(Missa Vespertina da Ceia do
Senhor)
(Ano C – 28 de março de 2013)
Por Dom Javier Echevarría
Bispo Prelado do Opus Dei
I Leitura: Ex 12,1-8.11-14
Salmo Responsorial: Sl 115(116B),12-13.15-16bc.17-18
(R/.cf. 1Cor 10,16)
II Leitura: 1Cor 11,23-26
Evangelho: Jo 13,1-15
Queridos irmãos,
A liturgia de Quinta-feira Santa é
riquíssima de conteúdo. É o dia grande da instituição da Sagrada Eucaristia,
dom do Céu para os homens; o dia da instituição do sacerdócio, nova prenda
divina que assegura a presença real e atual do Sacrifício do Calvário em todos
os tempos e lugares, tornando possível que nos apropriemos dos seus frutos.
Aproximava-se o momento em que
Jesus ia oferecer a Sua vida pelos homens. Era tão grande o Seu amor, que na
Sua Sabedoria infinita encontrou modo de ir e de ficar, ao mesmo tempo. São
Josemaria Escrivá, ao considerar o comportamento dos que se vêm obrigados a
deixar a família e a casa, para ganhar o sustento noutras paragens, comenta
que o amor do homem recorre a um símbolo: os que se despedem trocam uma
recordação, talvez uma fotografia... Jesus Cristo, perfeito Deus e
perfeito Homem, não deixa um símbolo, mas a realidade: fica Ele
próprio. Irá para o Pai, mas
permanecerá com os homens. Sob as espécies do pão e do
vinho está Ele, realmente presente: com o seu Corpo, o seu Sangue, a sua Alma e
a Sua Divindade.
Como corresponderemos a esse amor
imenso? Assistindo com fé e devoção à Santa Missa, memorial vivo e atual do
Sacrifício do Calvário. Preparando-nos muito bem para comungar, com a alma bem
limpa. Visitando com frequência Jesus oculto no Sacrário.
Na primeira leitura da Missa,
recordamo-nos o que Deus estabeleceu no Velho Testamento, para que o povo
israelita não esquecesse os benefícios recebidos. Descendo a muitos detalhes:
desde como devia ser o cordeiro pascal, até aos pormenores que tinham que
cuidar para recordar o trânsito do Senhor. Se isso se prescrevia para comemorar
uns fatos, que eram apenas uma imagem da libertação do pecado operada por Jesus
Cristo, como deveríamos comportar-nos agora, quando fomos verdadeiramente
resgatados da escravidão do pecado e feitos filhos de Deus!
É esta a razão pela qual a Igreja
nos inculca um grande esmero em tudo o que se refere à Eucaristia. Assistimos
ao Santo Sacrifício todos os Domingos e festas de guarda, sabendo que estamos a
participar numa ação divina?
São João relata que Jesus lavou os
pés aos discípulos, antes da Última Ceia. Temos que estar limpos, na alma e no
corpo, para nos aproximamos a recebê-Lo com dignidade. Para isso deixou-nos o
sacramento da Penitência.
Comemoramos também a instituição do sacerdócio. É
um bom momento para rezar pelo Papa, pelos Bispos, pelos sacerdotes e para
pedir que haja muitas vocações no mundo inteiro. Pedi-lo-emos melhor na medida
em que tenhamos mais convívio com esse nosso Jesus, que instituiu a Eucaristia
e o Sacerdócio. Vamos dizer com total sinceridade, o que repetia São Josemaria
Escrivá: Senhor, põe no meu coração o amor com que queres que Te ame.
Na cena de hoje não aparece fisicamente a Virgem
Maria, embora se encontrasse em Jerusalém naqueles dias; encontramo-la de manhã
ao pé da Cruz. Mas já hoje, com a Sua presença discreta e silenciosa, acompanha
muito de perto o Seu Filho, em profunda união de oração, de sacrifício e de
entrega. João Paulo II assinala que, depois da Ascensão do Senhor ao Céu,
participaria assiduamente nas celebrações eucarísticas dos primeiros cristãos.
E acrescenta o Papa: aquele corpo entregue como sacrifício e presente
nos sinais sacramentais, era o mesmo corpo concebido no Seu seio! Receber a
Eucaristia devia significar, para Maria, como se acolhesse de novo no Seu seio
o coração que tinha batido em uníssono com o Seu (Ecclesia de Eucharistia, 56).
Também agora a Virgem Maria acompanha Cristo em
todos os sacrários da terra. Pedimos-Lhe que nos ensine a ser almas de
Eucaristia, homens e mulheres de fé segura e de piedade rija, que se esforçam
por não deixar Jesus sozinho. Que saibamos adorá-Lo, pedir-Lhe perdão,
agradecer os Seus benefícios, fazer-Lhe companhia.
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