sexta-feira, 15 de junho de 2012

MARIA E O MAGNIFICAT

Queridos leitores,


Estes dias, estamos com muitas atividades em nosso seminário. O tempo está muito reduzido: é o final do semestre. Por isso, para não perder o contato com vocês, ainda sob a influência do mês de Maria, publico a seguinte postagem.

Agradeço a atenção de vocês!

Seminarista Everson Fontes Fonseca

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A Virgem Maria era profundamente conhecedora da Palavra de Deus. Não somente porque o Verbo, na plenitude dos tempos, se fez carne em seu ventre benditíssimo quando da anunciação de Gabriel e da sua concepção como obra do Espírito Santo; antes mesmo do evento da embaixada do Anjo e consequente encarnação de Deus, Maria já refletia em seu coração as Escrituras ensinadas em seu lar pelo seu venerável pai, São Joaquim, já que às mulheres não era permitida a inserção na sinagoga, e lhes eram privados os acessos diretos às Leis e a Profecias, bem como ao lugar reservado do Templo. Assim, somente os homens tinham tais benesses e tinham por religiosa obrigação a transmissão da Palavra e dos Mandamentos de Deus à sua casa, fazendo jus à ordem dada por Moisés: “Tu os inculcarás a teus filhos, e deles falarás, seja sentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares” (Dt 6,7). Neste sentido, porque Maria, já desde a tenra idade, ter sempre meditado a Palavra de Deus, Santo Agostinho afirma: Maria fez plenamente a vontade do Pai e por isso é mais para Maria ter sido discípula de Cristo do que Mãe de Cristo (Sermões, 5, 7). A observância de Maria às Escrituras e aos sinais de Deus não para aí, pois toda a sua vida será regrada pela constante aludida por São Lucas: “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19). Com estas linhas, queremos, através do Magnificat, o Cântico de Maria, ponderar a solicitude da Virgem para com a Palavra de Deus, transparecendo-a com a sua vida em estreita com o que ela cria e rezava.


Ao visitar a sua prima Isabel, grávida de João, o precursor, Maria, a “Plena de Graça”, prenhe no coração e no ventre do Verbo, prorrompe em um louvor eminente, quiçá o maior dentre as criaturas já apresentado pela Bíblia. Poderíamos considerar o Magnificat como um compêndio de toda a esperança teológica de Israel. O Cântico de Maria reflete a missão do Messias diante da expectativa dos povos, inclusive dos judeus. Inspirada pelo Espírito Santo, de quem é cheia e de quem gera virginalmente, Maria percorre intencionalmente a toda Lei e as Profecias (inclusive o saltério), sintetizado-as em seu bradar. E com propriedade, já que fisicamente porta em seu interior a Palavra de Deus, por meio da qual tudo foi feito (cf. Jo 1,3). Em linhas gerais, poderíamos afirmar que o Cântico de Maria é a litania brotada de tantos, marcados pela pequenez e pelo espírito de expectativa pela vinda do Messias, em especial dos pobres (anawin). Assim, Maria profetiza que Deus, ao fazer homem, assume o partido dos pequenos, e realiza uma transformação histórica, invertendo a ordem social: os ricos e poderosos são depostos e despojados; os pobres e oprimidos são libertos e assumem a direção dessa nova história. Logo, este hino canta a gratidão pessoal da Mãe de Jesus, depois a de todo o povo de Deus, pelo cumprimento das promessas da Aliança.
Estruturalmente, os exegetas veem no Magnificat uma semelhança com o Cântico de Ana (cf. 1Sm 2,11-10), porém com uma originalidade peculiar, pois ela não para aí, mas testifica profecias e o saltério, tal como anteriormente aludíamos.


Estabelecemos a seguir uma ponte entre o Magnificat e as passagens inspiradoras, de cujas referências, a Virgem parece ter recorrido:


“E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador” (Lc 1,46-47); “Ana pronunciou esta prece: Exulta o meu coração no Senhor, nele se eleva a minha força; a minha boca desafia os meus adversários, porque me alegro na vossa salvação” (1Sm 2,1); “Então a minha alma exultará no Senhor, e se alegrará pelo seu auxílio” (Sl 34,9).


“Porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lc 1,48); “E fez um voto, dizendo: Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição de vossa serva, e vos lembrardes de mim; se não vos esquecerdes de vossa escrava e lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida, e a navalha não passará pela sua cabeça” (1Sm 1,11); “Sim, excelso é o Senhor, mas olha os pequeninos, enquanto seu olhar perscruta os soberbos” (Sl 137,6).


“Porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo” (Lc 1,49); “Enviou a seu povo a redenção, concluiu com ele uma aliança eterna. Santo e venerável é o seu nome” (Sl 110,9); “Sim, o Senhor fez por nós grandes coisas; ficamos exultantes de alegria!” (Sl 125,3).


“Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem” (Lc 1,50); “Faço aliança contigo e com tua posteridade, uma aliança eterna, de geração em geração, para que eu seja o teu Deus e o Deus de tua posteridade” (Gn 17,7); “Mas uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Ex 20,6).


“Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos” (Lc 1,51); “O Senhor descobre seu braço santo aos olhares das nações, e todos os confins da terra verão o triunfo de nosso Deus” (Is 52,10).


“Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes” (Lc 1,52); “Quebra-se o arco dos fortes, enquanto os fracos se revestem de vigor […]Levanta do pó o mendigo, do esterco retira o indigente, para fazê-los sentar-se entre os nobres e outorgar-lhes um trono de honra, porque do Senhor são as colunas da terra. Sobre elas estabeleceu o mundo” (1Sm 2,4.8); “Exalta os humildes, e dá nova alegria aos que estão de luto” (Jó 5,11).


“Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos” (Lc 1,53); “Os abastados se assalariam para ganharem o que comer, enquanto os famintos são saciados. Sete vezes dá à luz a estéril, enquanto a mãe de numerosos filhos enlanguesce. O Senhor dá a morte e a vida, faz descer à habitação dos mortos e de lá voltar” (1Sm 2,5-6).


“Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia” (Lc 1,54); “Naquele tempo - oráculo do Senhor - serei o Deus de todas as tribos de Israel, e elas constituirão o meu povo […] De longe me aparecia o Senhor: amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor” (Jr 31,1.3); “Lembrou-se de sua bondade e de sua fidelidade em favor da casa de Israel. Os confins da terra puderam ver a salvação de nosso Deus” (Sl 97,3).


“Conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre” (Lc 1,55); “O Senhor fez a Davi um juramento, de que não há de se retratar: Colocarei em teu trono um descendente de tua raça” (Sl 131,11).


