sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Ó Sabedoria

Meditando a I das antífonas do "Ó"
     Hoje, a Liturgia, canta com todo o seu Coração, a primeira das chamadas "antífonas do Ó", introduzidas pelo Papa São Gregório .Quão comovente, irmãos, é, nestes vídeos que há no Youtube e, sobretudo, ouvi-las cantadas pelo coro monacal, sustentada pelo toque do Órgão. Aí, de per si, a Liturgia vai chamando a atenção nossa, de todos os cristãos e homens de bem, à preparação imediata para a augusta natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Impressiona-nos, hoje, evocar o Deus Emanuel de "Sabedoria do Altíssimo.'' 
Neste evocar parece haver um contraste que, na verdade, é um paradoxo. Chamamos a Jesus de Sabedoria e, de repente, vê-nos as cenas: O Menino Jesus reclinado no presépio, ladeado pelo burrinho, pelo boi. Grita, a Igreja, "O Sapientia" e, ei-la acolhida pelos ignóbeis pastores de ovelhas, pela gente rude de Israel. Aclama-se "O Sapientia" e, ei-la, sem lugar para nascer no meio dos homens, "porque não havia lugar na hospedaria". 
     
      Se a Sabedoria que é uma prefigura do Verbo do Pai, o "princípio ordenador" que dá a coerência para todo o homem, se a Sabedoria, é o Onipotente que nos dará o discernimento necessário para que o reto caminho seja conhecido e trilhado, porque se mostrou tão débil? Por que se mostrou tão necessitada da aquiescência do homem? Por que a Sabedoria se rebaixou? 
Essa Sabedoria é o Logos Divino, que, preexistente, no seio da Trindade Eterna, encarnou-se para que vivendo a aventura de adão, exceto o Pecado, pudesse nos reconduzir para o que havíamos perdido. Com razão, após dizer, a Igreja, que esta "Sabedoria" é a palavra que "faz", com o (saístes da boca do Altíssimo), na expectação do nascimento do Filho da Virgem, faz a devida petição:" oh vinde ensinar-nos o caminho da prudência". Que ousada súplica, esta! 
     
     A natureza nossa, concupiscente, inclinada ao gosto pessoal, ao aprazer-se, à desordem, pede aos céus que dê aquele que é um dos dons do Espírito Santo, recebidos na Crisma. A vinda do Deus-Messias que, segundo São Paulo, fez-se "fraco com os fracos", traz o que se chama a vida do Espírito que se opõe à vida da carne. Ali, no Infante, adorado e amado- 'consubstancia Triuna" esta, de fato, a sabedoria que nos ajuizará para não andar pelos caminhos de outrora, que, de certa maneira, nos cenários da recusa da Família de Nazaré à hospedaria, a própria realidade do Presépio, a fragilidade do Menino e da sua Mãe, os pastores... tudo, absolutamente, indica o Novo rumo que Ele, o Sapiente Deus, traz-nos, a partir do que é considerado esterco. A Sabedoria enaltecida neste dia pela primeira Antífona do "Ó" não é, senão, o rompimento com a ignorância que se chama Pecado. Vinde, ó Sabedoria, nos ensinais o caminho da prudência!

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