(Ano C – 21 de abril
de 2013)
Pelo Seminarista André Fernandes
I Leitura: At 13,14.43-52
Salmo Responsorial: Sl 99(100),2.3.5 (R/3ac)
II Leitura: Ap 7,9.14b-17
Evangelho: Jo 10,27-30 (As ovelhas ouvem a voz do pastor)
“Ressuscitou o
Bom Pastor, que deu a vida por suas ovelhas, e quis morrer pelo rebanho, aleluia!”
(Cf.Antífona da Comunhão)
Caros irmãos,
A Igreja,
seguindo os passos de Nosso Senhor, vivo e ressuscitado, neste admirável Tempo
da Ressurreição, celebra em todo o ‘orbe’, o Quarto Domingo da Páscoa, também,
cognominado, o ‘Domingo do Bom Pastor’. A antífona da Comunhão, reservada para
a hodierna Liturgia, compendia, deveras, o significado da missão do Pastor?
O ofício pastoril, em Israel, era um exercício de valor sublime, porquanto as
ovelhas garantiam a subsistência dos mesmos. O Antigo Testamento faz
referências acerca de tal em diversas passagens dos profetas e alhures.
Sublinhemos dos grandes profetas Jeremias (cf. 23, 1ss.) e Ezequiel (34, 1ss.).
Diz Jeremias: “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho
miúdo de minha pastagem!- oráculo do Senhor. Escolherei para elas pastores que
as apascentarão, de sorte que não tenham receios nem temores, e já nenhuma
delas se extravie. [...] Dias virão [...] em que farei brotar de Davi um
rebanho justo que será rei e governará com sabedoria e exercerá na terra o
direito e a equidade. Sob seu reinado será salvo Judá, e viverá Israel em
segurança”. No profeta Ezequiel, ouvimos
a censura acerca dos pastores que se portam como ‘mercenários’, ou seja, não se
preocupam pelo rebanho, mas garante-se do mesmo para ufanar-se. “Ai dos
pastores de Israel que só cuidam do seu próprio pasto. Não é seu rebanho que
devem pastorear os pastores. Vós bebeis o leite, vestis-vos de lã, matais as
reses mais gordas e sacrificais, tudo isso sem nutrir o rebanho”.
À lume da
leitura dos profetas, percebemos a trajetória da economia da salvação. O múnus
do pastoreio no Antigo Testamento, ainda que imperfeito, atinge o seu apogeu no
Filho de Deus. De fato, é Ele, por antonomásia não somente o Pastor, mas o
Cordeiro, a Ovelha, a Vítima e o Altar. Jesus Cristo é o Pastor boníssimo que nos
conduz ao Pai, como mesmo disse de si: “Eu sou a porta das ovelhas. Todos
quantos vieram antes de mim foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não o
ouviram. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará
como sairá e encontrarás pastagem” (Jo 10, 7-9). É um tremendo mistério
assentirmos que Jesus não é somente Pastor, mas, outrossim, o cordeiro, a
vítima e o altar. Por quê? Eis a admirável alegoria do Profeta Isaías no
capítulo cinquenta e três, quando do cântico do Servo do Senhor. “Foi
maltratado e não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e
uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. Ele não abriu a boca”.
Perguntamo-nos novamente: Como um Pastor pode se tornar uma ovelha inocente e
um cordeiro para ser imolado? Acaso o Pastor não é maior que o seu rebanho? Não
o conduz? Pode encaminhá-lo com a sua voz para outros campos? Jesus, Nosso
Senhor, é o Pastor porque é o Messias do Pai para salvar o que estava perdido. É
simultaneamente a ovelha e o cordeiro porque livremente se entrega para superar
os sacrifícios primitivos da aliança, pois dele ouvimos do maior dos nascidos
de mulher, João Batista: ‘Ecce Agnus Dei’
– Eis o Cordeiro de Deus. Aqui, está Aquele que, como Pastor, conduz-nos ao
Pai e, como ovelha, entrega-se livremente para expiar o pecado do mundo!
No Evangelho,
ouvimos de Jesus a intimidade do Pai para com Ele, logo as ovelhas foram
entregues. Qual a relação em que as ovelhas ouvem a voz do Pai? O discipulado.
A escuta autêntica e disciplinar daquela suprema vontade para pôr-se nos braços
do Bom Pastor e aí seguir, como apóstolo, os seus passos. O Bom Pastor conduz
para os prados eternos! Leva-nos à vida eterna. Este é o aprisco verdadeiro.
Nele não há veredas para perder-se, mas, sim a eterna contemplação do amor de
Deus que como Pastor nos conduz!
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