conversão, do contrário ''reter-se-á'' o Cristo e ele à minha ''pessoa'' será apenas mais um.

sábado, 17 de outubro de 2015

XXIX DOMINGO COMUM- Quem pode beber do Cálice do Senhor?

 Cristãos,
    

“O Filho do homem veio dar a sua vida para a salvação dos homens.”  A Antífona de Comunhão colocada como opção para a Santa Missa deste Domingo são as palavras de Jesus que ouvimos do ministro ordenado ao final do Evangelho hoje proclamado pela Liturgia Católica. Constitui, elas, como que uma espécie de síntese tanto para os filhos de Zebedeu, João e Tiago e também para os três anúncios da paixão voluntária de Jesus aos discípulos à proximidade da Cidade Santa. Aqueles dois apóstolos de Jesus que com Pedro estavam nos momentos mais solenes do ministério de Jesus e que acompanhara o Filho de Deus até à suprema agonia, ainda, de fato, não havia chegado a uma clarividente compreensão do que era a “glória” do Messias. Não imaginavam, ainda que passados três anos à companhia de Jesus, a “firme decisão’’ do Senhor quando avança para Jerusalém.

          Era, ainda entre eles, a forte concepção de um “jesus ideologizado” advindo, possivelmente, das situações pelas quais Jesus havia passado: De um lado o poderio romano que com seus cavalos e espadas, altos impostos... oprimia as civilizações, anunciava uma espécie de pax romana que era na verdade uma forja sobretudo, inclusive, no julgamento de Cristo. De um outro ângulo viam-se os adeptos às seitas inseridas: saduceus, zelotas, fariseus. E podemos ainda destacar os partidários de Herodes. Formava-se, assim, cada um a seu modo, uma espécie de messianismo-por parte das autoridades religiosas e também a vênia ao Imperador que era não apenas o Pontifex Maximum- como se autointitulava- nele estava condensado a figura da divindade também.


      Neste contexto aparece o pregoeiro Jesus de Nazaré que traz o Reino dos céus. Seu “Evangelho” é uma dissociação e uma radical conversão dos corações do homem para Deus. Jesus que não se utiliza dum esquema de governo para traçar metas para serem cumpridas. Neste sentido, comenta Ratzinger: “Jesus era muito mais que um bom rabino e muito diferente de um zelota, de um revolucionário contra o poder romano. Jesus-podemos dizer-foi uma surpresa, uma figura que não era esperado daquele modo.’’  Sendo assim, portanto, vale quando Jesus toma para si o oráculo do Profeta Isaías que delineava a missão do Messias, o Servo do Senhor: “O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os quebrantados de coração e proclamar a liberdade aos cativos, a libertação aos que estão presos (cf. Is LXI, 1sg.).”  

   Jesus é a face inaudita de Deus, nunca dantes, nem sequer depois, vista pelo homem. Jesus é no hoje da nossa fé, o Servo obediente, que imolado na cruz mostrou a essência do serviço à competência do que se refere a Deus e concomitantemente ao Seu Reino!  Sendo assim a pretensão petitória de João e Tiago deve ser mudada não pedindo um lugar ao Mestre, lembremo-nos de que já havia discutido quem era o maior, ou a tentativa do “alguém” que deseja ter a vida eterna, mas não é capaz dum desprendimento pessoal, um anular-se. “Beber do cálice’’ de Jesus significa a plena capacidade de que a vida de todo discípulo está imersa com a do Senhor, de modo tal, a merecer a feliz dita: “Do cálice que eu beber, vós bebereis, e com o batismo com que eu for batizado, sereis batizados.” Isto, pois, é o serviço, que não é a priori um “fazer”, mas um “estar” para a partir desta permanência chegar à genuína certeza da pessoa de Jesus de Nazaré, cujo ministério foi um prelúdio do Gólgota.  