Ao contemplarmos este brado profético de louvor emanado dos lábios e do interior da Virgem Santa, Mulher atenta à Palavra do Senhor, somos invitados, a partir do seu exemplo, a um olhar de esperança, na certeza de que a providência de Deus age, inclusive quando estamos no charco de nossa miséria, muito embora Maria Santíssima fosse imaculada e, “ab aeterno”, fosse grande aos olhos do Criador que a cumulou de tantas graças em previsão dos méritos de Cristo. Que a intercessão materna da Senhora de Nazaré sempre nos auxilie. 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

NÃO É O HÁBITO QUE FAZ O MONGE, MAS O IDENTIFICA COMO TAL




REDAÇÃO CENTRAL, 12 Jun. 12 (ACI/EWTN Noticias) .- O famoso sacerdote exorcista espanhol José Antonio Fortea remarcou a importância de que os sacerdotes vistam a batina, como um sinal de consagração a Deus e de serviço aos fiéis.


Numa entrevista concedida ao grupo ACI, durante sua visita ao Peru, onde participou da solenidade de Corpus Christi na cidade de Trujillo, na costa norte do país, o Pe. Fortea indicou que "os clérigos devem vestir-se da mesma forma que os sacerdotes mais exemplares se vestem nessas terras, porque ir identificado é um serviço".
Depois de destacar que é obrigação da Conferência Episcopal de cada país determinar qual é o melhor sinal sacerdotal, o Pe. Fortea indicou que "a minha recomendação a respeito deste tema é que o sacerdote se identifique como tal".


Em efeito, o Código de Direito Canônico, no artigo 284 indica que "os clérigos têm que vestir um traje eclesiástico digno, segundo as normas dadas pela Conferência Episcopal e segundo os costumes legítimos do lugar".


Por outra parte, a Congregação para o Clero, no seu "Diretório para o ministério e a vida dos presbíteros", expressou "que o clérigo não use o traje eclesiástico pode manifestar um escasso sentido da própria identidade de pastor, inteiramente dedicado ao serviço da Igreja".


"Numa sociedade secularizada e tendencialmente materialista, onde tendem a desaparecer inclusive os sinais externos das realidades sagradas e sobrenaturais, sente-se particularmente a necessidade de que o presbítero, homem de Deus, dispensador de Seus mistérios, seja reconhecível aos olhos da comunidade, também pela roupa que leva, como sinal inequívoco da sua dedicação e da identidade de quem desempenha um ministério público", assinala o documento vaticano.


O Pe. Fortea destacou que "não vamos identificados porque gostamos. Pode ser que gostemos ou não. Vamos (identificados) porque é um serviço para os fiéis, é um sinal de consagração, ajuda a nós mesmos".


O presbítero reconheceu a dificuldade de que a um sacerdote a quem desde o seminário não lhe ensinou sobre o valor do hábito de usar a batina, mude depois, entretanto precisou que nos últimos isto anos "foi mudando para melhor". "É fácil mantê-lo (o hábito), é difícil começá-lo. Mas o sacerdote deve ir identificado", assinalou.


Ao ser consultado se o costume de não usar a batina guarda alguma relação com a Teologia Marxista da Libertação, o Pe. Fortea assinalou que "agora as coisas já mudaram".


"Foi nos anos 70, 80, onde todos estes sacerdotes se viam a si mesmos mais como pessoas que ajudavam à justiça social. Ali não tinha sentido o hábito sacerdotal, o hábito sacerdotal tem sentido como sinal de consagração".


Para o famoso exorcista, "agora já passou isso, mas ficou o costume de não vestir-se como tal e claro, é difícil, eu entendo que é difícil. Mas estas coisas estão mudando pouco a pouco".

AO GLORIOSO SANTO ANTÔNIO, NOSSO PADROEIRO



Oh! Angélico Santo Antônio,
Com Deus Menino nos braços,
Fazei que Ele me prenda
Com seus amorosos braços.

Oh! Angélico Santo Antônio,
Em tudo sois milagroso.
Alcançai-me do Senhor
Um coração fervoroso.

Oh! Angélico Santo Antônio,
Esplendor de castidade,
Conservai meu coração
Livre de toda maldade.

Oh! Angélico Santo Antônio,
Dai-me a vossa proteção,
Na terra guiai meus passos,
Alcançai-me a salvação.


Oh! Angélico Santo Antônio,
Se vossa língua é bendita,
Fazei que a vossa doutrina 
Na minh'alma esteja escrita.

Oh! Angélico Santo Antônio,
Que recuperais o perdido,
Alcançai-me uma dor grande
De ter a Deus ofendido.

Oh! Angélico Santo Antônio,
Por seus ditames sagrados,
Fazei que eu chegue a seguir-vos
Com passos agigantados.

Oh! Angélico Santo Antônio,
Esplendor de Portugal,
Valei-me, patrocinai-me,
Que sou vosso natural.

Oh! Angélico Santo Antônio,
Com milagres patentosos,
Pedi a Deus que me dê
Um coração fervoroso. 

terça-feira, 5 de junho de 2012

O NAZISMO BRASILEIRO


Por Roberto Cavalcanti Coutinho Pires



No mês de Abril, deste ano, a cultura de morte conseguiu mais um avanço rumo ao tão desejado completo poder de matar no nosso país. O Supremo Tribunal Federal definiu, nos dias 11 e 12 do referido mês, que o aborto de anencéfalo não mais será crime, a decisão foi dada a partir dos oito votos a favor da abertura dessa exceção, neste respectivo caso, contra um. O discurso emblemático a favor do aborto neste caso específico feito pelo Sr. Ministro Ayres Britto estava carregado de uma polpa científica e ainda romanizada de forma artística para justificar a barbárie e ainda por cima ludibriar a população e esconder os reais interesses do governo com esta medida.  


Primeiramente, é importante lembrar que o STF não tem competência legal para implantar exceções a uma ação considerada crime, uma vez que esta decisão é de exclusividade do poder Legislativo e não Judiciário, por tanto, esta votação foi inconstitucional, mostrando que mais uma vez o STF quebrou a soberania da constituição brasileira. Em segundo lugar, é importante lembrar também que na época da campanha da então candidata Dilma Rousseff, ela chegou a afirmar que o aborto era um assunto de saúde pública dando a entender que não caberia no debate qualquer consideração de ordem moral ou ética. A reivindicação da comunidade cristã brasileira fez a Dilma Rousseff assinar um termo de compromisso onde dizia comprometer-se a não alterar o que o código penal prevê como crime de aborto. Caindo nas pesquisas pelas suas declarações sutilmente a favor do aborto, Dilma assinou o acordo para que pudesse novamente subir nas pesquisas.


Não obstante, ela assumindo o poder executivo máximo do território brasileiro, pouco ou nada poderia fazer para impedir que isso acontecesse, e, não se engane, ela sabia disso. Assinou um compromisso que ela mesma sabia que não poderia cumprir, e o que é pior, que jamais passou pela sua mente cumprir, visto que as suas posições ideológicas eram, mesmo que sutilmente, bastante a favor não de exceções para o código penal, mas sim da descriminalização do aborto.


