Cristãos,
“O Filho do homem veio dar a sua vida para
a salvação dos homens.” A Antífona de
Comunhão colocada como opção para a Santa Missa deste Domingo são as palavras
de Jesus que ouvimos do ministro ordenado ao final do Evangelho hoje proclamado
pela Liturgia Católica. Constitui, elas, como que uma espécie de síntese tanto
para os filhos de Zebedeu, João e Tiago e também para os três anúncios da
paixão voluntária de Jesus aos discípulos à proximidade da Cidade Santa.
Aqueles dois apóstolos de Jesus que com Pedro estavam nos momentos mais solenes
do ministério de Jesus e que acompanhara o Filho de Deus até à suprema agonia,
ainda, de fato, não havia chegado a uma clarividente compreensão do que era a “glória”
do Messias. Não imaginavam, ainda que passados três anos à companhia de Jesus,
a “firme decisão’’ do Senhor quando avança para Jerusalém.
Era, ainda entre eles, a forte
concepção de um “jesus ideologizado” advindo, possivelmente, das situações
pelas quais Jesus havia passado: De um lado o poderio romano que com seus
cavalos e espadas, altos impostos... oprimia as civilizações, anunciava uma
espécie de pax romana que era na verdade uma forja sobretudo, inclusive, no
julgamento de Cristo. De um outro ângulo viam-se os adeptos às seitas
inseridas: saduceus, zelotas, fariseus. E podemos ainda destacar os partidários
de Herodes. Formava-se, assim, cada um a seu modo, uma espécie de messianismo-por
parte das autoridades religiosas e também a vênia ao Imperador que era não
apenas o Pontifex Maximum- como se autointitulava- nele estava condensado a
figura da divindade também.
Neste contexto aparece o pregoeiro Jesus
de Nazaré que traz o Reino dos céus. Seu “Evangelho” é uma dissociação e uma
radical conversão dos corações do homem para Deus. Jesus que não se utiliza dum
esquema de governo para traçar metas para serem cumpridas. Neste sentido,
comenta Ratzinger: “Jesus era muito mais que um bom rabino e muito diferente de
um zelota, de um revolucionário contra o poder romano. Jesus-podemos dizer-foi
uma surpresa, uma figura que não era esperado daquele modo.’’ Sendo assim, portanto, vale quando Jesus toma
para si o oráculo do Profeta Isaías que delineava a missão do Messias, o Servo
do Senhor: “O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu;
enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os quebrantados de coração
e proclamar a liberdade aos cativos, a libertação aos que estão presos (cf. Is LXI, 1sg.).”
Jesus é a face inaudita de
Deus, nunca dantes, nem sequer depois, vista pelo homem. Jesus é no hoje da
nossa fé, o Servo obediente, que imolado na cruz mostrou a essência do serviço
à competência do que se refere a Deus e concomitantemente ao Seu Reino! Sendo assim a pretensão petitória de João e
Tiago deve ser mudada não pedindo um lugar ao Mestre, lembremo-nos de que já
havia discutido quem era o maior, ou a tentativa do “alguém” que deseja ter a
vida eterna, mas não é capaz dum desprendimento pessoal, um anular-se. “Beber
do cálice’’ de Jesus significa a plena capacidade de que a vida de todo
discípulo está imersa com a do Senhor, de modo tal, a merecer a feliz dita: “Do
cálice que eu beber, vós bebereis, e com o batismo com que eu for batizado,
sereis batizados.” Isto, pois, é o serviço, que não é a priori um “fazer”, mas
um “estar” para a partir desta permanência chegar à genuína certeza da pessoa
de Jesus de Nazaré, cujo ministério foi um prelúdio do Gólgota.
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