Ars Celebrandi- Epifania para o Mistério


Por André Fernandes Oliveira

Toda modalidade que se executa na Celebração da Liturgia Sagrada que é compreendida pela definição de Rito é uma epifania de Deus que no Mistério da Fé nos faz dobrar na terra "das coisas do céu".



domingo, 11 de outubro de 2015

Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira Principal do Brasil

   


 Caros  irmãos,

                     Chegamos ao esperado doze de outubro. Data que assinala o marco duma das mais religiosas festas da piedade popular para os cristãos católicos da Terra de Santa Cruz: a patronal solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Pelas plagas do Brasil oratórios, paróquias, capelas, catedrais...trazem e prestam o devido preito à Mãe de Deus, advogada, assim, a Virgem da Conceição Aparecida.  À escolha de tantos cantares, parece-nos, pois, que um é executado em uníssono: “Viva a Mãe de Deus e nossa sem pecado concebida, viva a Virgem Imaculada a Senhora Aparecida”, este que é sacramentado o Hino Oficial da nossa Padroeira. A partir destas considerações o que nos faz hoje celebrar a Toda Santa? Com que particularidades a história daquela imagem encontrada no Rio Paraíba, no distante século dezoito, repercute sempre presente em nossos dias? Qual o eixo teológico que podemos abstrair desta significativa piedade popular?
       

      Antes de mais nada, para nos nortear nesta reflexão, faz-se mister a citação do número vinte e cinco da Exortação Apostólica Marialis Cultis, do Beato Papa Paulo VI: Na Virgem Maria, de fato, tudo é relativo a Cristo e dependente d'Ele: foi em vista d'Ele que Deus Pai, desde toda a eternidade, a escolheu Mãe toda santa e a plenificou com dons do Espírito a ninguém mais concedidos. A genuína piedade cristã, certamente, nunca deixou de pôr em realce essa ligação indissolúvel e a essencial referência da Virgem Maria ao divino Salvador. É por esta linha da palavra da Igreja que nos voltamos à Senhora Aparecida. Em seu matinal louvor, o Hino de Laudes, nos põe diante da intercessão de Maria para com os que no Filho seu recebem tal filiação. Canta com solenidade a Igreja: Ó Virgem a quem veneramos com piedade enternecida e a quem alegres chamamos Aparecida. A partir daqui notamos uma identificação que suplanta uma dimensão apenas cultural ou talvez uma prática religiosa aquém da Revelação. Maria Santíssima identifica-se com a nossa história porque é o principal membro do Povo de Deus. 

      Com razão, vale o paralelo colocado na primeira leitura da hodierna Solenidade com a figura da Rainha. Assim como Ester olha para Israel, apieda-se, a Senhora da casa de Nazaré, pela descendência dos nossos pais. É importante destacar que primeiro “Deus olhou para a humildade de sua serva”, canta-Lhe ao Magnificat e logo Maria nos volta o olhar porque plasmada da graça singular, não pode retê-la. Aquele “Fiat voluntas tua” é uma disposição da nova Mulher que se opõe à primeira Eva. Maria só pode sê-la porque é a Única que pode orientar os rumos da nossa história, conjugando-a, com as núpcias do Cordeiro, cujo vinho é tornado Sangue e assim autêntica e única aliança que não pode ter fim. Aqui, então, vale a observação duma análise diligente da imagem encontrada. Seu aspecto escuro, enlodado pelas profundezas, coloca a predileta filha de Sião não apenas como nossa medianeira, mas também, por este aspecto, Maria, uma vez aparecida, cruza a nossa existência e muda, definitivamente, toda a fortuna da humanidade.
     
      Nos traços daquela bendita imagem nós nos colocamos e pela identificação da Mãe de todos os homens, verbaliza singularmente, o sacro orador lusitano Pe. António Vieira, no Sermão da Natividade de Nossa Senhora, como que a exaltar a admirável presença de Maria no desenvolvimento da salvação: Os diversos títulos da Virgem Mãe de Deus sempre me deixam admirados. Em particular, gosto de quando A vejo chamada “Stella Matutina”, Estrela da Manhã. Assim como esta estrela (Vênus, se não me engano) surge brilhante quando ainda é noite, assim a Virgem Santíssima surgiu ainda nas trevas do mundo. Como um sinal d’Aquele que estava por vir. Contemplarmos Maria e a honrarmos com o título de Aparecida é sabermos que ela sempre nos valeu. Nossa Senhora encontrada por aqueles pescadores, cuja pesca havia sido insatisfatória,   nos dá, o que não pode faltar, como nas bodas em Caná: Jesus. O admirável sinal do Apocalipse narrado à segunda leitura é também encontrado na efígie diminuta da Conceição Aparecida. A este propósito, podemos perceber naquela imagem, vista de perfil, um dado todo particular: Maria se encontra com o útero avantajado. É propício, aqui, notar uma peça de um cancioneiro do século XV que evidencia com admiração a expectação da Virgem, quando já, ao término, proclama-se em Latim: Pariesque filium, audite carissimi! Vocabis eum Iesum, Ave Maria. Cuncti simus concanentes, Ave Maria. Paristes um filho, escutai caríssimos! Porás o nome de Jesus, Ave Maria. Todos juntos cantamos, Ave Maria.  Desta maneira a presença de Maria, aclamada de Aparecida, é vista no sentido primordial da sua missão: “portar a Deus”. Verdade tanto pela concepção no bojo do seu útero como em todo o seu ser. Maria gestou ao Filho de Deus, desde o momento em que “dispor-se” para que o Anjo a saudando com aquele Ave, soubesse que ali, “mudado o nome de Eva”, como lhe canta a liturgia, a vida e as consequências para  o homem também fossem.
        