Segundo a constituição, o direito a vida é o bem mais inalienável que existe. Desta forma, de cara, o STF não considera a vida de um anencéfalo uma vida humana. Analisemos os discursos pró-aborto de anencéfalos concebidos pelos ministros do Supremo:


“Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida em potencial. No caso do anencéfalo, não existe vida possível. O feto anencéfalo é biologicamente vivo, por ser formado por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal. [...] O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte segura. Anencefalia é incompatível com a vida” - ministro Marco Aurélio Mello.


Desta forma, entende-se que o ministro considera o aborto um crime contra a vida e não desconsidera a vida do anencéfalo uma vida (?). Deparamo-nos com o primeiro paradoxo nas premissas do senhor ministro logo resolvidos aparentemente pela manipulação semântica que ele fez ao referir-se à vida do anencéfalo como “o caso do anencéfalo”. Pela sua declaração, é possível perceber – quando o ministro diz “que o feto anencéfalo é biologicamente vivo por ser formado por células vivas” e “o anencéfalo jamais se tornará uma pessoa – que, para ele, a vida é fundada não no tempo presente, no seu status atual de vida, mas sim fundamentada na possibilidade do que ela poderá vir-a-ser, em outras palavras, para Marco Aurélio, só é vida aquele “caso” que se poderá ter a perspectiva de atingir todos os estágios da vida humana, logo, o feto anencéfalo não contém uma vida humana no tempo presente por possivelmente não conter uma vida futuramente. Esta “lógica” é na verdade um problema metafísico onde se julga uma coisa não pelo que ela é, mas sim pelo que ela poderá virá a ser. Nunca vi um caso tão grave onde o cidadão nasceu com o seu cérebro, porém não o utiliza, e ainda por cima considera-se capacitado para usar-lo em nome da nação inteira.


“Eu me permito dizer que é estranho criminalizar o aborto, a interrupção de uma gravidez humana, sem a definição de quando começa e quando se inicia essa vida humana. Parece que o próprio Código Penal padece de um déficit de logicidade, de uma insuficiência conceitual. Não define quando inicia vida humana, a Constituição também não.” – ministro Ayres Britto


Na verdade, é estranho descriminalizar o aborto, pois não se tem certeza de quando a vida inicia-se e quando se descriminaliza a possibilidade de erro ou equívoco é posta em jogo justamente pela possibilidade da vida humana iniciar-se antes do que se imaginava e o aborto ser um ato cometido já no período em que a vida humana já o é em potencial.


“Não há vida humana que não se inicie pela fecundação, mas não é possível confundir embrião de vida humana com vida humana embrionária.” – ministro Ayres Britto.


Aqui o ministro admite que a vida inicia-se na fecundação, mas argumenta também que não é para confundir embrião de vida humana embrionário com vida humana embrionária. Com isso, o ministro pare dizer que no “caso dos anencéfalos” não há embrião de vida humana, tendo por base que vida humana está na possibilidade do embrião desenvolver-se até a fase final convencional da vida. Está evidente que o senhor Ayres Britto está julgando outras formas de vida humana, ou melhor, “casos”, a partir de um modelo ideal de vida humana. Para o ministro, a vida humana é aquela que há a possibilidade de transpassar da infância à terceira idade. Ficam os questionamentos: quem é o ministro para decidir que a melhor forma de vida é aquela que transpassa todas as etapas, Deus? Quem somos nós para criar modelos ideais de seres humanos?


Eu, recentemente, fiz um comentário nas redes sociais afirmando sentir medo quando o STF criar modelos ideais de seres humanos baseados naquelas clássicas definições do mesmo: aquele que possui cérebro altamente desenvolvido, polegar opositor, distingue-se pela racionalidade, mamífero, etc, etc, etc. O que acontecerá com aqueles que não nascerem com o polegar opositor? Na verdade, o que está iniciando no nosso país é a implantação de ideologias de morte mais semelhantes ao nazismo e seus modelos de humano ideal. O Estado finge que aqueles que não se encaixaram no sistema não existem, e agora, com este caso, fingem que os anencéfalos não são vidas humanas pelo simples fato de não poderem contribuir diretamente para o desenvolvimento da sua economia e enriquecer ainda mais a Elite do nosso Brasil. E o mais chocante é ver as pessoas aplaudirem estes homens ditos doutos, que mal sabem o que é vida humana, assumindo não saber nem quando ela inicia-se, querer arriscar em um erro possível, na verdade absoluto.


Os anencéfalos são nossos irmãos, são seres humanos, vivem e, como todos nós, um dia irão morrer. Quem sou eu para desqualificar como humanos eles por serem diferentes ou por possivelmente não seguirem os padrões e não transpassarem as fases todas da vida? Abortem a qualquer um, então, pois um dia todos nós iremos morrer. Todos, se tudo der certo, um dia vamos morrer, cedo ou tarde e nem por isso sacrificaremos outros seres humanos.


sexta-feira, 1 de junho de 2012

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE


(Ano B – 03 de junho de 2012)



I Leitura: Dt 4,32-34.39-40
Salmo Responsorial: Sl 32(33),4-5.6.9.18-19.20.22 (R/. 12b)
II Leitura: Rm 8,14-17
Evangelho: Mt 28,16-20 (Despedida na Galileia)



Queridos irmãos,



Hoje celebramos, após o Domingo de Pentecostes, a Solenidade da Santíssima Trindade. Muito embora a Páscoa já tenha sido encerrada no domingo passado com o hoje teológico do Pentecostes, a solenidade da Santíssima Trindade, quanto a sua data, depende de todo o caminhar temporal da Páscoa. Hoje a Igreja reflete acerca da essência trinitária de Deus: uma Única e Suprema divindade em Três Pessoas. Esta é a primeira de três solenidades conseguintes, já que, na próxima quinta-feira, toda a Igreja celebra a Solenidade de Corpus Christi; e, na sexta-feira da semana seguinte, a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Cada uma destas três datas litúrgicas possui uma evidência peculiar, já que elas pretendem abarcar todo mistério da vida cristã da salvação, sintetizando, de certa maneira, a revelação de Jesus Cristo, da sua encarnação à morte, ressurreição, ascensão, bem como à doação do Espírito Santo. A solenidade de hoje nos convida à contemplação de um “céu aberto”, depois de uma revelação paulatina, mas profunda, de cada uma das Pessoas Trinitárias, inserindo-nos, com o olhar da fé, no mistério de um Deus, Uno na substância e Trino nas Pessoas.


