sábado, 28 de novembro de 2015

I Domingo do Advento- Vigilância, Conversão e Contrição: Vinde, Senhor Jesus!

Caros irmãos,
     

       
        Em comunhão com a Santa Igreja Romana iniciamos novo Ano Litúrgico com o Domingo, no I do Advento. Todo o marco do Mistério e da vida cristã é uma circunferência que gravita num único centro: Jesus Cristo. O Rei que o Apocalipse de São João no-lo disse que é a " Testemunha fiel" , mas não apenas, é o Alpha e o Ômega. Ao pôr do sol deste Sábado, que já é o Dia do Senhor, vamos com toda a Igreja, "esperar" o que já chegou e que sempre vem chegando em cada circunstância que atravessamos. A vivência do Advento em seu ângulo escatológico atingirá o seu clímax, bem lá, à Manjedoura, para nos recordar que o Eterno chegou ao Kronos para trazer o Kairós e que aí, nesta percepção de que a conversão é contínua, O aguardamos, como Justo Juiz, Pastor-Rei, Esposo, Prêmio de quem O colocou, Deus, Senhor e Companheiro.


          O vocábulo Advento designa em si mesmo o que continuamente celebramos na Sagrada Liturgia :Alegre espera. A mística que proporciona  a Igreja neste início de Ano Litúrgico e, concomitantemente, novo tempo litúrgico, sinaliza o termo de sua consumação final quando vier O Dia do Senhor. A propósito desta verdade de fé que professamos no Credo, assinala, a primeira antífona das I Vésperas: Anunciai entre todos os povos: Eis que vem nosso Deus: Eis que vem nosso Deus, Salvador. A Liturgia que é um penhor do louvor celestial, nos põe, no Advento, no tom da serena e operante "vigilância". Espera-se a chegada de Deus que vem e traz a salvação, mas, é bem verdade, que o " vigiar" , muitas vezes, não é acompanhado do autêntico espírito de conversão e contrição. Neste sentido, pois, a pregação de João Batista é uma antecipação do convite radical e inédito de Jesus, porque chegou o Reino dos Céus. 
        
      Os textos que hoje são proclamados pela Igreja podem ser contemplados à lume do tripé que referimos: vigilância, conversão e contrição. O profeta Jeremias nos situa no fato histórico do cativeiro de Babilônia. A infidelidade de Israel, à Aliança, repudiando o Deus verdadeiro, conduziu a um próprio abandono. A sorte do Povo de Deus era justamente a "esperança" do que poderia vir. Exilado, o quê, a descendência ,que oferecia as primícias e os sacrifícios outros, entregaria a Deus? E eis, é aí, numa situação de crua desolação que a promessa pela boca do profeta trará ânimo e vigor para Israel: Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi a semente da justiça, que fará valer a lei e a justiça na terra (cf. Jr XXXIII, 15). Ora, caríssimos irmãos, o que Jeremias profetiza não é um acontecimento pormenorizado e obsoleto no Velho Testamento, mas é, um evento presente que viveremos e celebraremos. Este germe que vêm de Davi é o Messias. É Deus que " visitou" o exílio do pecado e a iniquidade para trazer a justiça que é salvação. 

        O paralelo do cativeiro de Babilônia com o Tempo do Advento, faz-nos trazer à mente o que dizia o apóstolo São Paulo :outrora éreis sem Messias. Deus chegou, continua chegando e nos convida à metanoia, para que o seu glorioso retorno que é comparado nos Evangelhos como o Ladrão que não esperamos, como o luzeiro de um relâmpago que alumiará toda a nossa consciência, não seja " surpreendido" de maneira trágica, mas sim, pelo que semeamos pelas sendas da caridade e da verdade, seja possível àquela espera das virgens com suas lâmpadas pelo Noivo, de maneira tal, que seja a nossa alegria o que ouvimos no Evangelho: ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem      ( cf. Lc XXI, 36). É neste intento que aprofundamos a passagem do Evangelho de Lucas que nos abre o Ano Litúrgico e sê-lo-á narrado em seu decurso. 
       
      O tom apocalíptico da teologia lucana deve ser entendida em dois contextos para termos a precisa resposta de qual o porquê iniciarmos o Advento com essa linguagem. A princípio é preciso guardar que no Antigo Testamento este tipo de gênero já é desenvolvido no Livro de Daniel que podemos ouvir a Igreja proclamar como primeira leitura à Solenidade de Cristo Rei. Daniel é o primeiro a utilizar a expressão Filho do Homem. Segundo o dicionário bíblico esse termo designa o Rei que há de vir. Faz o profeta com referência ao sonho à cova dos leões, e, que Aquele ( filho do homem) ultrapassa as realidades imanentes, é o que é o mediador entre os homens e o Ancião, figura que evoca Deus, a Sabedoria. A situação que insere Lucas ao seu escrito, seguindo os sinóticos outros, é a destruição completa do Templo de Jerusalém pelo Império Romano no ano 70 d. C. Este fato que é um marco para os primeiros cristãos era um sinal e uma catequese de que agora se aproxima com mais brevidade o Dia do Senhor. Aquele que nasceu da Virgem Maria, que anunciou o Reino de Deus, agora, voltará e julgará os vivos e os mortos. Com a destruição completa do Templo, história, a Igreja, apoiada nas Sagradas Escrituras e na Sagrada Tradição, usou para apregoar a promessa do próprio Jesus que voltará. Desta maneira, portanto, não podemos lê tais linhas do Evangelho aquém da única certeza: Ele virá. Naquele Dia assim como outrora o Templo fora destruído, que, para Israel, era o centro do culto, só permanecerá, agora o filho do homem e, defronte a Ele, é que toda a Humanidade será julgada, responderá e receberá se edificou sua casa sobre a rocha. 

       Iniciarmos com a Igreja  o tempo em preparação para a Solenidade do Santo Natal, é recobrar o temor que a Liturgia expressa numa das estrofes do Hino de Vésperas : Um dia voltareis, Juiz e Rei de tudo. Oh dai-nos hoje a graça, na tentação escudo. É com os intentos de que um dia "compareceremos às claras no tribunal de Cristo" que vigiamos com as nossas obras para que o homem velho seja sepultado é assim, por conseguinte, sigamos a exortação do apóstolo São Paulo, ouvida na epístola dessa Missa que abre o Advento: (...) meus irmãos, eis o que vos pedimos (...) no Senhor Jesus: Aprendestes de nós como deveis viver para agradar a Deus (...) Fazei progressos ainda maiores! Conheceis, de fato, as instruções que temos dado em nome do Senhor Jesus (cf. I Ts III, 12). 
   Que o Tempo do Advento, caros em Cristo, não passe com o natal  fugaz, mas seja, a certeira petição que a Igreja faz à eucologia inicial da Sagrada Liturgia: o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que os mesmos olhos que o verão no presépio possam contemplá-lo na " visão da sua glória"!

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