sábado, 20 de junho de 2015

NOTA DE SUA EXCIA. REVMA DOM DULCÊNIO FONTES DE MATOS SOBRE A IDEOLOGIA DE GÊNERO


POR UM FUTURO SENSATO


Prezados leitores e leitoras,

            Ultimamente, nos deparamos com certa inquietação por conta de pessoas que insistem na ideia sobre a ‘Identidade de Gênero’ ou a igualmente chamada ‘Ideologia de Gênero’. Esta teoria insiste na “distorção completa do conceito de homem e mulher, ao propor que o sexo biológico seja um dado do qual deveríamos libertar-nos cabendo a cada indivíduo decidir o tipo de gênero a que pertenceria nas diversas situações e fases da sua vida”. (Nota Circular dos Bispos do Regional Nordeste 3 sobre a questão da Ideologia de Gênero).
            No meu modo de pensar, forçar a implementação da ‘ideologia de gênero’ chega até mesmo ser um constrangimento à família e à toda sociedade, isso sem me deter ao contristar com o querido por Deus quando da obra da criação. Constranger é incomodar, forçar; é, ainda, coagir e compelir. Entendam, baseio-me na nota dos Bispos do Regional Nordeste 3, que elucida: “No mês de junho todos os 5.570 municípios brasileiros deverão aprovar seus Planos Municipais de Educação (PME) de acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, instituído pela Lei 13.005/2014. Para relembrar, trazendo à lume os fatos, o PNE foi fruto de um intenso debate democrático com participação dos cidadãos brasileiros e de muitas pessoas com interesse pela família. Nele, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal rejeitaram a menção à ‘igualdade de gênero’ pela relação direta que a expressão tem com a chamada ‘ideologia de gênero’”. Se foi rejeitado na Câmara Federal e no Senado, por que, disfarçada e sutilmente, reaparece agora, colocado no processo para aprovação dos Planos Municipais de Educação que orientarão as secretarias de Educação e as diretorias das escolas municipais nos próximos dez anos? Creio que tudo isto está sendo veladamente apresentado – como que na surdina – porque pouco acompanhamos as discussões e atividades dos legislativos municipais, já que as votações naquelas casas - que seriam populares - são pouco acompanhadas pelos cidadãos, tendo em vista também o pouco, ou até mesmo o total desinteresse das grandes mídias de comunicação, grande formadoras da opinião pública. Caso os Planos Municipais de Educação contenham os ditames da ‘ideologia de gênero’, comprometeremos a formação de toda uma geração, levando em conta o seu período de vigência: a duração de uma década. Se a aprovação acontecer, os efeitos e consequências serão infindamente trágicos às consciências e aos valores dos indivíduos, da família e da sociedade como um todo, independentemente do credo que professam.
            Tal como afirmam os bispos, isso é um desrespeito. E digo mais: como tudo está sendo conjecturado, negociado e feito pelos pregoeiros da perversão dos costumes, isto é uma violência, pois os que estão por trás dessa implantação da ‘ideologia de gênero’ não se conformam com as reiteradas derrotas na Câmara e no Senado, no intuito pertinaz de ver concretizado em nossa sociedade um dos maiores equívocos da civilização humana com a aprovação do Estado. Nosso Senhor “elogia”, no Evangelho de São Lucas (cf. 16,1-10), essa habilidade dos estultos e servidores do erro, dizendo que é uma lição para os que propugnam pelo bem e pela verdade. Se eles são ferrenhamente defensores do erro e da confusão, com igual ou superior persistência, defendamos a luz da verdade, pois, como avalia o frade dominicano, Professor Estevão Vallaro, “se os cristãos, em geral, empregassem, em defesa do bem, metade do esforço dos que lutam pelo erro e pelo mal, com atrativos e maneiras que agradam, creio que o mundo seria mais feliz”. Para difusão dessas ideias, os seus defensores têm como meta a “desconstrução” da sociedade, começando por minar a família e, com este intento, a educação dos filhos. (Nota Circular dos Bispos do Regional Nordeste 3 sobre a questão da Ideologia de Gênero).
            Os bispos da Bahia e Sergipe enumeraram cinco partes inconvenientes para educação consoante à ‘ideologia de gênero’. Corroborando, como Pastor, as elenco aqui, apresentando-as com maiores detalhamentos: 1) A confusão causada nos crianças no processo de formação de sua identidade, fazendo-as perder referências acerca de uma salutar, biológica, necessária e consuetudinária noção de paternidade e maternidade; 2) A sexualidade precoce, na medida em que a ideologia de gênero promove a necessidade de uma diversidade de experiências sexuais para formação do próprio “gênero”. Pois, para tratar disto em sala de aula, por exemplo, as nossas crianças terão de, o quanto antes, ingressar nas fases de um antecipado autoconhecimento fisio-psicológico, pulando, destarte, etapas da puerilidade, desrespeitando a sua devida maturidade; 3) Num contexto em que há um combate por parte da sociedade como um todo, a 'ideologia de gênero' seria uma abertura perigosa para a legitimação da pedofilia, que poderá também ser considerada um tipo de gênero; 4) A banalização da sexualidade humana, aumentando a violência sexual, sobretudo contra as mulheres e homossexuais. Este fato, associado ao uso insensato da internet, poderá ser, maiormente, agravado; 5) A usurpação da autoridade dos pais, em matéria de educação de seus filhos, principalmente no tocante à moral e à sexualidade, já que todas as crianças serão submetidas às influências dessa ideologia, muitas vezes sem o devido conhecimento e consentimento dos pais, infringindo os valores cultivados pela sã educação familiar, fruto também de suas convicções religiosas.
            Meus amigos e irmãos, esforcemo-nos para levar adiante a mensagem que dignifique a família e salve a sociedade de uma terrível crise, de identidade inclusive. Que nossa bondade, nossa palavra, nosso empenho no apostolado de Cristo-Verdade e no zelo pelo futuro invadam o mundo. É uma cruzada santa, para a qual Cristo pede o nosso coração, as nossas forças, a nossa capacidade e bom senso. Imediatamente, procurem os vereadores, prefeitos e educadores, cidadãos e eleitores, homens e mulheres de boa vontade, para que conversem, e, pelo diálogo franco, seja mostrada a posição contrária da maioria das famílias sobre a ‘ideologia de gênero’. Se nos entregarmos a esta árdua tarefa, não teremos trabalhado em vão. Em simultâneo, o bom Deus ficará feliz com todos nós.


Dom Dulcênio Fontes de Matos
Bispo Diocesano de Palmeira dos Índios

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