A Oração de Coleta inicia apresentando-nos o Pai como o remetente da missão do Filho e do Espírito Santo: "Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que, professando a verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade onipotente". O Pai envia em missão o Filho e o Espírito com a finalidade de revelar ao mundo o seu “inefável mistério”. Mas, por que o Pai tem esta atitude? O Evangelho segundo São João é uma chave de resposta: “Deus tanto amou o mundo, que deu seu Filho Unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). É porque nos ama. É para que nos salvemos que Deus se revela. Porém, ao revelar sua glória Trinitária e Unidade onipotente, Deus nos vocaciona para o seio desta “Comunidade de Amor”, onde o Pai ama eternamente o Filho, o Amante Divino ao Eterno Amado (cf. Mt 3, 17; 17, 4; Mc 1, 11; 9, 7; Lc 9, 35; Jo 5, 20; Cl 1, 13; 2Pd 1, 17), ao tempo em que o Eterno Amado corresponde ao sentimento do Pai amando-o, fazendo inteiramente a sua vontade. Deste inesgotável intercâmbio, eis o Espírito Santo, o Amor, promotor desta relação misteriosa, porque é divina. É ainda vontade do Pai que a criatura humana seja inserida pelo Filho nesta “Comunidade”, embora pelo que, por nós mesmos, não tenhamos nada a acrescentar nesta sublime relação intratrinitária. Somos filhos pelo Filho, a salvação nada mais é do que este habitar eternamente no seio de Deus, Uno e Trino. Aí se encontra a plenitude da vida.


Na economia das Pessoas Trinitárias, Deus se revela. E, na plenitude dos tempos, encarna-se. Pela encarnação do Verbo não somos mais prejudicados pela visão da glória da divindade: Ele se abaixa à nossa condição, faz-se um de nós: Kénosis. Somente assim, contemplamos o seu rosto. Jesus é o rosto humano de Deus, como bem afirmara o Beato João Paulo II. É pelo conjunto kenótico (Encarnação, Vida, Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão) de Jesus, Deus Encarnado, que o homem é divinizado. Logo, o ser humano passa a ver Deus, herda a sua glória, co-habitando na Trindade. Mais do que Moisés, que vê o Senhor apenas pelas costas, pela vinda do Filho, vemos Deus por inteiro, tornamo-nos herdeiros de Deus.


Que o Amor trinitário (o Espírito Divino) nos invada e nos conduza à comunhão com a Trindade Santíssima, para que, desde já, nesta terra de exílio rumo à Pátria Definitiva nos irmanemos na comunidade cristã, imitando, com afinco, a doçura e harmonia das Pessoas Trinitárias.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

MARIA, RAINHA DOS CÉUS


Por Thiago Menezes Santos


Caríssimos e estimados irmãos em Cristo Jesus,


No dia de hoje, a Igreja peregrina, através da piedade popular, sempre unida à liturgia Celeste com a coroação da Virgem Maria, nossa Mãe e Mestra. Por isso, nosso coração se rejubila de alegria no Senhor neste dia, pois Deus a elevou ao mais alto dos Céus e a coroou Rainha, como figura-nos o livro do Apocalipse, no capítulo 12. Amemo-la e sirvamo-la com a consciência, dignidade e merecimento que a Mãe de Deus merece, tirando como belo e piedoso exemplo o do Papa São Pio X que, fazendo referência à Coroação de Maria por meio da sua encíclica Ad Diem illum Latissinum, com eloquência nos diz: “Todos sabem que a Mulher representava a Virgem Maria... Portanto João viu a Santíssima Mãe de Deus já na eterna felicidade, mas em trabalho de parto misterioso. Que parto era esse? Com certeza, era o nascimento de nós que, no exílio, ainda devemos ser gerados para a perfeita caridade de Deus e para a felicidade eterna”.


“Apareceu no Céu um grande sinal: uma Mulher revestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava em dores, sentindo angústias de dar à luz. Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono” (Ap 12, 1-2, 5). São João fez questão de colocar esta palavra “Mulher”. Esta palavra não é meramente usada por ele para mencionar esta. João, ao chama-la Mulher, faz referência ao livro do Genesis 3,15 e a hora da crucificação de Jesus Cristo, onde o mesmo apóstolo, uma vez mais, utiliza a mesma palavra “Mulher”.           


 Interessante observarmos que o Genesis 3,15 é a profecia de uma Mulher que pisaria na cabeça da serpente, e Eva foi incapaz de realizar esse feito, pois ela desobedeceu a Deus, sendo assim, quem seria esta Mulher? Jesus retoma esta passagem quando o Evangelho diz: “Mulher, eis aí teu filho”; filho, “eis ai tua mãe”... (João 19, 26-27). Portanto, Maria, Mãe do Filho de Deus, é a Mulher do Gênesis ao Apocalipse.


No capítulo 12 do Apocalipse de São João, Nossa Senhora aparece prefigurada no Céu de forma magnífica, revestida da Glória resplandecente da eternidade, que brilhava como sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, mostrando a sua grandeza diante da humanidade e sua pequenez diante de Deus. Porém uma coisa nos chama atenção: Ela usava uma coroa de doze estrelas. Intrigante, pois nos fica um questionamento, quem usa uma coroa se não uma Rainha? Notemos então, que em sua coroa existem doze estrelas, o mesmo número dos apóstolos de Jesus, e das doze tribos de Israel, representando os cristãos que ela acolheu como filhos na Terra.


Pio XII cita ainda uma belíssima passagem da bula "Ineffabilis Deus" da proclamação do dogma da Imaculada Conceição: "Deus fez a maravilha de enriquecê-la, acima de todos os anjos e santos, de tal abundância de todas as graças celestiais hauridas dos tesouros da divindade, que ela - imune de toda a mancha do pecado e toda bela - apresenta tal plenitude de inocência e santidade, que não se pode conceber maior abaixo de Deus, nem ninguém a pode compreender plenamente senão Deus". Foi a humildade de Maria que a elevou ao mais alto dos Céus. Ela não só escutou, ela acolheu e viveu com santidade a Palavra de Deus. Antes de tudo, Maria é Serva e Humilde. “Ele realiza proezas com seu braço: e eleva os humildes” (Lc 1,51-22). 


Porém, Maria tem um inimigo que vem desde a Criação, a serpente que ainda continua com sua inimizade no Apocalipse: “Depois apareceu no Céu outro sinal no Céu: um grande Dragão Vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas. Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do Céu, e as atirou a terra. Esse dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar a luz, a fim de que, quando ela desse a luz, lhe devorasse o filho” (Ap 12, 3-4). O dragão, o qual João tem a visão, é Lúcifer que também é chamado de serpente, ele enganou a terça parte dos anjos que estavam com ele nos Céu e esses anjos caíram com ele sobre a terra. O dragão queria devorar o filho da Mulher, mas o filho foi levado para junto de Deus. Interessante observamos que João faz referência à perseguição que Herodes fez a Jesus quando Ele era criança.

Quando Cristo foi morto na Cruz, aconteceu a Redenção da humanidade. Foi a entrega de Jesus como Cordeiro sacrifical perfeito que redimiu e libertou a humanidade das mãos da serpente. Ali, aconteceu a derrota de Satanás na terra. Lembremos-nos de um dito que traduz esta realidade: “o diabo foge da cruz”, pois as trevas estremeceram quando Cristo foi crucificado e morto. Logo, o dragão é derrotado na terra pela entrega de Jesus e pela obediência de Maria.