        Escutamos no Evangelho que a Mãe de Jesus também havia sido conviva às bodas que acontecem ao terceiro dia. Sabe-se que a festa de casamento é imagem de Deus que desposa a Igreja, mostra esse amor que é oblação no Filho da Virgem. Desta maneira, Maria, sendo a primeira que se entrega, é capaz da indicação para os discípulos, para a Igreja, que, uma vez partícipes do festim da redenção, pode compreender o Fazei o que ele vos disser. Pensemos que na mais que centenária história da Virgem de Aparecida é esta a razão de nos dobrarmos Aquela que traz Deus para habitar de entre os homens. A devoção à Maria é com justeza o liame da terra com os céus para que tanto por seus rogos quanto imitando-a sejamos mais parecidos com Jesus Cristo. Desta feita, comenta o então Cardeal Ratzinger: [...] sem Maria a entrada de Deus na história não chegaria ao seu fim, portanto não teria conseguido justamente o que tem importância na confissão de fé- que Deus é um Deus conosco e não só um Deus em si próprio e para si próprio. Assim, a mulher, que designou a si mesma como humilde [...] está colocada no ponto central da confissão de Deus vivente e Ele não pode ser pensado sem ela. Ela pertence irrenunciavelmente à nossa fé no Deus vivente, no Deus que age.  

      Nossa Senhora Aparecida interessou-se por nós porque também participamos das núpcias do Cordeiro que acontece na Eucaristia e se desdobra em toda a nossa vida que mais identificados com o Cristo, deve ser, não outra coisa, senão o senhorio da presença do Reino, ou seja, Ele mesmo, na parcela do seu Israel, que se encontra em nosso país. Na pequenina imagem da Virgem Aparecida, venerada nos altares, suplicamos-lhe que uma vez tendo gestado o Novo do Eterno, volva seu olhar benigno para as situações nocivas que assolam nossa pátria de modo tal a nos levar em seu regaço para beber da letícia (alegria) do “vinho melhor”, para  se construir a “casa sobre a rocha”. Rogai por nós, ó Santa Mãe Aparecida. Amém.

XXVIII DOMINGO COMUM- Obrigado porque fostes embora

     

Primeira Leitura (Sb 7,7-11)

 Salmo de Resposta (Sl 89)

 Epístola (Hb 4,12-13)
         
Evangelho- Ano B-
(Mc 10,17-30)
                                                                                         *Por Ian Farias de Carvalho
     
 O pecado não está em possuir, mas em ser possuído por aquilo que você possui. É isso que nos ensina Jesus quando critica não a riqueza, mas o fato de nos deixarmos possuir por ela. Por isso, quando tudo queremos, nada conseguimos. No-lo recordou Pe. Vieira: "Quem quer tudo que lhe convém, perde o que quer e o que tem". Nas realidades prioritárias da nossa vida a lei de Deus sempre vai para o último lugar diante do desejo do homem. A riqueza mal usada é como corrente, que não 
permite que o homem seja elevado, mas o prende neste mundo e quem está preso não pode subir, mesmo que tenha asas e desejo. Há precisos 3 anos, quando repetia-se este mesmo evangelho, eu disse que condenar a riqueza seria um grande prejuízo a Jesus, pois existem pobres soberbos e ricos que são pobres. Existe a profunda pobreza material e a profunda pobreza espiritual. Um não é sinônimo do outro, como também o inverso não pode sê-lo. Quem não sabe usar o seu dinheiro para o bem, não usa bem seu dinheiro. 

