(31 de março de 2013)
Por Dom Javier Echevarría
Bispo Prelado do Opus Dei
I Leitura: At 10,34a.37-43
Salmo Responsorial: Sl
117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R/.24)
II Leitura: Cl 3,1-4 ou 1Cor
5,6b-8
Evangelho: Jo 20,1-9 ou nas Missas
verspertinas: Lc 24,13-35
Queridos irmãos,
Passado o Sábado, Maria Madalena, Maria,
mãe de Tiago, e Salomé, compraram perfumes para irem embalsamar Jesus. Partindo
no primeiro dia da semana, de manhã cedo, chegaram ao sepulcro quando o sol já
era nascido. Assim começa São Marcos a narração do sucedido naquela
madrugada de há dois mil anos, na primeira Páscoa cristã.
Jesus tinha sido sepultado. Aos olhos dos
homens, a Sua vida e a Sua mensagem tinham terminado com o mais rotundo
fracasso. Os Seus discípulos, confusos e atemorizados, tinham-se dispersado. As
próprias mulheres que vão fazer um gesto piedoso, perguntam umas às outras:
quem nos tirará a pedra da entrada do sepulcro? "No entanto, faz notar São Josemaria,
continuam... Tu e eu, como andamos de vacilações? Temos esta decisão santa, ou
temos de confessar que sentimos vergonha ao contemplar a decisão, a intrepidez,
a audácia destas mulheres?".
Cumprir a Vontade de Deus, ser fiéis à lei
de Cristo, viver coerentemente a nossa fé, pode parecer às vezes muito difícil.
Apresentam-se obstáculos que parecem insuperáveis. No entanto, não é assim.
Deus vence sempre.
A epopeia de Jesus de Nazaré não termina
com a Sua morte ignominiosa na Cruz. A última palavra é a da Ressurreição
gloriosa. E os cristãos, no Batismo, morremos e ressuscitamos com Cristo;
mortos para o pecado e vivos para Deus. “Oh Cristo! — dizemos com o Santo Padre
João Paulo II — como não Lhe agradecer pelo dom inefável que nos ofereces esta
noite! O mistério da Tua Morte e Ressurreição infunde-se na água batismal que
acolhe o homem velho e carnal e o torna puro com a própria juventude divina”
(Homilia, 15 de abril de2001).
Hoje a Igreja, cheia de alegria, exclama: este é o dia que o Senhor fez: alegremo-nos e rejubilemos! Grito de júbilo que se prolongará durante
cinquenta dias, ao longo do tempo pascal, como um eco das palavras de São
Paulo: posto que ressuscitastes com
Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo sentado à direita de Deus.
Ponde todo o coração nos bens do céu, não nos da terra; porque morreram e a
vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
É lógico pensar — e assim o considera a
Tradição da Igreja — que Jesus Cristo, uma vez ressuscitado, apareceu em
primeiro lugar à Sua Santíssima Mãe. O fato de que não apareça nos relatos
evangélicos, com as outras mulheres, é — como assinala João Paulo II — um
indício de que Nossa Senhora já se tinha encontrado com Jesus. “Esta dedução
ficaria confirmada também — acrescenta o Papa — pelo dado de que as primeiras
testemunhas da ressurreição, por vontade de Jesus, foram as mulheres, as que
permaneceram fiéis ao pé da Cruz e, portanto, mais firmes na fé” (Audiência, 21
de maio de 1997). Só Maria tinha conservado plenamente a fé, durante as horas
amargas da Paixão; por isso é natural que o Senhor Lhe aparecesse em primeiro
lugar.
Temos que permanecer sempre junto da
Virgem, mas mais ainda no tempo de Páscoa, e aprender d’Ela. Com que ânsias
tinha esperado a Ressurreição! Sabia que Jesus tinha vindo salvar o mundo e
que, portanto, devia padecer e morrer; mas sabia também que não podia ficar
sujeito à morte, porque Ele é a Vida.
Uma boa forma de viver a Páscoa consiste em
esforçarmo-nos por fazer os outros participantes da vida de Cristo, cumprindo
com primor o mandamento novo da caridade, que o Senhor nos deu na véspera da
Sua Paixão: nisto conhecerão que sois meus
discípulos, se vos amardes uns aos outros. Cristo ressuscitado repete-no-lo agora a cada
um. Diz-nos: amai-vos de verdade uns aos outros, esforçai-vos todos os dias por
servir os outros, estai pendentes dos mais pequenos pormenores, para fazer a
vida agradável aos que convivem convosco.
Mas voltemos ao encontro de Jesus com a Sua
Santíssima Mãe. Que contente estaria a Virgem, ao contemplar aquela Humanidade
Santíssima — carne da Sua carne e vida da Sua vida — plenamente glorificada!
Peçamos-Lhe que nos ensine a sacrificarmo-nos pelos outros sem o fazermos
notar, sem esperar sequer que nos agradeçam; que tenhamos fome de passar
inadvertidos, para assim possuir a vida de Deus e comunicá-la a outros. Hoje
dirigimos-Lhe o Regina Caeli, saudação própria do tempo pascal. Rainha do céu alegrai-vos, aleluia. / Porque Aquele que
mereceste trazer em vosso ventre, aleluia. / Ressuscitou como disse, aleluia. /
Rogai por nós a Deus, aleluia. / Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria,
aleluia. / Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia.
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