O Papa Pio XII vai nos dizer ainda: “ela se ofereceu no Calvário ao Eterno Pai, sacrificando seu amor de mãe em benefício de toda a humanidade manchada pelo pecado”. Por isso, assim como Jesus é Rei, não só por ser o Filho de Deus, mas também por ser o nosso Redentor, assim, pode-se afirmar que Maria é Rainha, não só por ser a Mãe de Deus, mas também porque associou-se a Cristo na redenção do gênero humano.

“Houve uma batalha no Céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O dragão e seus anjos travaram combate. Mas não prevaleceram. E já não houve lugar no Céu para eles. Foi então precipitado o grande dragão, que é a primitiva serpente, chamado de Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado a terra, e com ele os seus anjos” (Ap. 12, 7-9). Satanás foi derrotado nos Céus por São Miguel e a milícia celeste, em seguida ele é expulso e cai sobre a terra, onde este também é derrotado por Jesus e Maria, logo ele se enche de raiva contra a “Mulher” que deu a luz ao Redentor e começa a persegui-la. A Rainha dos Céus aparece nos versículos 13 e 14 sendo perseguida pelo autor do Mal, porém Deus a protegeu. Hoje, a fúria de Satanás contra Maria é anunciada através das calúnias contra Ela, e contra a sua realeza celeste.

Cheio de raiva por causa da Mulher, o dragão começou a fazer então a atacar o resto dos filhos dela, os que obedecem aos mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus (cf. Ap 12, 17). “Satanás sabe que foi derrotado, que ele não tem chance de vitória, pois Jesus já o venceu e lhe resta pouco tempo. A derrota de Satanás aconteceu na Cruz de Cristo. E por que continuamos lutando se já vencemos? Satanás quer nos colocar no lugar dele de derrota. O problema é que ele é mentiroso, faz propaganda enganosa, nos promete o paraíso, mas o que vemos é o inferno, ele nos seduz e caímos na dele, vamos atrás do paraíso e já começamos a viver o inferno na terra. Precisamos decidir se somos descendentes da Mulher do Gênesis ao Apocalipse, Maria Santíssima, ou de Satanás, a serpente. Aqui, está a decisão e é por isso que existe uma luta, pois somos livres para escolher” (Pe. Paulo Ricardo).

Por isso, estimados irmãos, devemos acolhê-la em nossa casa como o discípulo amado a acolheu, pois, se nos olvidamos de seu amparo, poderemos nos perder. Não tenhamos medo de recebê-la em nossas vidas, pois Maria foi desejada por Deus com um amor eterno, para nos trazer a Salvação, Nosso Senhor Jesus Cristo, confiemos então em nossa Mãe, Mestra e Rainha que do alto dos Céus intercede por nós, e pela Graça de Deus nos protege contra as ciladas do inimigo derrotado. Concluindo esta nossa meditação, reportamo-nos ao Papa Pio XII com uma belíssima oração sua dedicada ao dia da Coroação de Maria: “Reinai, ó Mãe e Senhora, mostrando-nos o caminho da santidade, dirigindo-nos e assistindo-nos para que dele nunca nos afastemos. Reinai sobre as inteligências, para que não procurem senão a verdade; sobre as vontades para que sigam somente o bem; sobre os corações para que amem unicamente o que vós mesma amais”.  Amém!

Domina Regina, ora pro nobis!

DOM DULCÊNIO NO INSTITUTO HISTÓRICO GEOGRÁFICO DE ALAGOAS


             

  O BISPADO DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS E O CONCÍLIO VATICANO II

A Diocese de Palmeira dos Índios, nos auguros do seu Jubileu de Ouro, tem a felicidade de compartilhar também da alegria de toda a Igreja Universal que, como família de Cristo, comemora os cinquenta anos da realização do Concílio Vaticano II. Nesta nossa prédica, queremos, ousadamente, tentar pontuar as relações existentes entre os dois grandes eventos para a história da Igreja, cada um com uma amplitude que, longe de ser despautério, acontecem concomitantes no sertão e no agreste alagoanos, e por que não dizer em todo o território da “Terra dos Marechais”, já que envolveram as três dioceses componentes da Província Eclesiástica de Maceió.


O Concílio Vaticano II foi convocado através da bula “Humanae Salutis” pelo carinhosamente apelidado “il Papa Buono” (Papa Bom), João XXIII, a 25 de dezembro de 1961, Solenidade do Natal do Senhor. Ainda que este Pontífice já tivesse, em 25 de janeiro de 1959, anunciado à Cúria Romana a sua intenção de realizar um Concílio Ecumênico, a sua ideia não foi levada a muito crédito, já que o último concílio, o Vaticano I, havia sido encerrado, em 1870, às pressas, por receio dos padres conciliares diante do início da Guerra Franco-Prussiana. O Vaticano I, cuja duração foi de apenas sete meses e dez dias, tinha como principal baliza defender a Igreja dos ataques tresloucados do modernismo e suas doutrinas – racionalismo, liberalismo e materialismo – que afrontavam a infalibilidade papal e, consequentemente, a anulação do papel da Igreja no mundo.


Quais eram as intenções do Papa Roncalli ao convocar um Concílio Ecumênico? Pierre Pierrard, em sua obra História da Igreja, descreve que, já em 25 de janeiro de 1959, diante dos cardeais e de toda a Cúria Romana, ambos estupefatos, João XXIII anunciava que a convocação do concílio possuía um duplo objetivo: “assegurar a renovação da Igreja face ao mundo moderno e preparar a unidade cristã” (PIERRARD, 1982, p. 272). João XXIII não escondia de ninguém este seu desejo de “aggiornamento della Chiesa” – termo italiano que equivale no português a tornar hodierna a Igreja, frente aos desafios inumeráveis do século XX. Por isso, já na bula de convocação do concílio, afirma: “A Igreja assiste, hoje, à grave crise da sociedade. Enquanto para a humanidade surge uma era nova, obrigações de uma gravidade e amplitude imensas pesam sobre a Igreja, como nas épocas mais trágicas da sua história. Trata-se, na verdade, de pôr em contato com as energias vivificadoras e perenes do evangelho o mundo moderno. […] Se voltarmos à atenção para a Igreja, vemos que ela não permaneceu inerte espectadora em face destes acontecimentos, mas seguiu, passo a passo, a evolução dos povos, o progresso científico, as revoluções sociais; opôs-se, decididamente, às ideologias materialistas e negadoras da fé; viu, enfim, brotarem de seu seio e desprenderem-se imensas energias de apostolado, de oração, de ação em todos os campos […] Diante deste duplo espetáculo: um mundo que revela um grave estado de indigência espiritual e a Igreja de Cristo, tão vibrante de vitalidade, nós, desde quando subimos ao supremo pontificado, não obstante nossa indignidade e por um desígnio da Providência, sentimos logo o urgente dever de conclamar os nossos filhos para dar à Igreja a possibilidade de contribuir mais eficazmente na solução dos problemas da idade moderna […] (A Igreja), embora não tendo finalidade diretamente terrestre, ela, contudo, não pode desinteressar-se, no seu caminho, dos problemas e dos trabalhos de cá de baixo. Sabe quanto aproveitam ao bem da alma aqueles meios que são aptos a tornar mais humana a vida de cada homem, que deve ser salvo; sabe que, vivificando a ordem temporal, com a luz de Cristo, revela também os homens a si mesmos, o próprio ser, a própria dignidade e a própria finalidade” (Bula Humanae Salutis, n. 3.5.6.11). João XXIII apresentava, assim, como um profeta, um visionário, que, ao incomodar o aparente torpor em que alguns membros da Igreja se encontravam, queria, com o auxílio do Santo Espírito de Deus, proporcionar-lhe um vigor, frente aos descasos do mundo, inclusive do de hoje.