Obrigado, jovem rico, porque fostes embora e não permanecestes onde achastes que não te cabia. 

Obrigado porque vistes que não era aquele o teu local e, na tua sinceridade, mesmo apegado aos bens do mundo, não fostes um usurpador de título ou procurastes o Senhor por interesse.

Obrigado porque proporcionastes a Jesus o belo ensinamento de que o homem que não usa a sua riqueza para o bem, não sabe usar bem sua riqueza.

Obrigado porque ensinastes que não se pode seguir Jesus se não somos capazes de renunciar ao material, ao supérfluo e transitório.

Obrigado porque mostras aos que querem seguir o Senhor a dificuldade do caminho, exigências e respostas de amor que devem ser dadas a quem nos deu tudo.

Obrigado, Padres, que vos percebendo incapazes de dar continuidade ao caminho exigente do Evangelho e para honrar a Igreja preferistes renunciar ao exercício do ministério, não fazendo como tantos outros que dizem amar a Cristo, mas ajuntam para si tanta riqueza, quanto almas para Deus.


Obrigado, Religiosos (as), que não conseguindo abraçar intimamente o caminho do discipulado, deixastes os claustros e congregações para vos inserirdes no mundo, reconhecendo a não-capacidade de dar continuidade ao seguimento radical.




  

sábado, 3 de outubro de 2015

XXVII DOMINGO COMUM- '' Quod ergo Deus coniunxit, homo non separet!'' (cf. Mc X, 9)

          

    

 1ª Leitura - Gn 2,18-24Salmo - Sl 127,1-2.3.4-5.6 (R. cf. 5)2ª Leitura - Hb 2,9-11Evangelho - Mc 10,2-16



