quinta-feira, 21 de março de 2013

CREDO IN UNUM DOMINUM IESUM CHRISTUM... (PARTE I)






Queridos irmãos,


No palmilhar do Ano da Fé, nos debruçamos: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós homens, e para nossa salvação, desceu dos céus: e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria e se fez homem” (Símbolo Niceno-Constantinopolitano); “Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo” (Símbolo dos Apóstolos). Com estas afirmações do Credo que recebemos da Igreja, referimo-nos ao segundo e terceiro artigos de doze existentes nesta arraigada Profissão de Fé, transformada pela “Mãe Católica” em oração que, por sua vez, foi muito bem aceita pela piedade do Povo de Deus.


            O Credo, neste trecho, ensina-nos que o Filho de Deus é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade; que Ele é Deus eterno, todo-poderoso, Criador e Senhor, como o Pai; que se fez homem para nos salvar; e que o Filho de Deus feito homem se chama Jesus Cristo. A segunda Pessoa chama-se Filho porque é gerada pelo Pai por via de inteligência, desde toda a eternidade, mesmo antes de aparecer, desveladamente, neste mundo; e por este motivo se chama também Verbo eterno do Pai. Logo, sendo eterno, estava presente na criação do mundo. E é chamado Verbo porque é a voz do Pai. Por isso, dizermos: “Por Ele todas as coisas foram feitas”; ou como ainda refere-se São Paulo: “Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1,16).


Jesus Cristo chama-se Filho único de Deus porque só Ele é por natureza seu Filho, e nós, seus filhos, por criação e por adoção, graças ao sangue de Jesus derramado na cruz que nos conquistou e pelo Batismo somos integrados nesta filiação adotiva.


Igualmente ao Pai e ao Espírito Santo, denominamos Jesus como Senhor, não porque, enquanto Deus, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, nos tenha criado, mas também por ter remido a humanidade pelo seu Sangue, restabelecendo nossa amizade com Deus, recriando-nos em ‘novas criaturas’: “Por seu intermédio [de Cristo], reconciliou consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus”. (Cl 1,20).


“Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus”. (Lc 1,31). Foi este o nome que o Pai Eterno deu ao Seu Filho feito homem por meio do Arcanjo São Gabriel, quando este anunciou à Virgem Santíssima o mistério da Encarnação. O nome de Jesus significa Salvador (Deus Salva), porque nos salvou da morte eterna que merecíamos por nossos pecados. O nome e a sua significação estão presentes em Mateus (1,21), quando o anjo avisa a José em sonho a maternidade de Maria, enquanto este se inquietava com a gravidez da Virgem: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1,21).


Denominamos o Filho de Deus como Cristo, referindo-nos à Sua missão. Cristo vem do grego Christós (Χριστός), que quer dizer ‘Ungido, consagrado’, em hebraico ‘Messiah’ (משיח = Messias), porque, em um antigo costume, ungiam-se os reis, os sacerdotes e os profetas e Jesus é Rei dos reis, Sumo Sacerdote e Sumo Profeta. A unção de Jesus Cristo não foi corporal, como a dos antigos reis, sacerdotes e profetas, mas toda espiritual e divina, porque a plenitude da divindade habita n’Ele substancialmente, por ser Ele um só Deus com o Pai e o Espírito Santo. Jesus foi ungido pelo Pai com o Espírito Santo: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção; enviou-me a levar a boa nova aos humildes, curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção, e aos prisioneiros a liberdade; proclamar um ano de graças da parte do Senhor, e um dia de vingança de nosso Deus; consolar todos os aflitos, dar-lhes um diadema em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de vestidos de luto, cânticos de glória em lugar de desespero” (Is 61,1-3a; Lc 4,18-19).


Jesus, tal como O conhecemos pela fé da Igreja testemunhada pela Palavra de Deus (Escrituras e Tradição, ensinadas pela autoridade que somente a Igreja Católica possui, o Magistério), não era totalmente conhecido pela humanidade. No entanto, o Filho de Deus não passou desapercebido antes mesmo da Sua vinda. Sim, os homens tiveram conhecimento de Jesus Cristo anteriormente à sua chegada, graças à promessa do Messias, que Deus fez aos nossos primeiros pais, Adão e Eva, a qual renovou aos santos Patriarcas, também pelas profecias e muitas figuras que O designavam.


Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiramente o Messias e o Redentor prometido, porque n’Ele se cumpriu: 1) Tudo o que anunciavam as profecias; 2) Tudo o que representavam as figuras do Antigo Testamento. Desta forma, as profecias prediziam acerca do Redentor: a tribo e a família da qual deveria Ele sair (de Judá, da família do Rei Davi); o lugar e o tempo do nascimento (Belém da Judeia, em um tempo de paz e na plenitude dos tempos); os seus milagres e as mais minuciosas circunstâncias da Sua Paixão e Morte; a sua Ressurreição e Ascensão ao Céu; o seu Reino espiritual, universal e perpétuo, que é a Santa Igreja Católica. Já as figuras de Jesus (logicamente do Antigo Testamento) são: o inocente Abel, o sumo sacerdote Melquisedec, o sacrifício de Isaac, José vendido pelos irmãos, o profeta Jonas, o cordeiro pascal dos judeus e a serpente de bronze, levantada por Moisés no deserto.


Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiro Deus primeiramente pelo testemunho do Pai Eterno, quando disse: “Este é o meu Filho muito amado, no qual tenho posto todas as minhas complacências: ouvi-O” (Mt 17,4; Mc 9,7; Lc 9,35). Depois, pela afirmação do próprio Jesus Cristo, confirmada com os mais estupendos milagres, sequenciados pela doutrina dos Apóstolos e, através desta, pela Tradição constante da Igreja Católica. Acerca dos milagres de Jesus, resumimo-los pelos principais: além da Sua Ressurreição, a saúde restituída aos enfermos, a vista aos cegos, o ouvido aos surdos, a vida aos mortos.


Dizemos com nossa fé que Jesus, Filho de Deus, Verbo eterno do Pai, tomou um corpo semelhante ao nosso, com exceção do pecado, encarnando-se no seio puríssimo e benditíssimo da Virgem Maria. Portanto, já o terceiro artigo do Credo ensina-nos que o Filho de Deus tomou um corpo e uma alma, como nós os temos, no ventre de Maria Santíssima, pelo poder do Espírito Santo, e que nasceu desta mesma Virgem. Para este evento nunca antes visto, ou seja, para formar o corpo e para criar a alma de Jesus Cristo, concorreram todas as três Pessoas divinas: o Pai envia o Filho que se fecunda pelo Espírito Santo em Maria. Diz-se só: ‘foi concebido pelo poder do Espírito Santo’, porque a Encarnação do Filho de Deus é obra de bondade e de amor, e as obras de bondade e de amor atribuem-se ao Espírito Santo.


          Ao fazer-se homem, Jesus não deixou de ser Deus. Logo, o Filho de Deus encarnado, isto é, Jesus Cristo, é Deus e homem ao mesmo tempo, perfeito Deus e perfeito homem: verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, fazendo coisas peculiares a cada natureza. Jesus comia, cansava-se, chorava, tinha necessidades... porque em Jesus Cristo, que é Deus e homem, há duas naturezas, a divina e a humana, mas uma só Pessoa, a divina. Duas naturezas em uma só Pessoa, com duas vontades, uma divina, outra humana. O Filho de Deus e o Filho de Maria Santíssima são a mesma Pessoa. Jesus Cristo é Filho de Deus que foi enviado para uma missão especialíssima: a salvação da humanidade. Ele tinha vontade livre? Sim, Jesus Cristo tinha vontade livre, mas não podia fazer o mal, porque poder fazer o mal é defeito, e não perfeição da liberdade; Ele veio para fazer a vontade do Senhor, sendo Deus e homem. Por isso, nunca praticou o mal, nunca pecou. Assim sendo, entendemos que o pecado não é coisa de humano. Eu peco, não porque sou gente, humano, mas por um vício que adentrou na natureza da pessoa humana, estranhamente.


Se Jesus é Deus e homem, a Virgem Maria será Mãe de Deus porque é Mãe de Jesus, que O concebeu sem participação de homem, mas unicamente pela virtude do Espírito Santo. Duvidar disto é um pecado gravíssimo, não só contra a Igreja e Nossa Senhora, mas também contra Deus, diretamente, porque negamos que o Espírito Santo, que é Deus com o Pai e o Filho, fecundou o ventre de Maria Santíssima: é de fé que Maria Santíssima foi sempre Virgem (antes, durante e depois do parto), e é chamada a Virgem por excelência.


Assim, meus caros irmãos, pincelamos alguns nortes catequéticos acerca do segundo e terceiro artigos de nosso Credo. Em nosso próximo encontro, trataremos da Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão de Jesus, ou seja, do Mistério Pascal.


Até a próxima!

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