A Diocese de Palmeira dos Índios foi criada aos 10 de fevereiro de 1962 pelo mesmo Santo Padre então reinante no sólio petrino, João XXIII, com a Bula “Quam Supremam”, a partir da finalidade de dar “aos povos cristãos a oportunidade de conservar cuidadosamente a religião e de ajustar o modo de vida aos preceitos do Sagrado Evangelho”. Mesmo tendo sido criada em fevereiro daquele ano de 1962, a outrora recém-criada Sé Diocesana de Palmeira dos Índios só foi instalada em 19 de agosto do mesmo ano pelo Senhor Núncio Apostólico na República Brasileira, Sua Excelência Reverendíssima Dom Armando Lombardi, Arcebispo Titular de Cesareia de Filipe. O nosso bispado nasceu no burilar do Vaticano II; quando estavam sendo pautados os nortes para a sua realização. Todos sabiam que aquela neo Igreja particular de Palmeira dos Índios já tinha, no seu pastor diocesano, uma grande responsabilidade para com a Igreja em todo o Orbe: colaborar, mesmo com a sua pueril história, no traçar dos rumos da Igreja Católica frente aos enormes desafios a ela imposta pelo mundo moderno.


No começo da nossa preleção, afirmávamos que a Igreja nas terras alagoanas tinha uma dupla novidade: a convocação do Vaticano II e a criação de uma nova diocese, a de Palmeira dos Índios, cuja sede está em uma cidade que, na época, caracterizava-se por sua pujança. E esta última inovação mudaria em altos tons o quadro da administração pastoral da Igreja nestas plagas, pois, para a composição do território da nova circunscrição eclesiástica foram desmembrados municípios da Igreja Arquidiocesana de Maceió (Quebrangulo e Paulo Jacinto) e da Igreja Particular de Penedo (Água Branca, Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Igaci, Major Isidoro, Jacaré dos Homens, Maravilha, Mata Grande, Monteirópolis, Olho d’Água das Flores, Olivença, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Piranhas, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São José da Tapera), sendo os Bispos das respectivas Igrejas Dom Ranulfo da Silva Farias e Dom José Terceiro de Souza.


O decreto Christus Dominus, de 28 de outubro de 1965, do mesmo Concílio Vaticano II, define Diocese como “a porção do Povo de Deus, que se confia a um Bispo para que a apascente com a colaboração do presbitério, de tal modo que, unida ao seu pastor e reunida por ele no Espírito Santo por meio do Evangelho e da Eucaristia, constitui uma Igreja particular, na qual está e opera a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica” (n. 11). Assim, o Sagrado Concílio Vaticano II resgata uma ideia da era patrística, mais propriamente de São Cipriano, logo, querendo recordar que em uma Igreja particular está presente toda a Igreja Universal, porque é formada à sua imagem (cf. Constituição Dogmática Lumen Gentium 23). E, relacionado aos limites territoriais diocesanos, o mesmo decreto conciliar determina que: “Para se conseguir a finalidade própria da diocese, é preciso que a natureza da Igreja se manifeste claramente no Povo de Deus que pertence à diocese; que os Bispos possam cumprir eficazmente nelas os próprios deveres pastorais; e que, finalmente, se atenda, o mais perfeitamente possível, à salvação do Povo de Deus. Isto exige quer a conveniente delimitação territorial das dioceses, quer uma distribuição dos clérigos e dos recursos racional e correspondente às exigências do apostolado. Tudo isto reverte em benefício não só dos clérigos e dos fiéis diretamente interessados mas também de toda a Igreja católica. Portanto, em matéria de limites das dioceses, o sagrado Concílio dispõe que, na medida em que o bem das almas o exigir, quanto antes se realize com prudência a conveniente revisão, dividindo ou desmembrando ou unindo dioceses, alterando limites ou transferindo para locais mais convenientes as sedes episcopais, ou, por fim, sobretudo quando se tratar de dioceses que compreendem grandes cidades, dando-lhes nova organização interna” (Decreto Christus Dominus, 22). Foi na aspiração destes termos posteriormente constituídos – já que somente foram oficialmente estabelecidos no final do Vaticano II – que o Beato João XXIII criou a Dioecesis Palmiriensis Indorum, bem como tantas outras inúmeras dioceses no mundo. Curiosamente, João XXIII e João Paulo II foram os pontífices que mais erigiram dioceses na História Eclesiástica.


Antevendo recepcionar a nova Diocese, ainda na década de 50, o incansável Vigário da Paróquia Nossa Senhora do Amparo, em Palmeira dos Índios, o Reverendíssimo Monsenhor Francisco Xavier Macedo remodelou a Igreja Matriz para que, posteriormente, pudesse, com imponência, receber o título de Igreja Catedral, bem como organizou a construção do Palácio e Cúria Episcopais.


Para primeiro Bispo de Palmeira dos Índios, em 04 de julho de 1962, foi eleito por João XXIII Dom Otávio Aguiar Barbosa, na época Bispo de Campina Grande. O paraibano Dom Otávio era, no dizer da Bula de sua eleição, “homem sem dúvida cheio das virtudes episcopais e também notável pela grande piedade e pelas suas obras”.  O Prelado foi empossado na Sé Catedral Diocesana de Nossa Senhora do Amparo em Palmeira dos Índios automaticamente no dia da Instalação Canônica da nova Diocese (ou seja, em 19 de agosto de 1962) diante de Dom Armando Lombardi (Núncio Apostólico), de inúmeros bispos e autoridades estaduais e municipais. O Concílio tratou, e muito, acerca do episcopado. Em linhas gerais, poderíamos dizer que o conceito de ouro com a qual o Vaticano II nomeia os bispos é o de que na pessoa dos bispos está presente o Cristo: “Na pessoa dos Bispos, assistidos pelos presbíteros, está presente no meio dos fiéis o Senhor Jesus Cristo, pontífice máximo. Sentado à direita de Deus Pai, não deixa de estar presente ao corpo dos seus pontífices, mas é principalmente por meio do seu exímio ministério, prega a todas as gentes a palavra de Deus, administra continuamente aos crentes os sacramentos da fé, incorpora por celeste regeneração e graças à sua ação paternal (cf. 1 Cor. 4,15) novos membros ao Seu corpo e, finalmente, com sabedoria e prudência, dirige e orienta o Povo do Novo Testamento na peregrinação para a eterna felicidade. Estes pastores, escolhidos para apascentar o rebanho do Senhor, são ministros de Cristo e dispensadores dos mistérios de Deus (cf. 1 Cor. 4,1); a eles foi confiado o testemunho do Evangelho da graça de Deus (cf. Rom. 15,16; At. 20,24) e a administração do Espírito e da justiça em glória (cf. 2 Cor. 3, 8-9)” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 21). E, desde já, afirmamos que essa imagem se fez presente com toda a sua justeza nos três primeiros bispos de Palmeira dos Índios, ao tempo em que, humildemente, como Sucessor dos Apóstolos nestas terras, também nos esforçamos para tal.