Caríssimos no Cristo Total,                                                                     
        



   Providencialmente quis Deus este Domingo com o qual à Basílica de São Pedro , Sua Santidade Papa Francisco e os Padres Sinodais abrissem o Sínodo das Famílias querido desde o ano de dois mil e treze. Deste ano para cá foram gravitadas em torno do termo “Família” uma série de reflexões, algumas das quais, tornavam-se equidistantes do conceito tanto em sua gênesis  natural, bem como, no sentido instituição tornada Sacramento, com a aquiescência libérrima entre um homem e uma mulher. Sabido disto, espera-se pois,   do Sínodo , um tempo para que à luz do perene magistério, a Igreja, que é Católica, faça sua via pastoral com sólida reflexão para dirimir os males que sucumbem o vital organismo da Sociedade. Seu clímax que será quando da inscrição dos pais de Santa Teresinha do Menino Jesus ao elenco dos santos. Depois da Família de Jesus, torna-se um modelo de virtudes para a “Chamada Universal” à Santidade, daqueles que, nascidos da carne, foram pelo Batismo enxertados à magna e católica família que se chama Igreja.
          O lecionário para este hoje nos faz, imersos num mundo de tantos desvios, de a-conceitos, de dúbios subjetivismos... pousarmos um olhar mais atento, clarividente e verdadeiro para “o que é a família”. Quiçá fossemos permutar essa afirmativa para “O que é a família?” em ambientes que são tomados por outras hermenêuticas pautadas por facetas ideológicas permeadas por correntes feministas, por exemplo, não somente seria uma indagação difícil de ser respondida, mas outrossim, ela não seria concebida da valência principal para tal ordenamento: A união entre o homem e uma mulher para a perpetuação da prole. Isto seria um tabu! Uma imposição “valoral” com bases no direito e na tradição do Ocidente judaico-cristã. Óbvio não podemos nos deter por essas alternâncias que tantos males têm trazido para nossos filhos e, destarte, já nos responde o sábio Papa Bento XVI em sua encíclica Deus Caritas Est: “A palavra ‘amor’ é um problema de linguagem!”  Para o mundo não vale a máxima agostiniana: “Ame e faça o que queres’’, antes para o cristão porque sabe que “amar’’ não é sentimento vácuo e tampouco uma banal justificativa impregnada por Respeito Humano.
    Foi porque Deus é Amor que tamanha essência, o Eterno, que poderia bastar-Se; no “Faça-se”, tornou-nos a partir dos nossos primeiros pais partícipes da sua economia, ou seja, a revelação-aliança de o homem não permanecer só, dando-lhe uma “carne de sua carne e ossos dos seus ossos!” Esta exclamativa trazida pela perícope hoje proclamada na Liturgia da Igreja nos faz compreender que a união esponsal é sinete, sempre, segundo o Apóstolo São Paulo à Epístola aos Efésios, daquela conjugação entre “Cristo e a Igreja”, Aliança, pelo obséquio da Cruz e, simultaneamente, aquilo que já é entendido, pelas admiráveis e misteriosas palavras já presentes dantes da queda primígena: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne.” Ora, antes de sê-los carne, que aqui não se aplica uma acepção do que é nocivo, mas o “corpo”, é mister notarmos que “adâmico” é o que é vindo da terra, é barro! E, por isto mesmo é frágil e somente se torna forte quando recebe às narinas Zoé, o Espírito da vida e que dá a vida, tornando o homem capaz de nomear as outras espécies de vida e de ter uma mulher, plasmada da costela, que depois é a Memória Neo-Testamentária do que viram os Padres da Igreja: assim como Eva foi tirada da costela de Adão, a Igreja nasce do lado trespassado do Cristo na Cruz. Partindo o homem e desposando a sua esposa, não estão mais imersos num monólogo e num individualismo, porém são entregues um ao outro, conforme prometeram em suas consciências e defronte ao Altar, firmaram a Aliança, por isto mesmo a Igreja enxergou o Matrimônio um dos sacramentos ditos de missão. Partem, não para viverem numa abstrata felicidade, num “que sejam felizes enquanto dure” e sim para fiéis às promessas do Matrimônio, como “educar os filhos na Lei de Deus e da Igreja”, logo o sentido sacrossanto da família e da sua missão pode ser entendida numa breve palavra do discurso do Papa Francisco em Filadélfia: “(...) a família tem carta de cidadania divina.”  Compreendemos assim que os parâmetros para defini-la são encontrados na Palavra de Deus e por conseguinte a séria realidade do vínculo matrimonial que é a indissolubilidade, tão bem ilustrada no cântico do  Salmo Cento e Vinte e sete: “A tua esposa é uma videira bem fecunda no coração da tua casa; os teus filhos são rebentos de oliveira ao redor da tua mesa.”
          Jesus, no Evangelho, é pego pelos fariseus, a intenção é para entregá-lo aos algozes seus. O Senhor que “conhece o íntimo dos homens” responde-lhes com uma pergunta: “O que Moisés vos ordenou?” E, eis: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la.” E então a capital questão que assola o mundo e, infelizmente, aqueles que desejam contornar o cristianismo católico duma maneira menos rigorosa: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento.” Coração para o judeu e para as Escrituras Sagradas é o centro de todos os intentos do Homem! É a partir dele que se há uma consciência formada ou pérfida. Um coração que endurece, ou seja, não aprazível ao deleite da vontade Divina é obscurecido pelo pecado. Atualmente são tantas as asperezas   e os ditames. Pensemos na questão dessa nossa reflexão, a Família. As perturbações pelas quais  passa! Declarada por muitos que nem no âmbito político-social deveriam exercer, que o que vale é um “bem estar dos indivíduos” e põem em seus esquemas de governo para massificar e não perder um posto corrupto, a célula-mater das sociedades, ou melhor, sem a qual não se haveria Sociedade. A insensibilidade dos fariseus poderia ser comparada aos que, atualmente, como diz São Josemaria Escrivá, “retalham a túnica alva da Esposa de Cristo!” As esclarecidas palavras de Jesus, garantem a permanência do Matrimônio: “Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!” Sem o Espírito de Cristo que criara o homem e a mulher, as palavras de Jesus não são mais que um longínquo passado e, de repente, o cristão entra no ritmo do mundo! E como compreendê-las?  Jesus então se vale mais uma vez da criança que é sinal daquela inocência original e da vontade que se encontra nos braços do Pai! A Família cristãmente, será sempre regida pelo prisma da Palavra de Deus e da moral católica, pois esta é a razão pelos quais participamos dos benefícios da salvação, haurido dos sacramentos que nos conduzirá aos céus, conforme ouvimos na leitura da Epístola de São Tiago, desta Missa: “Convinha de fato que aquele, por quem e para quem todas as coisas existem(...) levasse o iniciador da salvação deles à consumação, por meio de sofrimentos.” A Ele, o Primeiro e o Último. O Amém da Igreja, a glória e a imortalidade pelos séculos dos séculos.

                                                                   *Por André Fernandes Oliveira