domingo, 7 de junho de 2015

X DOMINGO DO TEMPO COMUM

(Ano B – 07 de junho de 2015)

Por Ian Farias de Carvalho


I Leitura: Gn 3,9-15
Salmo Responsorial: Sl 129(130),1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R/. 7)
II Leitura: 2Cor 4,3-18-51
Evangelho: Mc 3,20-35 (Jesus em casa ensinando)

Caros irmãos,

No X Domingo do Tempo Comum, a Liturgia chama-nos a uma profunda meditação sobre o sentido de unidade e obediência, aceitado, resignadamente, às provações e mantendo a confiança inabalável no Senhor.
Gostaria, particularmente, de deter-me em primeira instância no Evangelho, onde o Senhor apresentará a simbologia da divisão como proveniente do reino das trevas, da força de Satanás. Já isto é evidenciado no próprio nome diabolus significa divisor e dele Jesus evidencia o principal caráter na narrativa hodierna.
“Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. Se uma família se divide contra si mesma, ela nos poderá manter-se. Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído” (Mc 3, 23-26).
Aqui não seria cabível indagar-nos sobre as questões atuais que laceram o corpo místico de Cristo também em nosso tempo? Quantas vezes temos instrumentalizado a Igreja e o irmão causando, assim, um conflito de ideias, opiniões e valores? Quantas vezes os que deveriam zelar pela Igreja a tornam alvo de apelos à desobediência ou mesmo parecem ensurdecidos diante dos apelos da mesma Igreja? Não exercem estes um papel de divisores, de diabolus no seio eclesial quando deturpam o rosto da Igreja?
Quem está dividido não está todo, e nisto parece-me que é a falha de tantos grupos que se denominam de fé autônoma, mas findam de imediato porque geram divisões. Estar por inteiro é estar em todas as partes, sem que nenhuma delas se perca ou se desvie, é estar todo e, mais que isto, é estar no Todo.
Por isso, somos chamados a não nos desesperarmos nas tribulações, mas mantermos a mesma confiança que dissera o salmista nesta liturgia dominical (Sl 129). Esperar no Senhor é, de fato, a virtude máxima daqueles que sofrem tribulações das mais diversas. O mal não cessa de investir contra a nossa fé, de nos estimular a consciência para o pecado e de extinguir a presença de Deus da vida humana. Desde a Primeira Leitura podemos constatá-lo na narrativa da criação, quando Adão e Eva já se encontravam gozando das maravilhas do paraíso, mas se deixam sucumbir pela voz da serpente.
Quando a serpente faz um estímulo à desobediência, a fraqueza humana e a sede de ser igual a Deus falam mais alto que a obediência e o amor aos ensinamentos divinos. Mesmo que Deus lhes tivesse proibido de comer da árvore, o fato dela aguçar os sentidos levou Adão e Eva a não resistirem ao convite tentador daquele que é o principiador da mentira. E vemo-lo ainda de forma vivaz os quantos não resistem ao grito do mal que brada pela desconstituição da dignidade humana e cedem às diversas formas de corrupção de si mesmos.

Peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Maria, a graça de conhecermos melhor os nossos limites e fraquezas, para que possamos amar e exercitar em nós o consentimento com a vontade divina.

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