Longe traçarmos uma linha historicamente definida, os bispos de Palmeira dos Índios, percebendo a escassez do clero, sendo homens visionários, apoiaram o surgimento de novas vocações para a vida sacerdotal, Prova disto, foi a implantação das Obras das Vocações Sacerdotais (OVS) já por Dom Otávio que, no seu próprio dizer, afirmava ser “com vistas ao futuro da assistência religiosa, tanto na sede como no interior”. Dom Otávio já antevia o que o Concílio determinará, mas que também já era práxis da Igreja: “O dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente cristã. […] A Obra das vocações, segundo os documentos pontifícios nesta matéria, já fundada ou a fundar no âmbito de cada diocese, região ou nação, organize metódica e coerentemente e promova com zelo e discrição uma ação pastoral de conjunto para o fomento de vocações, sem deixar de lado nenhum dos meios que as hodiernas ciências psicológicas e sociológicas utilmente oferecem” (Decreto Optatam Totius, 2). No transcorrer do tempo, Dom Fernando Iório, já na década de 80, também deu seu enorme contributo à promoção das vocações, tal como aconselhava o Vaticano II. Para isto, fundou o Seminário Propedêutico “Cura D’Ars”. No episcopado de meu predecessor imediato foram ordenados aproximadamente quarenta sacerdotes. A Diocese de Palmeira dos Índios, quando da sua instalação em 1962, contava com apenas onze paróquias, inclusive tendo algumas que possuíam uma vasta extensão territorial. Era necessário criar mais comunidades paroquiais. Interessante que a nossa Igreja Diocesana viu surgir alguns municípios, acompanhando, como Mestra e Mãe, o desenvolvimento do povo do agreste e sertão alagoanos. Assim, no decorrer de cinquenta anos, surgiram os municípios de Canapi, Carneiros, Estrela de Alagoas, Inhapi, Jaramataia, Mar Vermelho, Olho d’Água do Casado, Ouro Branco, Palestina, Pariconha e Senador Rui Palmeira. Ao longo destes cinquenta anos, foram instaladas diversas paróquias em todo o território do bispado. Atualmente, nossa Diocese consta de 33 paróquias, bem como de outras comunidades que, dentro em breve, serão elevadas a categoria paroquial. Também, para um maior serviço ao povo de Deus, instalaram-se na Diocese algumas Congregações Religiosas: Congregação das Religiosas do Sagrado Coração de Jesus, Irmãs Franciscanas de Santo Antônio e Congregação das Missionárias de Santo Antônio Maria Claret. Estes institutos, juntamente com a Congregação das Filhas do Amor Divino que em Palmeira dos Índios já residia, realizam, ainda hoje, inúmeros trabalhos de evangelização e promoção humana.


A Diocese de Palmeira dos Índios, percebendo as necessidades sociais do seu povo, iniciou, a partir do seu primeiro pastor, Dom Otávio, e seguindo com os outros prelados que aí residiram, ações que viabilizaram o anúncio do Reino e valorização integral da pessoa humana. A Igreja de Palmeira dos Índios quis fazer valer o que o Concílio reza na Constituição Dogmática Gaudium et Spes, 40: “A Igreja, que tem a sua origem no amor do eterno Pai, foi fundada, no tempo, por Cristo Redentor, e reúne-se no Espírito Santo, tem um fim salvador e escatológico, o qual só se poderá atingir plenamente no outro mundo. Mas ela existe já atualmente na terra, composta de homens que são membros da cidade terrena e chamados a formar já na história humana a família dos filhos de Deus, a qual deve crescer continuamente até à vinda do Senhor. […] A Igreja pensa, assim, que por meio de cada um dos seus membros e por toda a sua comunidade, muito pode ajudar para tornar mais humana a família dos homens e a sua história”. Concretamente, surgiram em nosso meio algumas obras sociais que tinham a intenção a pouco explicitada: o Centro Social Diocesano, cujo papel estava voltado para a integração das pessoas mais pobres na sociedade, desenvolvendo-as no ensino de habilidades domésticas tais como o curso de alfabetização, corte e costura, bordado, crochê e arte culinária; o Clube de Mães que buscava realizar serviços de assistência às gestantes e parturientes, inclusive orientando as mulheres sobre a maternidade, cuidados prévios com o nascimento dos bebês, alimentação, pré-natal, educação das crianças, religião, deveres do lar, etc; a construção da Vila João XXIII, conjunto de casas populares destinado aos pobres sem abrigo; o Asilo Vila do Idoso e Casa da Menina, ambas fundadas por Dom Fernando Iório; a instalação de dessalinizadores de água na região semiárida da Diocese; a Fazenda da Esperança Nossa Senhora do Amparo; a Casa do Menor São Miguel Arcanjo; e outras iniciativas.


Relacionada ao compromisso que brota do Evangelho para a Igreja como formadora cultural dos fiéis, a Diocese de Palmeira dos Índios funda, em 1966, os colégios Sagrada Família, em Palmeira dos Índios, e São Vicente de Paulo, na cidade de Pão de Açúcar, além de creches nos municípios de São José da Tapera e Palestina. Faz-se salutar recordarmos ainda de outras instituições promotoras de cultura fundadas pela Igreja em nossas terras: o Colégio de Santana do Ipanema; o Museu Xucurus que funciona, desde a sua fundação, na Igreja do Rosário, na sede da Diocese; a Facesta (Faculdade Santo Tomás de Aquino); os convênios com a Universidade Federal de Alagoas e o Centro de Estudos Superiores de Maceió para a implantação de cursos superiores em Palmeira dos Índios; a Faculdade São Vicente de Paulo, em Pão de Açúcar.  Com estas atitudes, os nossos pastores, cada qual ao seu tempo, demonstraram uma concórdia com o espírito conciliar: “O sagrado Concílio Ecumênico considerou atentamente a gravíssima importância da educação na vida do homem e a sua influência cada vez maior no progresso social do nosso tempo. […] Assim, a escola católica, enquanto se abre convenientemente às condições do progresso do nosso tempo, educa os alunos na promoção eficaz do bem da cidade terrestre, e prepara-os para o serviço da dilatação do reino de Deus, para que, pelo exercício duma vida exemplar e apostólica, se tornem como que o fermento salutar da comunidade humana” (Declaração Gravissimum Educationis, 1.8).  


