terça-feira, 28 de junho de 2011

BENEDICTUS XVI: ECCE SACERDOS MAGNUS


           Por ocasião do 150º aniversário de falecimento de São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars, toda a Igreja foi convidada a refletir, graças a conclamação do Santo Padre Bento XVI, como o “Sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”. Esta célebre frase do Santo Cura d’Ars foi repetida incansavelmente no Ano Sacerdotal (2009-2010) pelo próprio Papa em seus discursos, e, consequentemente, teve repercussão por toda a Igreja.
            No próximo dia 29 de junho, toda a Igreja Universal meditará – mais uma vez – sobre a importância do sacerdócio na Igreja de Cristo. Nesta data, estaremos unidos a tantas pessoas que rendem graças a Deus por tão prestimoso dom; principalmente, estaremos unidos ao Vigário de Cristo nas comemorações do seu sexagésimo aniversário de Ordenação Presbiteral.
            Há 60 anos o jovem Joseph Ratzinger, nosso amado Bento XVI, juntamente com o seu irmão Georg Ratzinger, deu um sim eterno de amor ao Bom Pastor. Exatamente no dia 29 de junho de 1951, Dia de São Pedro e São Paulo (as duas principais colunas do edifício espiritual  chamado Igreja), estes dois jovens abraçaram como sua a Esposa Imaculada de Cristo, tornando-se, por beneplácito da Cabeça-Cristo, Sacerdotes da Nova Aliança, já que, pela imposição das mãos e oração consecratória, participam do Sacerdócio eminente de Jesus. Há sessenta anos, na Catedral de Frisinga, pelas mãos do cardeal Michael von Faulhaber, Bento XVI foi ordenado presbítero da Igreja Católica, a única querida por Jesus.
            “O Sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”. Para nós, esta máxima do Vianney sintetiza o grande dom do chamado do Senhor para Joseph Ratzinger destinado à Igreja. Ratzinger foi e continuará sendo, durante toda a sua vida sacerdotal, mesmo como sucessor de Pedro, um arauto do Cristo, um “Cooperador da Verdade”; não apenas como o maior dos teólogos da atualidade, mas como um digno pastor da Grei do Senhor. Ratzinger é uma manifestação de amor do Cristo que nunca desampara a sua Amada. Bento é um dom do Coração de Jesus para a vida da Igreja em todo o orbe.
           
          Durante esses sessenta anos, o nosso homenageado viveu intensamente a exortação do seu ilustríssimo antecessor, o Príncipe dos Apóstolos, o Bem-Aventurado São Pedro: “Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho” (1Pd 5, 2-3). Ratzinger viveu plenamente a diaconia, experimentando em si o que Jesus ordena: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9, 35), fazendo da sua consagração um inteiro serviço a Deus e aos irmãos, por amor Àquele que o chamou, que, por ser fiel, lhe concederá a “coroa permanente da glória” (1Pd 5, 4), na completude dos seus dias. Esta expectativa na participação da beatitude dos santos é o dinamismo que move um homem que segue o Senhor a querer ser grande, a querer ser servo. E, por lutar pela santidade, deseja que outros também cheguem a este parâmetro de vida: um santo nunca o quer ser sozinho. É por esta preocupação que Bento XVI se coloca como “Cooperator Veritatis”. É o amor à Verdade (cf. Jo 14, 6) que impulsiona este ilustre sacerdote (antes alemão, hoje cosmopolita) a testemunhar intrepidamente, ainda que com voz tímida e rouca e aparência frágil de um ancião octogenário, o Cristo; pois a Verdade (cf. Jo 14, 6) é o caminho para o Pai, para a santificação. Este é o nosso Joseph Ratzinger, que, por valorosa vontade de Deus, se tornou a presença do “Doce Cristo na terra”, sendo Bispo de Roma.
            Ecce sacerdos magnus, qui em diebus suis, placuit Deo” – Eis  o grande sacerdote, que em seus dias, aprouve a Deus. Com estas palavras, a Igreja costuma saudar os seus prelados, vendo neles o próprio Senhor. Santo Inácio de Antioquia nos ensina que o Bispo histórico, carnal, visível aos nossos olhos, é sinal ardente e inflamado do Bispo invisível que é Cristo, que preside a Igreja na caridade. Bento XVI, como Bispo da Igreja Católica, é este referencial que representa o Cristo, governando a sua Imaculada Esposa: Eis o sacerdote, grande presente do Senhor que a nós foi dado, o qual preside a grei como pastor zeloso, sendo Vicarius Christi.
           Em seu best-seller “Caminho”, São Josemaría Escrivá afirma acerca daqueles que o próprio Deus, em seu admirável e majestoso desígnio, escolheu para o múnus sacerdotal de Cristo. Diz-nos o santo: “O Sacerdote – seja quem for – é sempre outro Cristo. [...] Presbítero, etimologicamente, é o mesmo que ancião. – Se merece veneração a velhice, pensa quanto mais terás de venerar o sacerdote”. Assim sendo, ficamos a pensar que a nossa veneração por Bento XVI, como que, triplica, graças à sua longevidade, ao sacerdócio que porta e por ter sido escolhido pelo próprio Jesus, a quem testemunha fielmente, para ser o seu mui digno Vigário. Joseph Ratzinger é outro Cristo!
  
           Santo Padre, diante das diversas dificuldades que tentaram abater o vosso coração de pastor durante estes sessenta anos, sentistes a beneficência da mão do Senhor. Provastes como “Aquele que vos chamou é fiel” (1Ts 5, 24), porque nunca vos abandonou. Ele, em seu desígnio eterno, vos constituiu sacerdote no Sacerdócio do Filho, e, por meio de vós, operou maravilhas para toda a humanidade, através do grande sacramento que a Igreja é. Rendemos graças a Deus, Santidade, pelo maravilhoso dom que nos concedeu: o de ter escolhido a vós como Sacerdos Magnus, “pontífice dos homens nas suas relações com Deus” (Hb 5, 1). Nossa prece sobe Àquele que vos quis, pedindo-lhe que nunca cesse de abençoar-vos nem de governar a Igreja por meio de vós. A vós, Santíssimo Padre, a nossa humilde devoção e preito.

           

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