quarta-feira, 27 de março de 2013

DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR


(31 de março de 2013)



Por Dom Javier Echevarría
Bispo Prelado do Opus Dei



I Leitura: At 10,34a.37-43
Salmo Responsorial: Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R/.24)
II Leitura: Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8
Evangelho: Jo 20,1-9 ou nas Missas verspertinas: Lc 24,13-35


Queridos irmãos,


Passado o Sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram perfumes para irem embalsamar Jesus. Partindo no primeiro dia da semana, de manhã cedo, chegaram ao sepulcro quando o sol já era nascido. Assim começa São Marcos a narração do sucedido naquela madrugada de há dois mil anos, na primeira Páscoa cristã.


Jesus tinha sido sepultado. Aos olhos dos homens, a Sua vida e a Sua mensagem tinham terminado com o mais rotundo fracasso. Os Seus discípulos, confusos e atemorizados, tinham-se dispersado. As próprias mulheres que vão fazer um gesto piedoso, perguntam umas às outras: quem nos tirará a pedra da entrada do sepulcro? "No entanto, faz notar São Josemaria, continuam... Tu e eu, como andamos de vacilações? Temos esta decisão santa, ou temos de confessar que sentimos vergonha ao contemplar a decisão, a intrepidez, a audácia destas mulheres?".


Cumprir a Vontade de Deus, ser fiéis à lei de Cristo, viver coerentemente a nossa fé, pode parecer às vezes muito difícil. Apresentam-se obstáculos que parecem insuperáveis. No entanto, não é assim. Deus vence sempre.


A epopeia de Jesus de Nazaré não termina com a Sua morte ignominiosa na Cruz. A última palavra é a da Ressurreição gloriosa. E os cristãos, no Batismo, morremos e ressuscitamos com Cristo; mortos para o pecado e vivos para Deus. “Oh Cristo! — dizemos com o Santo Padre João Paulo II — como não Lhe agradecer pelo dom inefável que nos ofereces esta noite! O mistério da Tua Morte e Ressurreição infunde-se na água batismal que acolhe o homem velho e carnal e o torna puro com a própria juventude divina” (Homilia, 15 de abril de2001).


Hoje a Igreja, cheia de alegria, exclama: este é o dia que o Senhor fez: alegremo-nos e rejubilemos! Grito de júbilo que se prolongará durante cinquenta dias, ao longo do tempo pascal, como um eco das palavras de São Paulo: posto que ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo sentado à direita de Deus. Ponde todo o coração nos bens do céu, não nos da terra; porque morreram e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.


É lógico pensar — e assim o considera a Tradição da Igreja — que Jesus Cristo, uma vez ressuscitado, apareceu em primeiro lugar à Sua Santíssima Mãe. O fato de que não apareça nos relatos evangélicos, com as outras mulheres, é — como assinala João Paulo II — um indício de que Nossa Senhora já se tinha encontrado com Jesus. “Esta dedução ficaria confirmada também — acrescenta o Papa — pelo dado de que as primeiras testemunhas da ressurreição, por vontade de Jesus, foram as mulheres, as que permaneceram fiéis ao pé da Cruz e, portanto, mais firmes na fé” (Audiência, 21 de maio de 1997). Só Maria tinha conservado plenamente a fé, durante as horas amargas da Paixão; por isso é natural que o Senhor Lhe aparecesse em primeiro lugar.


Temos que permanecer sempre junto da Virgem, mas mais ainda no tempo de Páscoa, e aprender d’Ela. Com que ânsias tinha esperado a Ressurreição! Sabia que Jesus tinha vindo salvar o mundo e que, portanto, devia padecer e morrer; mas sabia também que não podia ficar sujeito à morte, porque Ele é a Vida.


Uma boa forma de viver a Páscoa consiste em esforçarmo-nos por fazer os outros participantes da vida de Cristo, cumprindo com primor o mandamento novo da caridade, que o Senhor nos deu na véspera da Sua Paixão: nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. Cristo ressuscitado repete-no-lo agora a cada um. Diz-nos: amai-vos de verdade uns aos outros, esforçai-vos todos os dias por servir os outros, estai pendentes dos mais pequenos pormenores, para fazer a vida agradável aos que convivem convosco.


Mas voltemos ao encontro de Jesus com a Sua Santíssima Mãe. Que contente estaria a Virgem, ao contemplar aquela Humanidade Santíssima — carne da Sua carne e vida da Sua vida — plenamente glorificada! Peçamos-Lhe que nos ensine a sacrificarmo-nos pelos outros sem o fazermos notar, sem esperar sequer que nos agradeçam; que tenhamos fome de passar inadvertidos, para assim possuir a vida de Deus e comunicá-la a outros. Hoje dirigimos-Lhe o Regina Caeli, saudação própria do tempo pascal. Rainha do céu alegrai-vos, aleluia. / Porque Aquele que mereceste trazer em vosso ventre, aleluia. / Ressuscitou como disse, aleluia. / Rogai por nós a Deus, aleluia. / Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria, aleluia. / Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia.

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