Relacionado à promoção da vida pastoral da Igreja particular de Palmeira dos Índios, muitas foram as atividades desenvolvidas ao longo deste cinquentenário. Se Dom Otávio estruturou a Diocese, Dom Epaminondas José de Araújo preocupou-se primordialmente com a formação do Clero acerca do “aggiornamento” trazido pelo Concílio Vaticano II, cumprindo o que Paulo VI ordenava na Carta Apostólica de encerramento do Concílio, em 08 de dezembro de 1965: “Mandamos também e ordenamos que tudo quanto foi estabelecido conciliarmente seja observado santa e religiosamente por todos os fiéis, para a glória de Deus e honra da Santa Mãe Igreja, tranquilidade e paz de todos os homens”. Já Dom Fernando Iório reuniu o povo de Deus e os padres em Assembleias Diocesanas para inteirar a Igreja Palmeirense das proposições da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O terceiro bispo de Palmeira dos Índios adquiriu ainda o prédio do Colégio Pio XII para servir de Centro de Treinamento da Diocese, bem como a construção do Lar Sacerdotal.


Ao longo deste meio século, foi característica marcante dos nossos pastores as constantes visitas pastorais, conforme o ordenado pelo atual Código de Direito Canônico no cânon 396 §1: “O Bispo é obrigado a visitar cada ano a diocese, total ou parcialmente, de modo que visite a diocese toda ao menos cada cinco anos, por si ou, estando legitimamente impedido, pelo Bispo coadjutor, pelo auxiliar, pelo Vigário geral ou episcopal, ou por outro presbítero”. Muito embora se comparado ao Código de Direito Canônico de 1917, esta prática, de per si, não é novidade do atual Código outorgado em 1983, já pelo papa então reinante, o Beato João Paulo II, tendo em vista o que fora determinado pelo Concílio Vaticano II.


O Presbitério de Palmeira dos Índios também deu dois de seus filhos para o Episcopado: Dom Jorge Tobias de Freitas, primeiramente eleito para a Diocese de Caxias, no Maranhão, sendo transferido mais tarde para Nazaré da Mata, Pernambuco, onde se tornou Bispo Emérito; Dom José Francisco Falcão de Barros, Bispo Titular de Auguro e Auxiliar para a Arquidiocese Militar do Brasil.


De muitas formas os Bispos Diocesanos dirigiram-se aos fiéis: suas vidas ilibadas, inúmeras pregações, exortações. Como não recordar as Cartas Pastorais de Dom Epaminondas: Sobre a Liturgia, Sobre a Evangelização, Sobre a Catequese, Sobre a Política e Bem Comum. Todas embasadas nos documentos conciliares. Os escritos de Dom Fernando Iório Rodrigues. O seu amor às Letras esteve sempre a serviço do Evangelho de Jesus Cristo; suas canções que tocaram e continuam a emocionar corações de muitos. O jornal “Igreja em Ação”; o endereço da Diocese na rede mundial de computadores; o programa dominical “A Hora Católica”...


Esta nossa prédica será, a partir de agora, um exame de vida, uma espécie de confissão, não feita somente a vós, nobres espectadores, nem apenas a grei do Senhor confiada à nossa fraqueza, mas, antes de tudo a Deus e um exame da minha consciência. Como quarto Bispo de Palmeira dos Índios, temos, durante os nossos seis anos de episcopado, procurado exercer o nosso pastoreio como “imagem viva de Deus Pai”, no dizer de Santo Inácio de Antioquia. E, se nos detivermos aqui, apenas com esta belíssima afirmativa do santo bispo e mártir de Antioquia, como elemento caracterizador de nosso governo episcopal, sentir-nos-emos extremamente satisfeitos, pois, como servos inúteis, fizemos aquilo que deveríamos fazer (cf. Lc 17,10). 


Apraz-nos possuir a certeza de que, não pelos nossos méritos, mas pelo beneplácito de Deus, cujos caminhos nos são insondáveis, também fazemos parte deste cinquentenário. Refiro-me não somente ao Jubileu Áureo da Diocese de Palmeira dos Índios, mas, como Bispo da Igreja de Cristo, às comemorações dos dez lustros do Concílio Vaticano II. Diante das dificuldades inerentes ao nosso múnus episcopal, não somente do Dom Dulcênio em particular, mas dos bispos da Igreja, somos alentados pelo Senhor por meio do seu auxílio divino e providente na consecução da nossa árdua, mas altiva missão, que, na realidade é Dele, só que confiada a nossa indignidade. Aqui, não tratamos em fazer desabafos, mas de manifestarmos uma convicção baseada em São Paulo: Aquele que nos chamou é fiel, e cumprirá por nós, instrumentos troncos e insuficientes, o que é do seu desígnio misterioso e correto.


Queridos amigos presentes neste recinto onde letras, palavras e ideias são explanadas. Humildemente, não quisemos fazer da nossa fala uma síntese histórica da grande homenageada desta sessão solene: a Igreja de Cristo espalhada também no agreste e sertão alagoanos, a qual denominamos Diocese de Palmeira dos Índios. Antes, quisemos estabelecer uma relação, mostrando que nós, pastores da Igreja, não agimos por nossas vontades ou meros caprichos, mas, antes de tudo, assistidos pelo Espírito Santo de Deus, que dinamiza a Igreja de Cristo Senhor pelas sendas da história, não obstante as nossas limitações; quisemos demonstrar como esta vitalidade da Igreja de Jesus presente em todo o mundo, inclusive através da reunião do Colégio Universal dos Bispos, denominado Concílio, atinge positivamente a nossa vida, o agir e o apostolado de tantos que se doaram, consumiram-se por amor a Deus e a Sua Igreja, aos irmãos.


O Senhor nunca abandonou a Sua Esposa, a Sua Bem-Amada Igreja. Não oponente a fragilidade e contingência daqueles que participam do Seu Corpo Místico, a Sua Graça sempre superabundou por nós e em nosso meio. A tantos homens e mulheres – papas, bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e fiéis leigos –, rendemos a nossa gratidão pelos valorosos contributos oferecidos à nossa história de Igreja diocesana. Rogamos a Deus, nosso Senhor, a graça de que a força da vitalidade e jovialidade da Igreja, Esposa de Cristo, sempre nos anime como membros vivos e escolhidos, “membros do mesmo corpo e participantes da promessa em Jesus Cristo pelo Evangelho” (Ef 3,6). Pois a Ele é devida a glória, a nós, “servos inúteis”, o trabalho. Ao tempo em que agradecemos, como Bispo de Palmeira dos Índios, o distinto e honroso preito tributado por esta casa do saber, da memória e da cultura do valoroso povo alagoano à Igreja de Cristo Senhor. Obrigado!