sábado, 17 de outubro de 2015

XXIX DOMINGO COMUM- Quem pode beber do Cálice do Senhor?

 Cristãos,
    

“O Filho do homem veio dar a sua vida para a salvação dos homens.”  A Antífona de Comunhão colocada como opção para a Santa Missa deste Domingo são as palavras de Jesus que ouvimos do ministro ordenado ao final do Evangelho hoje proclamado pela Liturgia Católica. Constitui, elas, como que uma espécie de síntese tanto para os filhos de Zebedeu, João e Tiago e também para os três anúncios da paixão voluntária de Jesus aos discípulos à proximidade da Cidade Santa. Aqueles dois apóstolos de Jesus que com Pedro estavam nos momentos mais solenes do ministério de Jesus e que acompanhara o Filho de Deus até à suprema agonia, ainda, de fato, não havia chegado a uma clarividente compreensão do que era a “glória” do Messias. Não imaginavam, ainda que passados três anos à companhia de Jesus, a “firme decisão’’ do Senhor quando avança para Jerusalém.

          Era, ainda entre eles, a forte concepção de um “jesus ideologizado” advindo, possivelmente, das situações pelas quais Jesus havia passado: De um lado o poderio romano que com seus cavalos e espadas, altos impostos... oprimia as civilizações, anunciava uma espécie de pax romana que era na verdade uma forja sobretudo, inclusive, no julgamento de Cristo. De um outro ângulo viam-se os adeptos às seitas inseridas: saduceus, zelotas, fariseus. E podemos ainda destacar os partidários de Herodes. Formava-se, assim, cada um a seu modo, uma espécie de messianismo-por parte das autoridades religiosas e também a vênia ao Imperador que era não apenas o Pontifex Maximum- como se autointitulava- nele estava condensado a figura da divindade também.


      Neste contexto aparece o pregoeiro Jesus de Nazaré que traz o Reino dos céus. Seu “Evangelho” é uma dissociação e uma radical conversão dos corações do homem para Deus. Jesus que não se utiliza dum esquema de governo para traçar metas para serem cumpridas. Neste sentido, comenta Ratzinger: “Jesus era muito mais que um bom rabino e muito diferente de um zelota, de um revolucionário contra o poder romano. Jesus-podemos dizer-foi uma surpresa, uma figura que não era esperado daquele modo.’’  Sendo assim, portanto, vale quando Jesus toma para si o oráculo do Profeta Isaías que delineava a missão do Messias, o Servo do Senhor: “O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os quebrantados de coração e proclamar a liberdade aos cativos, a libertação aos que estão presos (cf. Is LXI, 1sg.).”  

   Jesus é a face inaudita de Deus, nunca dantes, nem sequer depois, vista pelo homem. Jesus é no hoje da nossa fé, o Servo obediente, que imolado na cruz mostrou a essência do serviço à competência do que se refere a Deus e concomitantemente ao Seu Reino!  Sendo assim a pretensão petitória de João e Tiago deve ser mudada não pedindo um lugar ao Mestre, lembremo-nos de que já havia discutido quem era o maior, ou a tentativa do “alguém” que deseja ter a vida eterna, mas não é capaz dum desprendimento pessoal, um anular-se. “Beber do cálice’’ de Jesus significa a plena capacidade de que a vida de todo discípulo está imersa com a do Senhor, de modo tal, a merecer a feliz dita: “Do cálice que eu beber, vós bebereis, e com o batismo com que eu for batizado, sereis batizados.” Isto, pois, é o serviço, que não é a priori um “fazer”, mas um “estar” para a partir desta permanência chegar à genuína certeza da pessoa de Jesus de Nazaré, cujo ministério foi um prelúdio do Gólgota.  

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